Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

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Wilson Lima muda procurador-geral, e quer ‘viabilizar’ exploração da Amazônia

O procurador-geral do Estado, Alberto Bezerra de Melo, emitiu nota comunicando sua exoneração aos servidores na manhã desta terça-feira, 27, em decisão tomada pelo governador Wilson Lima (PSC). O nome mais cotado para substituí-lo é o do procurador Jorge Pinho, que atuou no comando da Procuradoria Geral do Estado (PGE) em dois governos de Amazonino Mendes (PDT) e ficou um ano no primeiro mandato de governador do senador Eduardo Braga (MDB).

Alberto Bezerra e Jorge Pinho: mudança na PGE ajudará o governo na flexibilização de negócios envolvendo a Amazônia (Reprodução)

Pinho é genro do presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Roberto Tadros. A família é ligada ao grupo Calderaro de Comunicação, onde Wilson Lima trabalhou por mais de dez anos. Alberto Bezerra foi uma indicação do vice-governador Carlos Almeida (PRTB) e, segundo assessores da Casa Civil, não vinha seguindo as diretrizes do governador.

Se Jorge Pinho for confirmado procurador-geral do Estado, sua principal missão é auxiliar o governador a “flexibilizar” negócios envolvendo a exploração da floresta, conforme apurou a reportagem.

Ontem, segunda-feira, 26, o site The Intercept Brasil noticiou que agentes públicos contrataram lobistas de Washington para “continuar vendendo terras e destruindo a floresta.”

De acordo com o site, em junho, Wilson Lima, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (PSL), começou a trabalhar com o InterAmerica Group, uma empresa de lobby com sede em Washington DC, fundada por Jerry Pierce Jr. Kellen Felix, brasileira vice-presidente do InterAmerica Group.

Na mesma matéria, o The Intercept divulga um documento no qual o InterAmerica Group também está listada em registro de divulgação para trabalhar com o estado do Amazonas.  

O site do jornalista Glenn Greeenwald relembra que o Amazonas é onde está situado aproximadamente um terço da Amazônia, incluindo o epicentro da atual crise de incêndios florestais.

Wilson Lima e os membros do governo do Estado ainda não se pronunciaram sobre as mudanças na Procuradoria Geral do Estado e sobre a matéria noticiada pelo site The Intercept.

‘Mídia aumenta’

Seguindo o discurso do presidente Jair Bolsonaro, o governador Wilson Lima declarou nesta segunda-feira, em entrevista à GloboNews, que a imprensa “exagera” na publicação de notícias envolvendo queimadas na Amazônia.

Em nove dias, o Amazonas registrou 5.305 focos de incêndios nas florestas. “Há um exagero ao que se propaga de pessoas influentes, artistas e outras personalidades. Tem gente falando o que nem conhece (…) com posições contraditórias àquilo que é a realidade na Amazônia”, disse.

No último domingo, 25, Wilson Lima pediu e teve autorizado o auxílio das Forças Armadas para conter o fogo nas florestas da região sul do Amazonas, região onde mais ocorre a devastação por conta de projetos de agronegócios.

No dia seguinte, a organização não governamental Greenpeace Brasil divulgou imagens (fotos e vídeos) nas quais mostram que o fogo está atingindo uma reserva indígena, a Tenharim-Marmelos.

A região fica situada entre os municípios de Humaitá (a 696 quilômetros de Manaus) e Manicoré (a 350 quilômetros da capital),  e tem cerca de 500 mil hectares de terras, onde vivem mais de 3 mil indígenas.

O governo não confirmou o incêndio na reserva, mas informou que monitora a área.