Os enfermeiros da empresa Manaós, lotados no Hospital e Pronto-Socorro Francisca Mendes, localizado na Zona Norte da capital, estão há cinco meses sem o recebimento dos salários e precisaram recorrer à uma “vaquinha virtual” para conseguirem driblar algumas despesas, como alimentação. O mesmo acontece com os profissionais que prestam serviço ao Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (Icam).
Mesmo sem o pagamento, eles continuam prestando serviços para a Secretaria de estado de Saúde (SES-AM),
De acordo com um dos profissionais de saúde, que não quis se identificar, os atrasos foram denunciados ao Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM), em novembro do ano passado.
No entanto, à época, o Conselho relatou que a empresa já tinha sido alvo de investigação do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por não pagar os funcionários.
Ainda segundo o profissional, após a denúncia ao Coren-AM, alguns colegas foram afastados.
Sem dinheiro, os profissionais de saúde estão com dificuldade para ir ao trabalho e até alimentar a família.
“É assim que vai acontecendo… Se você não tem dinheiro para ir trabalhar, eles não se importam, então você perde o emprego”, disse.
Além das dificuldades financeiras, o grupo também sofre pressão para cumprir a escala mesmo não sabendo quando irão receber.
“Quando relatamos para o responsável, às vezes, que não podemos comparecer ao plantão, a mensagem informada que é só entregar a escala [pedir a conta]. Hoje mesmo colegas do Icam me relataram que não poderiam comparecer ao plantão por não terem dinheiro para se deslocar até a unidade e a coordenadora informou exatamente isso.
Enfermeiros criam vaquinha
Após meses sem receber e com as contras atrasadas, um grupo de enfermeiros resolveu criar uma campanha na internet para conseguir dinheiro.
“Alguns colegas chegaram a relatar no grupo do hospital sobre esses atrasos, aí outros colegas deram a ideia de fazermos uma vaquinha. Mas até conseguir o valor que supra a necessidade do grupo, algumas pessoas estão emprestando [dinheiro] de parente, de amigo, alguns colegas me relataram empréstimos com agiota”, disse o enfermeiro ao relatar a atitude desesperada dos trabalhadores.
Ainda conforme o relato do enfermeiro, os profissionais já nem sabem a quem recorrer para que o problema seja, enfim, solucionado.
“A gerente do hospital, aparentemente, não se importa, porque quando faltamos por falta de dinheiro, ela fala que é para demitir o funcionário. Então, nem quem poderia nos defender, defende”, criticou.
Greve iminente
Perguntado sobre possibilidade de paralisação dos trabalhadores, o enfermeiro disse que a categoria está respaldada com a denúncia feita ao Conselho e caso os salários não sejam pagos, não haveria outra saída que não seja uma greve.
O Portal AM1 questionou a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas sobre as denúncias de atrasos nos salários dos funcionários da empresa terceirizada, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. A Manaós também não se pronunciou.
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