Zona Azul é vilã em Manaus e desagrada população

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

Manaus (AM) – Criado em 2015 pela Prefeitura de Manaus, o sistema de cobrança de estacionamento denominado Zona Azul, que teve o contrato renovado até 2030, só desagrada os lojistas, usuários do serviço, motoristas, políticos e grande parte da população que precisa estacionar o veículo no Centro de Manaus e áreas com a cobertura Zona Azul.

Atualmente, o valor cobrado por hora ao cliente passou de R$ 3,50 para R$ 3,98, gerando ainda mais insatisfação da população com o modelo de estacionamento rotativo. Falta de tolerância e dificuldade em realizar a recarga são as principais reclamações dos usuários.

Na última terça-feira (11), o vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Capitão Carpê (PL), protocolou o indicativo de n.º 274/2024, solicitando que a Prefeitura de Manaus avalie a extinção do serviço de estacionamento rotativo da Zona Azul na capital amazonense.

Carpê alega que não há melhorias para os usuários com a arrecadação, além de dificuldades até para efetuar o pagamento para o sistema.

“O cidadão, além de ter que pagar a Zona Azul e ter toda uma dificuldade no pagamento, ele tem que ter um crédito no sistema. E muitas vezes ainda tem que pagar o flanelinha, não tem contrapartida, essa é a verdade. Porque grande parte, quase 90% desse valor arrecadado vai para a empresa do programa Zona Azul. Somente 11% vai para os cofres da Prefeitura de Manaus. Enquanto isso, 0% de melhorias para a população, levando em consideração ainda que muitas vezes o cidadão que estaciona o veículo ali, acaba tendo seu carro multado por infração na Zona Azul. Ou seja, é muito mais prejudicial ele – o cidadão- ir para o Centro, porque gasta mais para estacionar, sendo que é na maioria das vezes para visitar algum local, ou fazer algum tipo de compra no Centro comercial”, pontuou.

Na avaliação do vereador, a Prefeitura de Manaus precisa acabar com a Zona Azul, já que a cada dia o valor fica ainda mais caro, sem que aconteçam melhorias para a população.

Outro que também foi na esteira do colega e não poupou críticas ao sistema rotativo foi o vereador Rodrigo Guedes (Progressistas). Ao Portal AM1 Guedes disse que o Zona Azul comete inúmeras ilegalidades e que brevemente ele vai formalizar denúncia contra o sistema rotativo.

“Ele cobra R$ 12 de alguém, por alguma eventualidade, não fez o pagamento na hora na sua vaga. Então não tem nenhum resguardo jurídico para ele cobrar pelas três horas de alguém que esteve lá por dez ou vinte minutos. Muitas vezes, a pessoa recebe a irregularidade e tem que pagar multa, ou seja, uma dupla punição. O Zona Azul não recebe PIX, as pessoas não conseguem achar o agente, e o sistema vive fora do ar. E quando a pessoa paga, o sistema não reconhece e a pessoa fica numa espécie de ‘limpo’ técnico, sem conseguir pagar e recebe multa sem a oportunidade de ao menos se defender”, criticou, e ainda completou que existe uma série de denúncias já.

Rodrigo Guedes ainda disse que devido ao Zona Azul, muitas pessoas estão evitando ir ao Centro da cidade por “raiva” do sistema.

Confira algumas reclamações

Defende sistema

Já o líder do prefeito na CMM, Eduardo Alfaia (Avante), ao Portal AM1 defendeu o Zona Azul e a Prefeitura de Manaus. Mas reconheceu a validade do posicionamento dos vereadores que criticaram o sistema.

“Todo questionamento é válido e importante. Não há nada a esconder por parte do Executivo, e na verdade, o Zona Azul já vem de gestões anteriores e portanto não há nenhuma tentativa de esconder alguma coisa. É importante inclusive a gente discutir esses assuntos, e esse é o papel do parlamento, dos vereadores de situação e oposição fazerem questionamentos a respeito de toda ação que envolva o Executivo e em especial a cidade de Manaus”, comentou.

Em relação a acabar com o Zona Azul, Eduardo Alfaia disse que não enxerga com esses olhos.

“O que podemos é melhorar. Tudo que vem para por ordem, organizar que possa trazer melhorias para o Centro, que é uma das pautas que mais estamos ouvindo questionamentos hoje, é sobre o olhar que se precisa ter para o Centro da cidade de Manaus. A gestão do prefeito David Almeida tem feito essa melhoria no Centro de Manaus. Está aí a inauguração do Mirante Lúcia Almeida e o píer. Hoje, a prefeitura está ocupando o Centro com a presença de grandes eventos, o Sou Manaus é realizado no Centro e estamos contemplando inúmeras obras de melhorias. Portanto, tudo que busque melhorar é isso que nós queremos”, justificou.

Lojistas criticam

A gerente de RH, Laudiceia Pacheco, 38 anos, diz que os lojistas daquela região só reclamam da implantação do Zona Azul, que só fez dificultar o trabalho deles.

“Se a gente fizer uma comparação do Zona Azul com os shoppings, por exemplo, onde eu entro e vou fazer as minhas compras e posso passar quanto tempo quiser, que vou pagar pelo valor específico já pré-estabelecido. Diferente do Zona Azul, que funciona, penso eu, de forma irregular, se eu venho ao Centro fazer uma compra, ou em qualquer lugar que tenha Zona Azul, eu tenho apenas três horas para ficar naquele devido lugar e preciso mudar de vaga para continuar fazendo as compras”, criticou.

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

Laudiceia reclama que entre as principais dificuldades para quem for utilizar o sistema rotativo, é que se um cliente estiver fazendo compras na loja dela, e passar três horas, precisa retirar carro da vaga e colocar em outro lugar, porque venceu o prazo estipulado pelo sistema.

“Se essa pessoa não quiser mais voltar? Se ela tinha outras coisas para resolver? Então tem toda essa situação, e para gente como lojista não ficou legal. Se eu fizer a troca de vaga, eu não tenho a opção de outro estacionamento público, exceto se for um estacionamento privado”, reclamou

A gestora de RH ainda revelou ao Portal AM1 que tomou uma multa, por ultrapassar às 3 horas permitidas nessas vagas.

(Foto: Acervo pessoal)

“Eu estava precisando ficar em uma de nossas lojas, passei das três horas no local e recebi a primeira multa, e paguei mais ou menos R$ 12, aquela multinha que eles dão por passar das horas permitidas na vaga. Em contrapartida, disso, eles enviaram para o Detran, não sei como é feito esse processo e eu também peguei uma multa que tive que pagar mais R$ 235. Então não nos ajuda em nada, tanto do ponto do logista, quanto do cliente que quer vir ao Centro usando seu próprio transporte. Seria bom se eles fizessem um novo planejamento”, frisou.

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