MANAUS, AM – A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) contratou a empresa Trivale Administração LTDA, por mais de R$ 12 milhões, para a implantação de um sistema de controle da frota de veículos da pasta. Além de ser uma velha conhecida da Prefeitura de Manaus, a empresa também tem contratos com outros Poderes no estado, como a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e o Ministério Público do Estado (MPE-AM). No total, a Trivale Administração já recebeu R$ 246,9 milhões dos cofres públicos desde 2014.
O contrato milionário, de nº 003/2021, foi firmado em março deste ano pela subsecretária de Gestão Administrativa e Planejamento, Aline Rosa Martins Freire da Costa. Neste período, a titular da pasta, Shadia Fraxe, estava internada após cirurgia em decorrência de uma obstrução intestinal.
A Trivale Administração é responsável pela “prestação de serviço especializado na implantação e operação de Sistema de Controle de Frota com utilização de cartão magnético e/ou microprocessador para gerenciamento e controle do abastecimento de combustível para a frota de veículos e máquinas com motor de combustão interna das unidades administrativas da Prefeitura de Manaus”.
Este contrato atual com a Secretaria Municipal de Saúde tem prazo de 1 ano, com encerramento em março de 2022, se caso não for prorrogado. O valor total é de R$ 12.132.163,32 (doze milhões, cento e trinta e dois mil, cento e sessenta e três reais e trinta e dois centavos). Por mês, a empresa recebe R$ 1.011.013,61 (um milhão e onze mil, treze reais e sessenta e um centavos) dos cofres públicos de Manaus.
Empresa de Minas Gerais
A Trivale Administração, com CNPJ nº 00.604.122/0001-97, não é de Manaus, mas sim de Uberlândia, Minas Gerais. Conforme consta no cadastro do CNPJ da empresa na Receita Federal, cinco empresários comandam a firma, entre eles: João Batista Rodrigues, Simonio Freita da Silva, Caio Augusto Faria Pajaro, José Geraldo Ortigosa e Marcos Leonel da Costa. No contrato com a prefeitura, porém, o que aparece é o nome de Lucas Bonfim como representante da firma.
Aberta desde 1995, a Trivale detém um capital social de R$ 17.323.000,00. (dezessete milhões e trezentos e vinte e três mil reais).
Em relação à principal atividade econômica, é informado apenas que a firma executa “outras atividades de serviços prestados principalmente às empresas não especificadas anteriormente”. Mais abaixo, constam, ainda, outros 4 serviços secundários: intermediação e agenciamento de negócios, operadoras de cartões de débito, locação de mão-de-obra, emissão de vales-alimentação, vales-transportes e similares.
Primeiro contrato
A empresa Trivale já é velha conhecida da Prefeitura de Manaus, uma vez que possui contratos registrados no Portal da Transparência do município desde 2014.
O primeiro negócio com o estabelecimento foi feito em janeiro de 2014 pela Secretaria Municipal de Administração, Planejamento e Gestão (Semad), na gestão do ex-prefeito Arthur Neto (PSDB). A aquisição, firmada por meio do contrato nº 002/2014, custou o montante de R$ 31,2 milhões aos cofres públicos e durou até janeiro de 2015.
Até o ano de 2019, esse mesmo contrato foi aditivado, ou seja, renovado 10 vezes. Só em decorrência dessa contratação da Semad, a Trivale Administração recebeu R$ 195.608.078,28 (cento e noventa e cinco milhões, seiscentos e oito mil, setenta e oito reais e vinte e oito centavos).
Outros negócios
Além desse primeiro contrato, outras negociações foram firmadas em paralelo à Prefeitura de Manaus. Em outubro de 2015, por exemplo, o Fundo Municipal de Saúde fechou o contrato de nº 027/2015 com a Trivale Administração, por R$ 7,9 milhões, pelo mesmo serviço: gerenciamento e controle de abastecimento da frota de veículos da pasta.
O negócio milionário durou cinco anos, que foram garantidos por meio de sete termos aditivos. No total, com esse contrato, a Trivale faturou R$ 43.017.110,47 (quarenta e três milhões, dezessete mil, cento e dez reais e quarenta e sete centavos).
Em 2016, o Fundo Municipal de Saúde contratou a mesma empresa, por apenas dois meses, pelo total de R$ 259,1 mil, para o “fornecimento de combustível, com entrega parcelada conforme o Plano Municipal de Enfrentamento do Mosquito Aedes aegypti, transmissor do Zika Vírus, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde”.
Já o contrato mais recente, anterior ao firmado neste ano, durou de maio a novembro do ano passado e teve valor total de R$ 1.533.240,00 (um milhão, quinhentos e trinta e três mil e duzentos e quarenta reais). Ao final do prazo, o negócio foi renovado por mais 180 dias, cerca de cinco meses e meio, também pelo valor de R$ 1.533.240,00.
Poderes públicos
A Trivale Administração não é só requisitada na Prefeitura de Manaus. Outros órgãos do Amazonas também possuem contratos com o empreendimento, como é o caso do Ministério Público do Estado, que em setembro de 2020 celebrou a contratação da firma pelo total de R$ 3.548.620,80 (três milhões, quinhentos e quarenta e oito mil, seiscentos e vinte reais e oitenta centavos) para o serviço de “cartão magnético com chip de segurança para aquisição de gêneros alimentícios”.
Conforme consta no Portal da Transparência do MPE-AM, o contrato nº 15/2020 vai encerrar no próximo mês e, até agora, não foi aditivado.
Leia mais: Em apenas quatro anos, empresa fatura mais de R$ 200 milhões na Semed e Seduc
Outro órgão que já gastou com a Trivale é a Assembleia Legislativa do Amazonas. Segundo a Transparência Legislativa, a Casa possui um contrato de R$ 123.211,37 firmado em janeiro deste ano, logo no início da gestão do deputado Roberto Cidade (PV) à frente dos trabalhos do órgão, e um outro contrato firmado no mês seguinte, pelo total de R$ 1.355.325,07 (um milhão, trezentos e cinquenta e cinco mil, trezentos e vinte e cinco reais e sete centavos).
Se somados todos os valores citados pela reportagem neste texto, a Trivale Administração já faturou R$ 246.977.966,00 (duzentos e quarenta e seis milhões, novecentos e setenta e sete mil, novecentos e sessenta e seis reais) dos cofres públicos desde 2014. Com o contrato firmado pela Semsa neste ano, no valor de R$ 12 milhões, o montante já recebido pela firma sobe para R$ 254.089.972 (duzentos e cinquenta e quatro milhões, oitenta e nove mil, novecentos e setenta e dois reais).
Sem resposta
A reportagem procurou a assessoria da Semsa para mais esclarecimentos sobre o contrato milionário, todavia, não houve retorno aos questionamentos.
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