BRASÍLIA, DF – Militares que integram o governo de Jair Bolsonaro passaram a enxergar uma possibilidade de o general Eduardo Pazuello não ser punido pelo Exército, a partir de uma interpretação do regulamento disciplinar da Força: a manifestação do ex-ministro da Saúde no último domingo (23) não teria sido sobre assunto de natureza político-partidária, o que livraria de punição o general da ativa.
Leia mais: Pazuello nega transgressão ao exército e sustenta ‘honra pessoal’
Na defesa formulada, como resposta ao procedimento aberto pelo Exército, Pazuello adotou a mesma linha, segundo interlocutores do ex-ministro. O ato do qual participou não teria sido político-partidário, segundo ele. O prazo para a apresentação da defesa se encerrou nesta quinta-feira (27).
Bolsonaro, em sua live semanal desta quinta, adotou o mesmo tom. Disse que o ato com motociclistas no Rio de Janeiro não teve viés político pelo fato de ele não estar filiado a nenhuma legenda. Ele prevê ato semelhante em Porto Alegre ou Belo Horizonte em junho.
“É um encontro que não teve nenhum viés político, até porque eu não estou filiado a partido político nenhum ainda. Foi um movimento pela liberdade, pela democracia e apoio ao presidente”, afirmou Bolsonaro.
O presidente viajou a São Gabriel da Cachoeira (AM) para a inauguração de uma ponte. Também estiveram no Amazonas o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto. A expectativa entre os militares é que a viagem servisse para um alinhamento sobre o destino do caso de Pazuello.
A tese de que não teria ocorrido uma transgressão disciplinar pode não encontrar respaldo junto ao comandante do Exército. Após o episódio, em conversas com colegas de farda e de patente, Oliveira manifestou incômodo, inconformismo e insatisfação com o gesto de Pazuello.
O fato de o comandante ter entregue o formulário para que o ex-ministro escreva sua defesa já foi um gesto que denota a gravidade do episódio e que assim foi compreendido pelo comandante, segundo generais que conversaram com ele nos dias posteriores à manifestação de domingo.
Esses generais temem uma cisão irreversível entre o comandante e o presidente da República, que é o comandante supremo das Forças Armadas. O temor é de que, diante de uma punição, Bolsonaro decida contestar o ato administrativo, o que elevaria a crise a outro patamar.
*Com informações Folhapress
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.