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Cidades

Esquema em unidades do Exército de Manaus pagou festas e prostitutas, diz juiz

Após 14 anos de revelado o esquema pela 'Operação Saúva', juiz federal condena 26 membros do Exército de unidades de Manaus e Brasília

Esquema em unidades do Exército de Manaus pagou festas e prostitutas, diz juiz

Foto: Reprodução/Internet

Um esquema de corrupção que envolveu um conluio entre oficiais do Exército e empresários em fraude de compra de alimentos para a caserna, ocorrido entre 2005 e 2006, começa a ser punido agora. A Justiça Militar condenou recentemente 26 acusados sendo onze oficiais — dois coronéis, um tenente-coronel, um tenente, um subtenente, um major e cinco capitães –, oito militares de baixa patente e sete empresários da área de alimentos.

Os militares e civis foram condenados pelo juiz federal substituto da Justiça Militar Alexandre Quintas a penas que chegam a 16 anos, no caso de um coronel.

Na sentença, o juiz relata que a proximidade entre dois capitães e um empresário era tamanha que “este último contratou prostitutas e promoveu uma festa em um motel de Manaus para os referidos oficiais”.

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Operação Saúva

O esquema foi desvendado pela Operação Saúva, realizada pela Polícia Federal em 2006.

Na ocasião, foi revelado, com gravações e documentos, fraude em licitação na compra de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pagamento de propina, manipulação de preços, fraude no recebimento dos produtos em qualidade e quantidade, realizados pelo Exército, pelo governo estadual e pelas prefeituras de Manaus e de Presidente Figueiredo, no interior do Estado.

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Esse esquema — coisa de petequeiro, se comparado aos bilhões do petrolão ou ao dinheiro administrado por Fabrício Queiroz — se repetiu em algumas unidades militares, como batalhões de suprimentos, e até mesmo no Comando Militar da Amazônia e na Diretoria de Suprimentos do Exército em Brasília.

A sentença não traz um valor atualizado do montante desviado. Em valores de 2005, os oficiais, segundo dados da PF, dividiram entre eles um total R$ 620 mil.

A denúncia original envolvia 39 pessoas, dos quais 29 militares, incluindo praças que recebiam “mesadas” dos oficiais de R$ 500. A ação se arrastou porque ao longo desses anos foram muitos recursos, trancamento do processo e habeas-corpus.

Alguns acusados confessaram o esquema, outros argumentaram violação da garantia do contraditório e ampla defesa e tentaram descaracterizar o crime de peculato para lei de licitações. Como todos são primários e com bons antecedentes, poderão recorrer da sentença em liberdade.

(*) Com informações da coluna Radar da Veja