Manaus, 26 de abril de 2024
×
Manaus, 26 de abril de 2024

Brasil

ONGs internacionais apontam Amazônia com epicentro do tráfico de animais silvestres

Os levantamentos foram elaborados pela (USAID) em conjunto com outras duas instituições internacionais entre 2012 e 2019

ONGs internacionais apontam Amazônia com epicentro do tráfico de animais silvestres

Reprodução Ibama

A pesquisa realizada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), em conjunto com as ONGs: Traffic e União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) apontam que anualmente cerca de 38 milhões de animais são afetados pela caça e comércio ilegal no país.

Leia mais:  Queimadas na Amazônia têm alta de 28% no mês de julho, informa Inpe

Os dados são do relatório que analisou o tráfico de animais silvestres no Brasil entre 2012 e 2019, pela (USAID),  Traffic e União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), e divulgado na última semana (27), pela Wildlife Trafficking in Brazil, ou Tráfico de Vida Selvagem no Brasil (em tradução livre). A pesquisa pode ser encontrada no link.

O relatório aponta que, em volume e número, o maior comércio ilegal de animais silvestres na Amazônia brasileira é o contrabando de ovos de tartarugas. Além disso, o documento aponta o aumento significativo na exportação do pirarucu (Arapaima Arapaima gigas), o segundo maior peixe de água doce do mundo, nativo da bacia amazônica. O peixe é visado tanto pela sua carne, quanto para o mercado de peixes ornamentais, assim como pelo seu couro e suas escamas, e abastece principalmente os países asiáticos e os Estados Unidos. Além do mercado internacional, o tráfico na Amazônia abastece majoritariamente o sudeste do país.

O documento também se propôs a analisar a compra e venda ilegal de aves, em especial entre as regiões nordeste e sudeste do Brasil. De acordo com o levantamento, 400 espécies, o que corresponde a 20% das aves nativas do Brasil, são impactadas pelo tráfico. Apenas em São Paulo, cerca de 4.200 pássaros são recebidos anualmente no Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS/PET), entre eles espécies ameaçadas de extinção (12%).

O canário-da-terra (Saffron Finch) é a espécie mais traficada motivada por um mercado clandestino de rinhas feita com as aves que inclui até mesmo hibridização para criar canários mais fortes e agressivos para disputa. A espécie responde por 31% do total de aves apreendidas entre 2018 e 2019, segundo dados do Ibama, com 3.115 indivíduos apreendidos.

As motivações do tráfico variam, assim como as espécies e os perfis da “clientela”. De pássaros vendidos em feiras livres, a tartarugas requisitadas pela medicina tradicional, a toneladas de carne de caça para consumo e demonstração de status, ou animais exóticos transformados de forma inapropriada em “pets”, como ilustra bem o recente caso da Naja, cobra peçonhenta proveniente da Ásia e África, capturada no Distrito Federal e que estava sendo mantida de forma ilegal na residência de um estudante de veterinária.

“Nós temos diferentes mercados consumidores sendo supridos, tanto domesticamente quanto transnacionalmente para diferentes locais do mundo, com diferentes usos e diferentes espécies sendo exploradas. Nós temos um comércio ilegal grande pros EUA que varia de peixe ornamental a aves e a répteis, com um comércio crescente pelo couro do pirarucu. Explica Sandra Charity e  Juliana Ferreira, autoras do artigo com os levantamentos.

O relatório foi feito com base em apreensões realizadas pelas agências competentes, como Ibama, Polícia Federal, Polícia Militar Ambiental dos estados e também nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e outros centros oficiais de reabilitação que cuidam dos bichos apreendidos

 

(*) Com informações site O Eco