Manaus, 29 de março de 2024
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Manaus, 29 de março de 2024

Cenário

Zé Ricardo abre o jogo, fala de Omar, Sinésio e defende Lula: ‘ele não precisa de certos candidatos’

Deputado fala com exclusividade ao Portal AM1: 'eu defendo povo'

Zé Ricardo abre o jogo, fala de Omar, Sinésio e defende Lula: ‘ele não precisa de certos candidatos’

Foto: Portal AM1

Após as especulações e divulgação de que o senador Omar Aziz (PSD) é o nome que receberá o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) para a reeleição, o deputado federal José Ricardo  Wendling (PT) manifestou, na semana passada, sua insatisfação com a possibilidade, defendendo que o partido tenha nomes próprios para os cargos majoritários no Amazonas e lembrou o envolvimento de Aziz em escândalos de corrupção na saúde, afirmando não se sentir confortável em apoiar o senador.

Em entrevista exclusiva ao Portal AM1, Zé Ricardo, como é chamado pelos apoiadores, reafirmou sua posição contrária ao apoio e frisou que, para ele, o ex-presidente Lula não precisa de certos candidatos ao seu lado, mas que esses candidatos é que querem colar na imagem de Lula para vencer as eleições.

AM1: Queria que o senhor falasse sobre a polêmica envolvendo o apoio do PT ao Omar Aziz e vice-versa nas eleições deste ano:

Deputado: Eu defendo que o PT tenha candidato a governador e tenha candidato ao Senado, essa é a minha defesa e do coletivo que eu faço parte. Dentro do PT têm vários grupos, são vários coletivos, cada coletivo tem um posicionamento, tem uma liderança daquele coletivo. O deputado Sinésio tem uma posição, o presidente do PT municipal, que é também o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos tem a sua posição, o João Pedro, que foi senador, já foi presidente do partido tem uma posição, por sinal, nesse momento nós estamos juntos. Ele é um nome que foi indicado pelo grupo deles para ser o candidato ao Governo e eu estou apoiando essa iniciativa. E para o Senado eu defendo que o PT tenha um candidato, tanto que no nosso coletivo nós indicamos o nome do professor Denis (Silva), professor, doutor do Instituto Federal da zona Leste (Ifam). E o quê que acontece, é que a nível nacional não tem uma definição ainda sobre as candidaturas majoritárias, a única definição que tem é que há uma prioridade em relação a eleição do Lula e ao mesmo tempo de aumento da bancada federal, lógico que aí têm deputados federais e Senado, principalmente deputado federal, que é uma prioridade. Inclusive, eu participei de uma reunião onde foi feito esse apelo para que todos os deputados federais pudessem ir para a reeleição e tentar ampliar a bancada federal, porque onde mais se precisa de apoio no Congresso Nacional é na Câmara, então se o Lula ganhar a eleição, ele precisa de uma maior base de apoio na Câmara dos Deputados para poder tentar levar adiante projetos de inclusão social, desenvolvimento e outros.

AM1: Então existe alguma definição de apoio aqui no AM para as candidaturas ao Senado e ao Governo?

“Senado e governo, em cada estado, tem uma realidade. O PT tem isso, existe uma liberdade para que, em cada diretório, se possa discutir o que é melhor, qual a proposta. Então, eu estou aqui defendendo um posicionamento, têm outros grupos defendendo outros posicionamentos, mas, por ora, em relação ao Senado, não tem uma definição ainda, não há decisão nacional de apoiar um candidato aqui no Amazonas de outro partido, não tem e também não tem uma definição de um nome próprio.”

AM1: O deputado Sinésio afirmou, esta semana, que o nome que o PT vai apoiar ao Senado no Estado é o senador Omar:

Deputado: Eu acho que esse deve ser o desejo dele, não é? Mas não é a decisão do partido. Não existe essa decisão, acho que é ele que em vez de defender um candidato do PT já está defendendo alguém que não é do PT. Ele é o presidente do partido, ele não é o dono do partido, não é a opinião dele que prevalece. É uma decisão que o partido vai tomando, tem o debate nacional, reunião da direção e tem discussão aqui no estado.

AM1: E sobre sua recusa em apoiar o nome de Omar, por conta do envolvimento dele na conhecida Operação Maus Caminhos, envolvendo escândalos na saúde. Ele chegou a dizer que vai processar o senhor. Comente um pouco sobre isso:

Deputado: Só reafirmo o seguinte: acho importante o PT defender um candidato que não seja envolvido em escândalos, principalmente na área da saúde, por isso, eu estou defendendo um nome específico, que é o professor Denis.

AM1: A sua recusa em apoiar o nome do senador Aziz pode atrapalhar, de alguma forma, sua reeleição. Qual sua opinião?

Deputado: Não vejo relação. Porque quem vai decidir, quem vai ganhar a eleição no final do ano é a população, é o povo que vai decidir se o Zé Ricardo deve continuar ou não e se quem é senador vai continuar ou vai escolher outro. Eu estou com o meu nome à disposição para ser candidato à reeleição para deputado federal e vamos trabalhar para isso. Eu estou todos os dias trabalhando questão de recursos para a área da saúde, visitando unidades de saúde, visitando o interior do estado, participando das discussões dentro do Congresso Nacional, das votações. Por exemplo, agora, do piso salarial da enfermagem, que ontem foi dado um passo importante, votamos a urgência desse projeto e estou trabalhando. Tem gente que gosta de umas intrigas, eu estou fazendo o meu trabalho de parlamentar que é isso que a população quer.

AM1: Numa entrevista concedida a uma rádio local na terça-feira (22), o deputado Sinésio disse que a janela partidária está aberta, se referindo ao atrito com o senhor, pelo apoio ao senador Omar. Qual sua opinião?

“Isso é engraçado, não é? Porque quando estavam atacando o PT muita gente perguntava por que eu não saia do partido, já que era cheio de problemas e eu dizia que não tinha razões para sair do PT; o PT não é o problema. Os projetos que ele sempre defendeu beneficia a população e eu estou lá por causa disso. Agora é assim, claro, a gente incomoda as pessoas porque eu defendo uma pauta, que é a pauta da vida, eu defendo o ribeirinho, eu defendo o trabalhador, tem gente no PT que defende empresários da mineração, defende setores que só querem ganhar dinheiro, defende saúde privada, está do lado de empresários da saúde privada. Eu defendo o trabalhador, eu defendo os enfermeiros; eu defendo as pessoas que estão desempregadas; eu defendo a floresta em pé; defendo empregos, eu defendo o Distrito, a Zona Franca! E eu sei que isso incomoda, porque se tem gente que é obrigado a defender quem destrói o meio ambiente e a vida do povo, eu só tenho a lamentar. Então, eu não tenho nenhuma razão para sair do PT, talvez aquele que não defende o trabalhador deveria sair do PT, porque está no lugar errado, não é?”

AM1: Quais partidos, hoje, compõem o arco de aliança do PT nacionalmente?

Deputado: Em relação à questão política, nós temos este ano a novidade que é a federação e o PT a nível nacional, por enquanto, parece que está bem fechado, mas isso só vai ser fechado definitivamente até final de maio, mas, por ora, está bem avançada a federação com o PT, PCdoB e PV. Agora, no final do mês e início de abril, termina a janela partidária, então nós vamos saber quem está em qual partido, vamos discutir o nome para as chapas, federal e estadual e como eu disse, dentro do PT, nós temos grupos que defendem candidaturas próprias, tanto para governo, quanto para o Senado.

AM1: Então é possível que se defina um nome de dentro do PT para os cargos majoritários no AM?

Deputado: Mesmo que aqui algumas pessoas não queiram isso, outros querem. A nacional pode tomar uma decisão e pode ser a decisão tomada aqui, isso no momento certo, porque tem um calendário de discussões, por enquanto, são as opiniões de cada um. A minha opinião e o que eu defendo é um nome do partido. E acho que o PT não deveria se apressar em apoiar um candidato de outro partido e, ao mesmo tempo, temos que lembrar a história, ver que há muitos políticos que apoiaram o Bolsonaro desde o início e agora estão mudando de lado, porque como o Lula está bem nas pesquisas, muita gente quer estar ao lado do Lula. Então, para mim, o Lula não precisa de certos candidatos, ele não depende deles, são eles que dependem do ex-presidente ou querem estar junto do Lula para ter um ganho político.

AM1: Esse seria o caso do senador Omar Aziz?

Deputado: É um exemplo, sim. Portanto, da nossa parte, nós vamos continuar fazendo o que sempre fizemos: o nosso trabalho, cobrando, fazendo prestação de contas, fiscalizando. A minha Kombi estava na oficina, saiu da oficina hoje e amanhã cedo já vou estar em cima da Kombi, claro, prestando contas do meu trabalho.

AM1: O ex-presidente Lula afirmou recentemente que talvez o atual Congresso seja o pior da história do Brasil. Como o senhor vê essa afirmação?

Deputado: Eu acho que ele colocou uma posição que envolve, hoje, uma maioria que está lá no Congresso que apoia o Bolsonaro e que apoia logicamente todos esses projetos que prejudicam a população. Você tem uma maioria no Congresso, não são todos, eu faço parte do grupo que faz oposição ao governo Bolsonaro, faço parte de um grupo, um campo progressista que é contrário a projetos ou a um governo que acabou com o Minha Casa Minha Vida e não construiu uma casa nova aqui no Amazonas. E o Lula se refere a parlamentares que apoiam o governo que acabou com o Bolsa Família, deixou de fora milhões de famílias que não recebem nada, porque o Auxílio Brasil deixou de fora milhares de famílias aqui do nosso estado, um governo que reduziu recursos de universidades, da pesquisa, um governo que não investe na questão da infraestrutura do estado. Então, é isso, o Lula tem razão em criticar aqueles que apoiam esse projeto de morte, a turma quer atacar o Lula, eles querem dizer que o Lula generalizou e não é isso, ele quis dizer exatamente sobre a bancada da morte, a bancada dos interesses dos minerais, aqueles que contribuem para o aumento da devastação da floresta, de todos os deputados que votaram na reforma da Previdência com a promessa de receber R$ 40 milhões de emendas e tiraram a aposentadoria de muita gente. O Lula se referia a esses políticos que infelizmente votam contra o povo.

AM1: Houve umas especulações que, por esse motivo, ele não deu visibilidade à visita que fez ao Amazonas no início de março. Qual sua opinião?

Deputado: O Lula não fez visita ao Amazonas, o Lula passou pelo Amazonas porque o avião tinha que descer para abastecer em Manaus, um voo direto do México, aí, por isso, ele saiu e ficou no hangar e nós fomos lá para cumprimentá-lo. Ele ficou exatamente uma hora, então ele não fez exatamente uma visita. Na ocasião, ele falou que pretende fazer a visita, aí, sim, para conversar com os vários segmentos da sociedade, estão planejando essa visita, mas ainda não tem data.

AM1: Agora, vamos falar um pouco do seu trabalho na Câmara Federal. Destaque projetos, leis para que as pessoas conheçam, por exemplo, uma lei de sua autoria:

Deputado: Temos muito projetos de lei que são apresentados de forma coletiva, como a Lei do Vale Gás, que foi aprovada, foi apresentada pela bancada do partido, todos que assinaram são coautores, eu sou autor desse projeto, que hoje é lei. Temos outra que foi aprovada em 2020, que é para amparar ações emergenciais aos indígenas no período da pandemia, essa eu sou coautor. Temos a lei Assis de Carvalho, que é uma lei para beneficiar os agricultores familiares, que foi aprovada em 2020 e teve uma outra em 2021 – todas eu sou coautor, além de muitos outros projetos que ainda não foram aprovados ou estão em tramitação. Eu sou um parlamentar que apresenta muitas indicações para o governo (federal) e também questionamentos.

Fotos: Erick Bitencourt