Manaus, 1 de maio de 2024
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Política

Bolsonaro aposta em almirante como peça central da política externa

Para muitos destes embaixadores, o almirante é considerado um "facilitador", que opera nas sombras e em paralelo ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo

Bolsonaro aposta em almirante como peça central da política externa

Foto: divulgação/internet

Vários embaixadores estrangeiros têm seu número de WhatsApp e se comunicam com frequência, para tratar de temas diversos. Muitas vezes, a conversa é pessoalmente, em almoços e jantares em Brasília.

Desde que assumiu o posto de secretário especial para Assuntos Estratégicos do Planalto, no começo do ano passado, o almirante Flávio Viana Rocha, conhecido por todos como Rochinha, tornou-se peça importante na articulação internacional do governo Bolsonaro.

Para muitos destes embaixadores, o almirante é considerado um “facilitador”, que opera nas sombras e em paralelo ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o deputado Eduardo Bolsonaro e o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. Um moderado, segundo definem militares da ativa e da reserva.

Essa serenidade  —  e um alto grau de realismo pragmático — o ajudou, por exemplo, a executar uma missão que parecia impossível até pouco tempo atrás: aproximar os governos do Brasil e da Argentina.

Em parceria com o embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, o almirante, comentaram fontes diplomáticas, teve uma atuação importante na construção de uma ponte entre os presidentes Jair Bolsonaro e Alberto Fernández.

A resistência era mútua e tinha elementos pessoais que, depois de quase um ano de mandato do chefe de Estado argentino, foram deixados de lado na tentativa de possibilitar uma relação entre governos.

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Viana Rocha viajou pessoalmente à Argentina em janeiro passado  —  mais alta autoridade brasileira a viajar ao país desde a ida do vice-presidente, Hamilton Mourão, à posse de Fernández no final de 2019 —   e foi recebido pelo presidente, pelo chanceler, Felipe Solá, e o secretário de Assuntos Estratégicos, Gustavo Béliz.

Como o almirante, Béliz é braço direito do presidente e com sala na Casa Rosada. A próxima meta de Viana Rocha, também visto como uma presença positiva por diplomatas ativos do Itamaraty, é organizar o encontro entre os dois presidentes, provavelmente no final de março.

O almirante integrou a comitiva da recente viagem de autoridades brasileiras ao Japão e China, chefiada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Um dos destaques da chamada “missão 5G” foi a quebra de gelo com a gigante chinesa de tecnologia Huawei, durante muito tempo rejeitada por Bolsonaro em nome de seu alinhamento automático com o governo do ex-presidente americano Donald Trump.

No começo de janeiro passado, Viana Rocha participou do encontro do presidente Bolsonaro com o chanceler japonês, Toshimitsu Motegi, que passou rapidamente por Brasília para discutir, entre outros assuntos, o leilão 5G. A “missão 5G” da qual o almirante participou também passou pela Suécia e a Finlândia.

 

(*) Com informação O Globo