Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

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Após invasão do Capitólio, grupos pró-Trump organizam novos atos para a posse de Biden

Segundo líder democrata no Senado, a 'ameaça de grupos violentos extremistas' continua alta; mais de 100 pessoas foram detidas por invasão da semana passada

Enquanto os Estados Unidos lidam com a repercussão política da invasão do Capitólio, no último dia 6, aliados do presidente Donald Trump se organizam para realizar novos atos para coincidir com a posse de Joe Biden, em 20 de janeiro.

Até o momento, mais de 100 pessoas já foram detidas por participarem da invasão de quarta-feira — entre elas, o adepto do QAnon que usou chapéu de pele e chifres e o homem fotografado com o púlpito da presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Cada vez mais tóxico, por sua vez, Trump se vê prestes a enfrentar mais um processo de impeachment.

Leia mais: Capitólio Americano é invadido por manifestantes pró-Trump

Nada disso, no entanto, parece intimidar os grupos fiéis ao presidente, que prometem que nada será capaz de pará-los daqui a 10 dias. O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, disse neste domingo que a ameaça de grupos extremistas permanece alta quatro dias após o ataque.

“A ameaça de grupos violentos extremistas continua alta e as próximas semanas são críticas para o nosso processo democrático com a cerimônia de posse do presidente eleito, Joe Biden, e da vice-presidente eleita, Kamala Harris, no Capitólio”, ele disse, afirmando ter conversado com o diretor do FBI, Christopher Wray para pedir que a agência continue e buscar e prender os invasores.

À RFI, o ex-diretor-adjunto do FBI Frank Figliuzzi disse que a facilidade para invadir a sede do Legislativo parece ter feito com que os grupos pró-Trump se sentissem “invencíveis” — para além de demonstrar força, é uma forma de atrair novos seguidores.

Em fóruns e sites pró-Trump, manifestantes prometem “liberar o país sem piedade” e “não deixar os comunistas vencerem”. Há semanas, organiza-se um ato chamado por seus organizadores de “Marcha dos Milhões de Milícias”, para o dia 20. Eventos também são marcados para os dias anteriores:

“Nós recusamos a ser silenciados”, dizia uma postagem levantada pelo Grupo Alethea, que trabalha no combate à desinformação, em uma análise desta semana que levantou diversas postagens deste tipo. “Marcha armada no Capitólio e em todos os Capitólios estaduais em 17 de janeiro”, dizia outra.

No Twitter, a expressão “enforquem Mike Pence”, o vice-presidente dos EUA, chegou a figurar entre os assuntos mais comentados um dia após a expulsão de Trump da rede social por incitação à violência.

Um dos últimos posts de Trump antes de ser banido da plataforma foi afirmar que não comparecerá à posse de Biden, algo visto por muitos como um sinal verde para que o evento seja mirado por seus aliados. Ele será apenas o quarto presidente americano a faltar à posse de seu sucessor — a última vez que isto ocorreu foi em 1869, com Andrew Johnson.

Leia mais: Trump diz que não vai à cerimônia de posse de Joe Biden

Diante do afastamento do presidente do Twitter e do Facebook, seus defensores aceleraram uma já corrente migração para o Parler, rede social que se apresenta como uma alternativa à “liberdade de expressão”. Há meses, a plataforma capitalizava em cima da raiva crescente, atraindo grupos de direita conforme as redes sociais tradicionais intensificavam o combate à desinformação. Foi lá que a invasão do Capitólio foi, em parte, orquestrada.

Na sexta, a Apple e o Google removeram a plataforma de suas lojas de aplicativos, afirmando que não havia moderação suficiente sobre a postagem de usuários, muitas das quais incentivavam a violência. No sábado, a Amazon anunciou que tirará o Parler de seu serviço de hospedagem, devido a repetidas violações das regras, possivelmente deixando-a fora do ar.

Na busca ativa pelos invasores, a polícia anunciou no sábado a prisão de três das figuras mais marcantes dos episódios do último dia 6. Jacob Anthony Chansley, conhecido como Jake Angeli, o homem fotografado sem camisa e com chifres na cabeça, é acusado de “entrar ou permanecer intencionalmente em um prédio ou terreno restrito sem autoridade legal e por entrada violenta e conduta desordenada nas instalações do Capitólio”.

O homem se descreve como um “soldado digital” da teoria de conspiração QAnon, que acredita que a pedófilos satanistas controlam o Partido Democrata e as principais instituições dos EUA. Outro preso foi Adam Johnson, cidadão da Flórida que foi fotografado acenando pelo Congresso com o púlpito da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, nas mãos.

Richard Barnet, o homem fotografado com os pés da mesa da líder democrata, também foi preso na semana passada

(*) Com informações O Globo