Manaus, 3 de maio de 2024
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Cenário

A um ano da eleição moradores de Figueiredo afirmam que cidade está abandonada

Na pesquisa feita pela 'Perspectiva Mercado e Opinião', a prefeita Patrícia Lopes tem alto índice de rejeição e desaprovação na cidade do interior.

A um ano da eleição moradores de Figueiredo afirmam que cidade está abandonada

(Foto: AM1)

Presidente Figueiredo (AM) – A pouco mais de um ano das próximas eleições municipais, os moradores de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus) afirmam que a ‘terra das cachoeiras’ – comandada por Patrícia Lopes (União Brasil) – está abandonada pelo poder público. Pontos turísticos esquecidos, praças depredadas, pichadas, prédios públicos sem reformas, lixos e ruas esburacadas são retratos da realidade do município.

O Portal AM1 esteve na cidade e conversou com moradores, comerciantes e turistas que nos contaram um pouco da atual situação e o que esperam de melhorias para a cidade.

Em 2021, Figueiredo foi o segundo município amazonense que mais recebeu recursos do governo estadual, no montante de R$ 142.647,00 milhões, sendo R$ 138.020,00 de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); R$ 1.321,00 de Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); R$ 1.887,00 de royalties e R$ 418,00 mil de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

As informações são da Secretaria de Fazenda do Amazonas (Sefaz), que foram divulgadas em janeiro do ano passado.

O município do interior existe há 41 anos e é conhecido por ser uma cidade turística, mas segundo a população, precisa receber mais atenção da prefeitura na área da infraestrutura, para que, assim, receba mais pessoas vindo de outros municípios e até de outros estados brasileiros.

José Carlos Memória, 54, microempresário que mora há 25 anos no município e trabalha há dez anos na Rodoviária, localizada na área central de Presidente Figueiredo, contou à reportagem que durante todo esse tempo nunca presenciou intervenções para melhorias no local.

“Nesses dez anos, não foi feito absolutamente nada na rodoviária, nem pintada foi. Já se passaram três mandatos desde quando comecei a trabalhar aqui, nós estamos no terceiro e até  agora nada de melhorias. A infraestrutura deixa a desejar, uma vez que sabemos que a arrecadação dessa cidade é alta e, por isso, deveria ser melhor”, destacou.

Rodoviária de Presidente Figueiredo (Foto: AM1)

O microempresário disse, ainda, que a cidade “está ficando para trás”, se comparada a outras cidades do Amazonas, como Iranduba e Rio Preto da Eva, municípios localizados na Região Metropolitana de Manaus (RMM).

“Aqui é uma cidade turística, que está ficando só o nome, porque turista não está vindo mais, pode olhar as lojas fechadas porque não tem consumidor. Os turistas estão nas cachoeiras, mas nós precisamos aqui do turista de classe baixa, do nosso turista aqui do centro, que sumiu, nós tínhamos muito aqui. Chegavam ônibus e mais ônibus com turistas e não vemos mais isso na rodoviária. Estamos ficando para trás, na frente de outros municípios”, contou José.

Para Junilson Reis, 44, agente rodoviário, que mora há 22 anos na cidade, alguns pontos melhoraram na atual gestão, mas outros precisam de muitos avanços.

“Na frente dos outros dois prefeitos antes dela, ela (a prefeita) está sendo um pouco melhor. A cada novo mandato, o povo espera melhoria, não é? Com certeza, ela vai se candidatar, mas ser reeleita já não é uma certeza. Se ela começar a fazer mais pela cidade e cumprir o que prometeu é possível se reeleger, mas não sabemos”, pontuou o morador.

Junilson também falou sobre a precariedade das ruas do município. Ele relatou ao Portal AM1 que muitos acidentes registrados na cidade acontecem devido aos buracos nas vias. “Por causa das buraqueiras, o pessoal anda na contramão e aí vem o outro na direção certa e, por isso, acontecem esses acidentes, infelizmente”, disse.

 

Atenção ao turista 

Na opinião da comerciante Renata Pariso, 36, que reside em Figueiredo há 23 anos, o centro da cidade deveria contar com um local que fosse destinado a prestar apoio aos turistas que chegam ao município.

“Os pontos turísticos se resumem às estradas, às cachoeiras. Dentro da sede eu acho que deveria ter um amparo melhor ao turista, tem o CAT (Centro de Apoio ao Turista), mas não é aqui na área central, seria bom ter um aqui mesmo. Muitas vezes, esses turistas não querem ir até lá (CAT) para ter informações. Então, na minha opinião, era preciso dar uma atenção melhor a eles. Já deram uma ideia de deixar os mapas para guiar os visitantes nos comércios, era mais acessível para eles, mas isso não foi colocado em prática”, afirmou.

Balbina

A reportagem também esteve no distrito de Balbina, especificamente na Comunidade Céu e Mar, localizada no ‘Ramal da Morena’ e conversou com alguns moradores sobre a atual situação do local e adjacências.

Em relação à pavimentação das ruas, a população afirma que há muito tempo a comunidade espera melhorias nas estradas que ligam às diversas comunidades as vias principais.

De acordo com Francisco Gilardo Costa, 62, morador da Comunidade há oito anos, desde quando veio de Manaus para Balbina, a promessa de melhoria existe, mas de fato, não houve os desenvolvimentos necessários na localidade.

“Na verdade, os buracos do ramal – na época do verão – são arrumados um pouco, a chamada ‘maquiagem’, mas quando chega o inverno, volta tudo de novo. O tráfego é prejudicado por isso, já que o ramal tem trinta e quatro quilômetros que dão acesso à vila de Balbina e isso dificulta a vida dos moradores. Lá é onde fica o hospital, por exemplo, em casos de urgência, é pelo ramal que é preciso passar para chegar na sede do distrito. Então, precisamos de uma maior atenção aos moradores que residem no Ramal da Morena”, desabafou Francisco.

O morador também disse que até ambulância é difícil de acessar as casas dos moradores devido à precariedade do ramal.

“Aqui só tem uma ambulância e, muitas vezes, quando precisamos, nem aqui está e sim em Presidente Figueiredo. Quando ela está por aqui, ela demora muito para chegar, até porque é só uma e, devido à buraqueira, ela demora mais para chegar!”, disse.

Os moradores reclamam também da falta de uma equipe de segurança em Balbina. “Antes tínhamos uma delegacia e policiais por aqui, mas agora não contamos mais com isso. Quando precisamos, a força de segurança tem que vir de Figueiredo, agora imagina se for algo muito sério?”, contou o morador.

Administração

Ao questionarmos como os moradores veem o mandato da atual gestora, eles relembram o episódio da enchente do rio Uatumã e o risco de rompimento das barragens da Usina Hidrelétrica de Balbina. Na época, em abril do ano passado, a abertura diária das comportas foi autorizada, o que ocasionou alagação na localidade.

O nível de água atingiu a capacidade do reservatório da concessionária Eletrobrás e os moradores de pelo menos oito comunidades passaram a ter dias apreensivos. Muitos deles foram prejudicados, tendo que se sair de suas casas e procurar abrigo em casa de parentes na cidade de Manaus.

Para os cidadãos ouvidos pela reportagem do AM1, a chance de Patrícia se reeleger é difícil. Na visão deles, muitas promessas até o momento não foram cumpridas por parte da mandatária e isso fez com que ela perdesse a credibilidade conquistada durante sua campanha eleitoral e início do mandato.

Vila

Nossa equipe também esteve na ‘Vila de Balbina’, onde presenciou o abandono do Centro de Proteção Ambiental de Balbina (CPAB), que está fechado desde 2011.

Em 2016, a Justiça Federal determinou que a Eletronorte e a Amazonas Energia desenvolvessem planos de ações emergenciais a fim de evitar a ruína e desabamento do prédio para garantir a preservação do acervo arqueológico que se encontra no local.

O local é um contraste na Vila, já que em outros pontos mais visitados, como nas proximidades da Igreja Católica, Paróquia do Perpétuo Socorro, onde também fica a Praça da Vila de Balbina, os monumentos e atrações estão conservados.

Desaprovação e rejeição 

Segundo dados divulgados recentemente pela ‘Perspectiva Mercado e Opinião’, Patrícia tem alto índice de rejeição e desaprovação na cidade do interior. O levantamento faz parte de uma pesquisa de intenções de votos que ouviu 250 pessoas no último dia 7.

A prefeita é desaprovada por 48,6% dos eleitores entrevistados. O mesmo levantamento mostra que a chefe do Executivo tem chances de se reeleger, mesmo com a alta rejeição, isso porque o percentual de aprovação dela chega a 43,7%.

No entanto, os números tendem a mudar até às eleições de outubro de 2024, período em que Lopes pode ganhar ou perder mais força política na cidade.

No município, além de ser desaprovada por uma parte considerável dos eleitores, outros 25,4% também afirmam que não votam na atual prefeita, número que demonstra que Patrícia tem um alto índice de rejeição entre os moradores.

O grau de confiabilidade da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 6,2% para mais ou para menos.

A reportagem do AM1 enviou uma solicitação para a prefeitura com questionamentos em relação às situações apresentadas na matéria, mas não obtivemos retorno.
O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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