Manaus (AM) – O Amazonas está enfrentando, atualmente, uma seca devastadora que está causando sérias consequências para os ribeirinhos, uma delas é o desabastecimento de alimentos devido à falta dificuldade de locomoção. Comunidades como a do Tarumã-Mirim, localizada às margens do rio Negro, já estão vivendo um drama devido à forte estiagem, inclusive, moradores relatam que caminham mais de duas horas até as margens em busca de ajuda.
Essa vazante, uma das mais severas em décadas, está secando os rios e deixando comunidades inteiras isoladas. Em resposta a essa situação crítica, vários órgãos da Prefeitura de Manaus estão mobilizando esforços para levar ajuda humanitária às famílias afetadas e, assim, minimizar os impactos desse fenômeno.
Nessa quarta-feira (4), a equipe do Portal AM1 acompanhou os órgãos da prefeitura na “Operação Estiagem”. Essa operação teve como objetivo entregar alimentos, kits de higiene pessoal e água potável às comunidades de Nossa Senhora de Fátima e Livramento, localizadas na zona rural da capital amazonense.
Seila Vasconcelos, uma agricultora e moradora da comunidade Nossa Senhora de Fátima, compartilhou sua experiência com a reportagem, destacando como tudo ficou mais difícil devido à seca, especialmente a questão do isolamento devido à falta de opções de transporte.
“Dificulta para nós no transporte e a nossa saída da comunidade também […] Não podemos sair. Estamos, praticamente, isolados. Meu marido trabalha fora e para chegar ao trabalho precisa ir de canoa, mas esses dias, ele ficou encalhado e teve que se jogar na lama para poder sair do local”, disse.
Isolados
Manoel Sidrone, um artesão residente na comunidade Livramento, do outro lado do rio Negro, relatou que sua principal fonte de renda é a venda de artesanatos, mas ele enfrenta dificuldades para vender seus produtos devido à impossibilidade de sair da comunidade por transporte fluvial.
“Está sendo difícil chegar em Manaus porque as lanchas e barcos que transportavam até lá, não estão mais levando devido a não ter como passar aqui. Se continuar desse jeito, daqui a 15 dias, nem motor rabeta vai passar e vamos ficar ainda mais isolados”, disse seu Manoel.
O artesão também explicou que, para receber a ajuda providenciada pela prefeitura, ele teve que percorrer um trajeto de mais de 40 minutos até as margens do rio, que, agora, está quase completamente coberto de lama, tornando a jornada muito mais demorada do que costumava ser.
Acesso
Moradores da comunidade Livramento precisam pegar canoa e atravessar para a Comunidade Nossa Senhora de Fátima a fim de terem acesso aos serviços básicos de saúde, educação e alimentação, tornando o dia a dia ainda mais cansativo para eles. A situação reflete o quão desafiador é o contexto da seca devastadora para essas comunidades ribeirinhas.
Operação estiagem
Nesse primeiro momento, a ação da prefeitura atendeu mais de 900 famílias de diversas comunidade e deve continuar por todo o período de seca, conforme destacou a secretária de Educação, Dulce Almeida. A seca deve durar até início de novembro.
“Nós estamos atendendo 973 famílias ribeirinhas que estão em áreas mais longínquas. A gente está aqui fazendo uma ficha por família para facilitar a entrega e prestação de contas. O auxílio humanitário com cestas básicas, kits de higiene e água está sendo entregue hoje e daqui a 15 dias retornaremos aqui com essa ação”, frisou Dulce.
Poços artesianos
Os poços artesianos desempenham um papel crucial na vida da população, na seca, às vezes é a principal fonte de água potável para os ribeirinhos. Por isso, ainda na ação, a prefeitura irá cavar poços em comunidades que ainda não possuem ou aqueles que de alguma forma foram prejudicados pela seca.
O titular da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), Wanderson da Costa, afirmou que a Prefeitura de Manaus já fez um estudo preliminar para que sejam instalados os novos poços em comunidades mais afetadas.
“Essa parceria com a Águas de Manaus com a Seminf, já foi orientada pelo prefeito David Almeida e o secretário Renato Júnior prontamente mobilizou[…]. Aproximadamente 17 comunidades estão sofrendo, que não tem nenhuma intervenção de poço. Nesse locais iniciaremos a construção, incialmente, de seis poços. Serão 30 poços no total”, ressaltou o titular.
O maquinário para a construção dos poços já estão na região – bem como equipe da secretaria de infraestrutura para que o mais rápido possível possa se iniciar os trabalhos, segundo o secretário.
LEIA MAIS:
- Seca: vereadores querem ações e não apenas visita do governo federal no AM
- Políticos do AM pedem R$ 50 milhões do governo federal para combater seca
- Em seca histórica, prefeita de Nhamundá vai gastar quase R$ 1 mi para alugar barcos
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.