Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Política

YouTube já deletou 33 vídeos de Bolsonaro por fake news sobre covid-19

Rede social já puniu o presidente por defesa de hidroxicloroquina no tratamento da doença e disseminação de informações falsas sobre vacinas

YouTube já deletou 33 vídeos de Bolsonaro por fake news sobre covid-19

Foto: reprodução

Com mais uma publicação retirada do YouTube, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) soma 33 vídeos removidos da plataforma devido à disseminação de informações falsas sobre a pandemia da Covid-19. Ao todo, o mandatário da República já teve 34 gravações vetadas — apenas uma delas não foi por propagação de teor inverídico.

Todas as exclusões são deste ano, não havendo punições ao chefe do Executivo federal registradas em outros períodos.

Na última segunda-feira (25), a live rotineira do presidente – no caso, da quinta-feira anterior (21) – foi deletada da internet. Na publicação, o titular do Palácio do Planalto espalhou desinformação ao relacionar as vacinas contra a Covid-19 ao desenvolvimento da Aids. Além do YouTube, o Instagram e o Facebook retiraram o conteúdo do ar.

O vídeo também foi removido do canal de Carlos Bolsonaro, filho do presidente. A gravação havia sido republicada pelo vereador, mas acabou deletada na sexta-feira (29). Segundo o YouTube, a punição ocorreu por causa de violação das diretrizes da empresa, que proíbe conteúdos de criadores que estejam sob alguma restrição.

O YouTube removeu do seu domínio outra vez o vídeo em que o presidente aparece relacionando a vacina contra a covid-19 à Aids. Desta vez, a gravação estava no canal do filho Carlos Bolsonaro. Na segunda-feira (25), a plataforma suspendeu o perfil do mandatário do país no site, por uma semana, devido às fake news disseminadas sobre o imunizante contra o coronavírus.

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No vídeo, Bolsonaro afirmou que “relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, aqueles com 15 dias após a segunda dose, estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids) muito mais rapidamente do que o previsto” – declaração falsa e rejeitada, nos dias subsequentes, por uma série de entidades médicas e científicas.

Outro vídeo deletado da conta do chefe do Executivo federal continha uma conversa, veiculada em live de 12 de abril de 2020, entre o ex-assessor da Presidência da República Arthur Weintraub e o filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A gravação faz parte de uma série de conteúdos que apontaram a participação de Weintraub no chamado gabinete paralelo, grupo que orientava o mandatário do país na defesa do chamado “tratamento precoce”.

Somente após quase um mês da revelação do portal a plataforma excluiu o vídeo. Até isso acontecer, ao menos 3,3 milhões de pessoas já tinham assistido ao conteúdo.

Durante a conversa, Weintraub afirmou ter “estudado” o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19: “Seu pai virou pra mim e disse: ‘Ô, magrelo, você que é porra louca, vai lá e estuda isso daí. Aí comecei a ler artigo científico, artigo que o pessoal começa a soltar. Esses caras me mandando, o Luciano Dias Azevedo, Paulo Zanotto, e falei pra ele [Bolsonaro]: cloroquina tá funcionando, já tem resultado. Passei pra ele os estudos, ele lê. Eu passo no zap e depois tá impresso na mesa dele”.

O levantamento de conteúdos deletados foi realizado pelo cientista de dados da empresa de análise Novelo, Guilherme Felitti, que vem mapeando as exclusões feitas em canais de extrema direita no país e contabilizando os casos em um banco de informações. Segundo o especialista, a publicação do material na plataforma, mesmo com risco de retirada do ar, tem uma função: a de alimentar aliados do presidente.

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“É como um repositório, onde o que está ali se torna facilmente um conteúdo viral, que pode ser disseminado em outras redes sociais”, explica.

Para Felitti, chama a atenção a demora da tomada de decisões do YouTube. Em julho deste ano, a plataforma apagou de uma só vez 15 vídeos postados pelo presidente — 10 deles tinham sido publicados no ano passado, incluindo a entrevista com Yamaguchi.

“O YouTube tem regras boas, mas eles próprios não as executam como deveriam. E quando ocorrem as exclusões, ocorrem após pressão, em efeito cascata. A plataforma facilita [a disseminação de notícias falsas] quando não cumpre com as próprias regras”, assinala.

Em nota, o YouTube afirmou que utiliza tecnologia de machine learning para ajudar a detectar conteúdo potencialmente violador e enviá-lo para análise humana. Pontuou que se esforça “o máximo para garantir que o conteúdo que viole nossas regras não seja amplamente exibido, ou mesmo visualizado, antes de ser removido”. Ainda segundo a plataforma, 10 mil pessoas são responsáveis pela revisão e remoção de material que viola as diretrizes.

A Presidência da República foi procurada, mas não respondeu às tentativas de contato da reportagem. O espaço permanece aberto.

(*) Com informações do Metrópoles

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