Manaus, 28 de abril de 2024
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Economia

Após um ano de pandemia, motoristas de aplicativos relatam dificuldades em Manaus

O aumento dos combustíveis, pela sexta vez, manutenção dos veículos encarecida e a baixa procura são algumas das dificuldades apontadas

Após um ano de pandemia, motoristas de aplicativos relatam dificuldades em Manaus

Foto: Reprodução

MANAUS – Com a crise da pandemia provocada pelo novo coronavírus, motoristas de aplicativos relatam dificuldades financeiras para “rodar” em Manaus. Entre os principais problemas enfrentados estão o aumento dos combustíveis, pela sexta vez em 2021, manutenção dos veículos encarecida e baixa procura por viagens.

Além disso, houve restrições rigorosas durante a segunda onda da pandemia, em janeiro e fevereiro, quando os motoristas só podiam transportar um passageiro por viagem, fazendo a renda diária reduzir.

Um desses motoristas é o Jovelino Costa Júnior, 40 anos, que migrou do ramo de monitoramento de câmeras para ser motoristas de duas plataformas de aplicativo na capital, há quase um ano.

Para ele, mesmo com as dificuldades, ainda tem sido viável continuar dirigindo, mas aponta que o faturamento caiu muito, principalmente pela alta no valor dos combustíveis, entre eles, a gasolina, que só neste ano já sofreu seis reajustes.

“Ainda é viável sim, permanecer na profissão de motorista de aplicativo, pelo fato de ter carro próprio. Mas digo para muitas pessoas que dá para rodar, o que não dá é ganhar muito dinheiro como antes. Estamos no sexto aumento da gasolina e o nosso faturamento caiu muito. Sem falar que temos, ainda, a manutenção do carro, que também está cara!”, ressaltou.

Ele comentou, ainda, que não depende apenas dos pagamentos de motorista de aplicativo e, se assim fosse, de fato não teria como manter suas contas em dia, bem como o sustento da família. Júnior também contou que muitos parceiros já devolveram os veículos às locadoras.

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“Hoje em dia, se eu fosse viver apenas do aplicativo, não teria condições de pagar minhas contas. Não está sendo como antes, devido ao preço da gasolina e à pandemia, como nós sabemos, a demanda de passageiros caiu. A condição financeira está difícil e muitos amigos meus, que têm carros alugados,  já devolveram os veículos nas locadoras”, comentou.

Questionado por quanto tempo passa dirigindo, ele respondeu que, em média, de dez a doze horas para compor sua renda. “Eu passo de dez a doze horas no volante por dia, de segunda a sábado, às vezes no domingo. Em muitas corridas, por exemplo, uma viagem com mais de nove quilômetros, não é válida, para receber R$ 5,00, sendo que a gasolina está mais cara que isso. Se eu, que tenho carro próprio, está difícil, imagina quem tem o veículo alugado!”, finalizou.

Já o motorista Eric Costa dos Santos, 22 anos, que é motorista de aplicativo há nove meses e que não tem outros rendimentos, a profissão deixou de ser procurada na pandemia, devido aos altos custos e pelo pouco retorno financeiro.

“Vários motoristas de aluguel estão deixando a profissão, os preços das corridas ficaram mais baixos. Acredito que muitos deixaram de procurar a profissão na pandemia da covid-19, pois, hoje, está muito difícil manter a renda com os aplicativos”, enfatiza Santos.

Eric Santos_motorista de aplicativos

Ele também diz que não está mais compensando muito esse trabalho, mas que, por enquanto, é sua única renda. “Ao meu ver não está mais compensando, porém, é o que eu tenho para agora, não é para se manter, mais é questão de sobreviver. Tem motoristas que mesmo tendo carro próprio estão vendendo seus veículos”, disse.

Eric disse que além das altas cargas horárias, muitos motoristas estão adoecendo para cumprir com seus compromissos. “Para se retirar um bom dinheiro, você tem que aumentar a carga de trabalho, acima das doze horas e dormir menos de cinco horas por noite. A nossa alimentação é feita às pressas, dentro dos veículos, para não perdermos as corridas que surgem. Tenho alguns amigos que estão apresentando doenças crônicas. Daqui mais um ano, nesse ritmo, muitos devem ficar debilitados por alguma doença”, ressaltou o jovem motorista de aplicativo.

Incentivos

As duas maiores empresas de aplicativos que circulam em Manaus foram consultadas, por meio de e-mail, para saber quais incentivos são oferecidos aos motoristas, principalmente na pandemia da covid-19, porém, não houve retorno.

O espaço fica aberto para quaisquer esclarecimentos futuros.

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