
Foto: Agência Brasil
Os religiosos rebelados assumiram o controle de templos da Universal no país e acusaram a igreja de praticar sonegação fiscal, entre outras irregularidades.
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O último capítulo da crise ocorreu em meados de maio, quando 34 brasileiros ligados ao trabalho missionário da Universal receberam a notificação de autoridades em Luanda de que seriam deportados. Nove embarcaram para o Brasil ainda em 11 de maio.
O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, convocou o embaixador de Angola em Brasília, Florêncio Mariano da Conceição e Almeida, para dar explicações. Na linguagem diplomática, o gesto indica insatisfação.
A ação do governo de Angola irritou parlamentares evangélicos, que passaram a mobilizar o governo Bolsonaro. O recado foi dado em reunião da bancada religiosa com França, no Palácio do Itamaraty.
“O problema da Universal é também nosso problema”, afirma o presidente da frente parlamentar, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP). Ele é membro do Ministério Madureira da Assembleia de Deus. “O presidente Bolsonaro já fez menção ao assunto, mas acreditamos que o governo pode fazer um pouco mais”, acrescenta.

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O deputado Milton Vieira (Republicanos-SP), que é pastor da Igreja Universal, vai na mesma linha. “O governo precisa olhar de perto e dar uma solução diplomática. O mais importante para um país é o seu povo, não é balança comercial. Os brasileiros em Angola não poderiam ter sido expulsos daquela maneira, e o governo brasileiro precisa dar uma resposta”.
De acordo com os participantes, na reunião o chanceler disse que conversou sobre o tema com Bolsonaro. França informou que Bolsonaro deve ligar para o presidente de Angola, João Manuel Lourenço, e pedir que uma comitiva de parlamentares e líderes da Universal seja recebida no país.
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A comitiva está sendo organizada pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), que preside o partido. O chanceler disse ainda na reunião que daria atenção especial ao tema, mas que o Brasil não teria como envolver-se em disputas judiciais em Angola sobre o controle dos templos da igreja.
O governo Bolsonaro já indicou apoio à Universal na disputa. Em julho do ano passado, Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano externando “preocupação com os recentes episódios” de “invasões a templos e outras instalações da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus)”. “Registram-se, ainda, relatos de agressões a membros da IURD, que, em certos casos, teriam sido expulsos das suas residências”, escreveu Bolsonaro.
Ainda no final de 2019, o ex-chanceler Ernesto Araújo realizou uma viagem por cinco países africanos, sendo que defendeu a Universal na passagem por Angola.
Mas lideranças evangélicas avaliam internamente que os esforços foram tímidos e que o país não utilizou de pressão política e econômica para fazer valer os interesses da igreja em território angolano.
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Nas discussões internas, eles lembram ainda que Bolsonaro conta com amplo apoio das igrejas evangélicas e que, portanto, deveria se empenhar mais num assunto que afeta uma das mais importantes igrejas neopentecostais no Brasil.
O descontentamento da frente parlamentar com o governo Bolsonaro ocorre no mesmo momento em que o último Datafolha identificou que o mandatário e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão empatados na preferência desse eleitorado.
A pesquisa mostrou que, no primeiro turno da eleição, 35% dos evangélicos votariam em Lula. Bolsonaro marcou 34%. Num eventual segundo turno entre os dois, cada um recebe 45% das intenções de voto, ainda de acordo com a sondagem.
(*) Com informações da Folhapress
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