Manaus, 25 de abril de 2024
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Manaus, 25 de abril de 2024

Cidades

Apesar da predominância masculina, mulheres ganham espaço na Tecnologia no AM

Pesquisas apontam que o protagonismo do público feminino no ramo da tecnologia vem crescendo nos últimos anos e ganhando lugar de destaque

Apesar da predominância masculina, mulheres ganham espaço na Tecnologia no AM

MANAUS – Um setor que está ligado tanto à internet quanto à informática e, consequentemente, à comunicação, a Tecnologia da Informação e Comunicação, o famoso TIC, vem se expandindo e sendo disputado por diversos profissionais. Gerente de TI, administrador de banco de dados; administrador de redes; analista de e-comerce e outrem buscam uma oportunidade para ingressar na área.

Oportunidades X gêneros

Apesar de ser um mercado ainda em expansão e, ao que parece, também oferecer uma gama de oportunidades de emprego, dados apontam que há uma prevalência masculina atuando nesse setor. De acordo com a PNAD, dos 580 mil profissionais de TI no Brasil, apenas 20% são mulheres, mesmo existindo vagas disponíveis para o público feminino. Quem está inserida no mercado de tecnologia e faz parte dessa estatística é Adria Costa, engenheira de Software, que faz parte do time Bemol Digital, no qual desenvolve sistemas.

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“Atualmente, acredito que estamos crescendo na área de tecnologia, mas, desde que comecei, sempre percebi que havia pouco incentivo para mulheres, hoje vejo diferente, temos incentivo, estamos ganhando espaço, temos comunidades nas quais surgem projetos que envolvem mulheres e meninas com a tecnologia”, diz a engenheira.

Na área de desenvolvimento, segundo dados de uma pesquisa elaborada pela Revelo, a participação feminina de apenas 11% no mercado teve um aumento de 5% entre os anos de 2017 a 2019. Em TI e desenvolvimento, que têm, respectivamente, 13% e 11% de mulheres, os homens ocupam cerca de 92% das posições de chefia, aponta essa mesma pesquisa.

Para a engenheira, apesar de hoje haver mais incentivo para a atuação do público feminino na área, a realidade de se ver o “misto” de homens e mulheres ainda está distante. A desenvolvedora explica que a tecnologia ainda é predominada por homens.

“Não quer dizer que área já está 100% “mista”, acho que ainda é uma área onde há predominância masculina, ainda estamos um pouco longe disso, porém, temos esses incentivos”, declara.

 

Ádria Costa, primeira da direita

Quem também faz parte desse cenário e acredita que essa realidade ainda está um pouco distante é Maryelen Ziegler, da Product Owner. Ela explica que, ainda nos dias de hoje, mulheres precisam provar 5 vezes mais que os homens suas capacidades no mercado.

“Infelizmente, é mais recorrente do que nós gostaríamos, no entanto, tenho percebido uma mudança muito grande, mas a luta não para nunca! Por mais que uma mulher tenha que provar 5x mais o que ela pensa e sabe, hoje, as empresas estão cada vez mais abertas a se questionar quando uma mulher diz que algo está errado”, declara.

Trabalhando há 7 anos no mercado, Ziegler faz questão de lembrar que as empresas continuam com perspectivas trabalhistas muito enraizadas em preconceitos contra as mulheres.

“Acredito que cada vez mais estamos ocupando o espaço que é e sempre foi o nosso direito também, mas ainda enfrentamos problemas que são muito enraizados na nossa sociedade. Temos muitas barreiras a serem vencidas, como a equidade salarial. No entanto, vejo que hoje, nos deparamos com um cenário em que há mais pessoas preocupadas em promover a consciência da diversidade, igualdade e inclusão dentro das empresas, e isso é ótimo! Mas, como eu havia dito antes, é uma luta que não pode parar!”, finaliza.

Em se tratando de mercado, Luciana Minev, especialista no assunto, esclarece que além da tecnologia, as mulheres vêm crescendo em outros ramos.
“As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e isso inclui área de tecnologia. Além disso, muitas empresas têm se preocupado mais com temas como equidade de gênero – o que abre espaços para mulheres em áreas predominantemente masculinas”, diz Luciana Minev, especialista no ramo de RH.

Diferença salarial

O relatório da Revelo destaca que um dos fatores para explicar as propostas de salário inferiores para as mulheres é que elas registram uma pretensão salarial menor. Na média, 22% abaixo da dos homens. Em TI, na qual representam apenas 5%, a diferença é de aproximadamente 19%.

Luciana Minev reafirma a estatística e também descreve que, apesar do crescimento no protagonismo feminino, para as mulheres, uma das maiores lutas continua sendo pelo fim das diferenças salariais. “Ainda existe sim e, como em todas as áreas, ainda acontece no ramo da tecnologia”, finaliza.