
(Foto: Divulgação/redes sociais)
Manaus (AM) – Dois homens foram presos nesta terça-feira (7), um deles identificado como Sirrico Aprueteri Yanomami, de 19 anos, por suspeita de envolvimento no assassinato e estupro coletivo de Rosimar Santos de Oliveira, indígena da etnia Baré, de 48 anos, em Barcelos (a 399 quilômetros de distância de Manaus).
As prisões aconteceram a cerca de 80 km da comunidade indígena Ribeirinhos do Cumarú, no rio Negro, na região rural de Barcelos.
Segundo a investigação, Rosimar, integrante da Associação Indígena de Barcelos (Abisa), foi abordada no dia 3 de janeiro e encontrada morta em um terreno da cidade. O corpo da indígena apresentava sinais de estupro e violência, conforme relataram os familiares.
A suspeita de envolvimento dos Yanomamis surgiu após a divulgação de vídeos que teriam sido feitos pelos próprios indígenas, nos quais comentavam os abusos.
Nas imagens, que circularam nas redes sociais, aparecem três homens em volta da vítima, enquanto a gravação é realizada por uma quarta pessoa.
Segundo a Polícia Civil, responsável pelo inquérito, a investigação, que segue em andamento, conta com apoio da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e Força Nacional.
“Esse crime grave abalou profundamente a comunidade de Barcelos, tendo em vista que as imagens do ato criminoso também foram compartilhadas em redes sociais e grupos de WhatsApp. Aproveitamos essa oportunidade para reforçar o pedido à população: não compartilhem esse tipo de conteúdo”, disse o delegado Guilherme Torres, durante coletiva de imprensa.
Além de Sirrico, Sandoval Aprueteri Yanomami também foi detido por auxiliar na fuga dos criminosos. Outros dois envolvidos, Klesio Aprueteri Yanomami e um adolescente, são considerados foragidos.
Segundo a polícia, Sirrico possui histórico de prática de estupro em outro estado. Três dos homens responderão por estupro coletivo e feminicídio e um por favorecimento pessoal. As investigações continuam e os acusados aguardam audiência de custódia.
Força Nacional
Com o aumento da tensão entre as etnias Yanomami e Baré, o governo federal enviou a Força Nacional ao município, a fim de preservar a ordem pública e pacificar a situação.
Conforme o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o efetivo foi enviado para garantir a segurança na região, onde estão sendo registrados protestos e manifestações por justiça, principalmente, entre movimentos indígenas locais.
No último domingo (5), manifestantes organizaram um protesto pedindo respostas rápidas das autoridades e a prisão dos responsáveis pelo crime.
A Associação Indígena de Barcelos (Asiba) emitiu uma nota de solidariedade à vítima e destacou que o episódio é um alerta para a violência contra mulheres indígenas.
“As vidas das mulheres indígenas importam, e não toleraremos silenciamento nem injustiça”, disse a organização.
Já a Federação das Organizações Indígenas de Rio Negro (Foirn) também cobrou das autoridades uma investigação rápida e rigorosa, além de uma punição exemplar aos responsáveis.
“Esse crime bárbaro não será esquecido”, afirmou a Foirn em comunicado.
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