Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Cidades

Amazônia em crise: caminhada por ajuda dura mais de duas horas em comunidades

O estado vive uma das piores secas já registradas na história, por isso, comunidades estão ficando isoladas devido à dificuldade de locomoção.

Amazônia em crise: caminhada por ajuda dura mais de duas horas em comunidades

Comunidade (Foto: Antônio Mendes/Portal AM1)

Manaus (AM) – O Amazonas está enfrentando, atualmente, uma seca devastadora que está causando sérias consequências para os ribeirinhos, uma delas é o desabastecimento de alimentos devido à falta dificuldade de locomoção. Comunidades como a do Tarumã-Mirim, localizada às margens do rio Negro, já estão vivendo um drama devido à forte estiagem, inclusive, moradores relatam que caminham mais de duas horas até as margens em busca de ajuda.

Essa vazante, uma das mais severas em décadas, está secando os rios e deixando comunidades inteiras isoladas. Em resposta a essa situação crítica, vários órgãos da Prefeitura de Manaus estão mobilizando esforços para levar ajuda humanitária às famílias afetadas e, assim, minimizar os impactos desse fenômeno.

Nessa quarta-feira (4), a equipe do Portal AM1 acompanhou os órgãos da prefeitura na “Operação Estiagem”. Essa operação teve como objetivo entregar alimentos, kits de higiene pessoal e água potável às comunidades de Nossa Senhora de Fátima e Livramento, localizadas na zona rural da capital amazonense.

Entrega de kits de alimentos na Comunidade Nossa Senhora de Fátima (Foto: João Viana/Semcom)

Seila Vasconcelos, uma agricultora e moradora da comunidade Nossa Senhora de Fátima, compartilhou sua experiência com a reportagem, destacando como tudo ficou mais difícil devido à seca, especialmente a questão do isolamento devido à falta de opções de transporte.

“Dificulta para nós no transporte e a nossa saída da comunidade também […] Não podemos sair. Estamos, praticamente, isolados. Meu marido trabalha fora e para chegar ao trabalho precisa ir de canoa, mas esses dias, ele ficou encalhado e teve que se jogar na lama para poder sair do local”, disse.

Porto da comunidade Nossa Senhora de Fátima que deixou barcos encalhados com a vazante (Foto: Antônio Mendes/Portal Am1)

Isolados

Manoel Sidrone, um artesão residente na comunidade Livramento, do outro lado do rio Negro, relatou que sua principal fonte de renda é a venda de artesanatos, mas ele enfrenta dificuldades para vender seus produtos devido à impossibilidade de sair da comunidade por transporte fluvial.

“Está sendo difícil chegar em Manaus porque as lanchas e barcos que transportavam até lá, não estão mais levando devido a não ter como passar aqui. Se continuar desse jeito, daqui a 15 dias, nem motor rabeta vai passar e vamos ficar ainda mais isolados”,  disse seu Manoel.

O artesão também explicou que, para receber a ajuda providenciada pela prefeitura, ele teve que percorrer um trajeto de mais de 40 minutos até as margens do rio, que, agora, está quase completamente coberto de lama, tornando a jornada muito mais demorada do que costumava ser.

Acesso

Moradores da comunidade Livramento precisam pegar canoa e atravessar para a Comunidade Nossa Senhora de Fátima a fim de terem acesso aos serviços básicos de saúde, educação e alimentação, tornando o dia a dia ainda mais cansativo para eles. A situação reflete o quão desafiador é o contexto da seca devastadora para essas comunidades ribeirinhas.

Morador da Comunidade Livramento recebendo alimento (Foto: Antônio Mendes/Portal AM1)

Operação estiagem

Nesse primeiro momento, a ação da prefeitura atendeu mais de 900 famílias de diversas comunidade e deve continuar por todo o período de seca, conforme destacou a secretária de Educação, Dulce Almeida. A seca deve durar até início de novembro.

“Nós estamos atendendo 973 famílias ribeirinhas que estão em áreas mais longínquas. A gente está aqui fazendo uma ficha por família para facilitar a entrega e prestação de contas. O auxílio humanitário com cestas básicas, kits de higiene e água está sendo entregue hoje e daqui a 15 dias retornaremos aqui com essa ação”, frisou Dulce.

Poços artesianos

Os poços artesianos desempenham um papel crucial na vida da população, na seca, às vezes é a principal fonte de água potável para os ribeirinhos. Por isso, ainda na ação, a prefeitura irá cavar poços em comunidades que ainda não possuem ou aqueles que de alguma forma foram prejudicados pela seca.

O titular da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), Wanderson da Costa, afirmou que a Prefeitura de Manaus já fez um estudo preliminar para que sejam instalados os novos poços em comunidades mais afetadas.

Foto: João Viana/ Semcom

“Essa parceria com a Águas de Manaus com a Seminf, já foi orientada pelo prefeito David Almeida e o secretário Renato Júnior prontamente mobilizou[…]. Aproximadamente 17 comunidades estão sofrendo, que não tem nenhuma intervenção de poço. Nesse locais iniciaremos a construção, incialmente, de seis poços.  Serão 30 poços no total”, ressaltou o titular.

Maquinário que irá cavar poços artesianos em comunidades afetadas pela seca e que estão sem água potável (Foto: Antônio Mendes/Portal AM1 )

O maquinário para a construção dos poços já estão na região – bem como equipe da secretaria de infraestrutura para que o mais rápido possível possa se iniciar os trabalhos, segundo o secretário.

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