Manaus, 7 de maio de 2024
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Manaus, 7 de maio de 2024

Cidades

Aumento da tarifa é gerado pela inadimplência, diz concessionária de energia

Instalação de medidores aéreos pela concessionária de energia geram reclamações de aumento nas tarifas

Aumento da tarifa é gerado pela inadimplência, diz concessionária de energia

Radyr Gomes, diretor institucional da Amazonas Energia: "pessoas que reclamam não deveriam estar pagando corretamente suas faturas". (Foto: Del Lima/AM1)

Manaus (AM) – Análise realizada pela Amazonas Energia para a própria concessionária aponta uma diminuição de, aproximadamente, 41% na perda, não técnica (decorrente de fraudes e ligações clandestinas), de energia elétrica em fevereiro por conta dos novos medidores. Mas se há ganhos para a empresa, os usuários reclamam de perdas, o que é sempre rebatido pela concessionária. Os prós e contras foram discutidos nesta quarta-feira (5) durante coletiva de imprensa.

O estudo foi feito em cinco bairros da capital: Cidade Nova, Lago Azul, Nova Cidade, Parque 10 e Planalto, que já contam com o Sistema de Medição Centralizada (SMC) que receberam a instalação dos medidores. A Amazonas Energia afirma que o uso dessa nova tecnologia gera faturamento de R$ 23 milhões de energia consumida e não faturada.

Inadimplência gera aumento

Quanto a reclamações de aumentos na tarifa, o diretor institucional da Amazonas Energia, Radyr Gomes, diz que o problema vem de antes da instalação do SMC, com a inadimplência do consumidor. “Geralmente as pessoas que reclamam, que foram selecionadas e que receberam os medidores não deveriam estar pagando corretamente suas faturas, por isso o aumento”, comentou.

“Com o medidor você tem sua unidade medidora regular. Sem nenhum problema nessa instalação, vai ser registrada a mesma coisa que foi registrada nos medidores antigos. De várias outras unidades recebemos relatos de que o consumo diminuiu”, afirma.

Outro ponto que gera atritos entre empresa e usuários é o de falta de transparência. Gomes fala que no início do processo isso era evidente. “Confesso que no início do processo talvez a gente não tenha comunicado ‘legal’, mas agora, não. A gente fez uma campanha muito forte e vamos continuar fazendo para dar transparência a todos esses serviços, para que não fique nenhuma dúvida. Nós precisamos informar a população. Manter as pessoas desinformadas é um crime”, ressaltou.

Autorização para vistoria

Questionado sobre as vistorias técnicas realizadas sem solicitações, outro motivo de reclamações, Radyr não responde ao tema e afirma que o que ocorre é uma questão de segurança e defende a automação da medição. “As pessoas acessam nossa rede e quantas morreram tentando fazer ligações clandestinas? Nós precisamos olhar para as pessoas. O que nós estamos trabalhando é justamente isso, automatizando nossos serviços, melhorando nossa rede de distribuição, mas pessoas não habilitadas não devem acessar nossa rede. Se você necessitar de nossos serviços, venham ao nosso atendimento ou solicitem no 0800. Temos equipes para atender isso”, completa.

Queda no desperdício

Na soma total de desperdício, antes da instalação do SMC a perda, nestas áreas, correspondia a 63,19%. E, após a instalação do aparelho e troca de cabeamento, baixou para 22,34%, anuncia a concessionária.

Os números foram obtidos por meio da diferença entre a quantidade de energia fornecida para as empresas e as casas instaladas nas regiões avaliadas, em comparação com a quantidade de energia efetivamente medida pelos novos equipamentos da concessionária. A concessionária registrou consumo de 14,3 MWh e o pagamento de 9 MWh.

Gomes ressalta outro ganho adicional para a população destes locais com a instalação do SMC: a diminuição da sobrecarga de energia e, consequentemente, o desligamento da rede elétrica e a queima de equipamentos.

Técnico da Amazonas Energia explica instalação de medidor aéreo (Foto: Del Lima/Portal AM1)

Segundo ele, o desvio e as ligações clandestinas geram uma sobrecarga em nosso sistema. Os transformadores são colocados para suprir a demanda estimada de consumo, que é feita com base no valor pago. “Quando a retirada de energia é maior do que a prospectada, gera uma sobrecarga e as máquinas projetadas para um consumo normal não suportam este excedente ilegal, desligando ou até queimando”, explica.

“Os novos equipamentos dificultam as ações danosas, mantendo o padrão projetado pelos técnicos da empresa. Por causa disso, o número de oscilações e quedas de energia por causa das ações ilegais caiu consideravelmente nessas áreas, resultando em uma energia de maior qualidade”, disse Radyr Gomes.

A redução não implica em eliminação por completo do problema. Na avaliação de desempenho nos cinco bairros analisados, onde foram instalados mais de 15 mil aparelhos SMC, a perda de 22,34% corresponde a R$ 1,2 milhão que a empresa deixa de faturar. E, por consequência dessa perda, a Amazonas Energia acaba dispondo de menor quantidade de recursos para investir nas melhorias do sistema.

Investimentos

Nos últimos 4 anos, a concessionária investiu R$ 434 milhões em melhorias de rede e implantação de subestações, que beneficiaram mais de um milhão e meio de consumidores. “As melhorias vitais para a qualidade de vida da população não foram provenientes de lucro”, diz Radyr Gomes.

De acordo com ele, a concessionária tem operado, no vermelho, desde a privatização, ocorrida em abril de 2019. “Do montante de energia fornecida, em média, a empresa fatura apenas 42% deste valor. O déficit acumulado no ano de 2022 ultrapassa a marca de R$ 400 milhões.

No decorrer do primeiro trimestre de 2023, as ações de regularização de clientes propiciaram faturamento de R$ 23 milhões de energia consumida e não faturada”, detalha o diretor.

Conforme Radyr, o grupo que assumiu o comando da Amazonas Energia, em 2019, tomou a firme decisão de colocar o cliente em primeiro lugar. “Os gastos supérfluos foram cortados e contratos revistos a fim de economizar o máximo possível. A empresa chegou a um ponto-limite onde não há mais o que cortar internamente. É preciso reduzir as perdas externas”.

O diretor institucional da Amazonas Energia informa que os desvios, fraudes, irregularidades e ligações clandestinas são responsáveis por 99,17% das perdas não técnicas. “Não podemos penalizar o cliente regular, aquele que cumpre suas obrigações. Estamos focando esforços em combater aqueles que furtam energia sem se preocupar com o bem-estar dos demais”, ponderou Gomes.

Instalação

Ao todo, 12 bairros já foram contemplados com o novo equipamento SMC, com o total de 16.251 unidades consumidoras instaladas. Além dessas instalações, o projeto de melhoria já promoveu a troca de 471 transformadores, adequando as cargas fornecidas em 60 alimentadores nos bairros Cidade de Deus, Cidade Nova, Colônia Antônio Aleixo, Colônia Santo Antônio, Lago Azul, Lírio do Vale, Mauazinho, Nova Cidade, Novo Aleixo, Parque Dez, Planalto e Tarumã.

O combate às perdas de energia é uma das obrigações assumidas pela Amazonas Energia no contrato de concessão. Para isso, a empresa apresentou um Plano de Combate às Perdas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em dezembro de 2021, prevendo a instalação de 480 mil pontos até 2030.

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