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Brasil

WhatsApp limita encaminhamento de mensagens para evitar fake news sobre a covid-19

A partir de agora, não será mais possível encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco destinatários, mas a apenas um.

WhatsApp limita encaminhamento de mensagens para evitar fake news sobre a covid-19

Whatsapp- Imagem de Robert Cheaib por Pixabay

O WhatsApp anunciou nesta terça-feira, 7, que vai limitar o encaminhamento de mensagens no aplicativo para evitar a propagação de notícias falsas. A medida resulta do cenário de desinformação na plataforma durante a epidemia do novo coronavírus.

A partir de agora, não será mais possível encaminhar uma mensagem que foi retransmitida diversas vezes a cinco destinatários, mas a apenas um.

A mudança vale para as chamadas mensagens encaminhadas com frequência, que são rotuladas no aplicativo com setas duplas. Essas setas indicam que a mensagem não se originou de um contato próximo.

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“Agora, estamos introduzindo um limite para que essas mensagens possam ser encaminhadas para apenas uma conversa por vez”, diz o WhatsApp.

A empresa afirma ter observado aumento significativo na quantidade de encaminhamentos, o que “pode fazer com que os usuários se sintam sob pressão, além de contribuir para a disseminação de informações erradas”.

Essa é a terceira vez que o mensageiro, que pertence ao Facebook, altera o número de vezes que um conteúdo pode ser transmitido na plataforma. As mudanças são sempre respostas a crises.

O repasse não tinha limite até ser reduzido para 20, após um linchamento na Índia (defendido por usuários da plataforma); no início de 2019, o número caiu para cinco, depois de episódios de disparos em massa durante as eleições brasileiras em 2018.

Um estudo recente feito em parceria pelos projetos Eleições Sem Fake, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, e Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, identificou que quatro de 10 áudios mais compartilhados sobre coronavírus no Brasil são negacionistas.

O grupo analisou 2.108 áudios que circularam de 24 e 28 de março, em 522 grupos públicos de WhatsApp, com a participação de mais de 18 mil usuários ativos.

 

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Os conteúdos têm supostos depoimentos de médicos e testemunhas que afirmam que as CTIs estão vazias, as funerárias estão sem corpos e os mortos por acidente estão sendo contabilizados como mortos pelo vírus.

O professor de gestão de políticas públicas da USP e colunista da Folha Pablo Ortellado, um dos integrantes do estudo, considerou a medida do WhatsApp positiva e mais ágil do que em relação a episódios de alta circulação de informações falsas.

“Tende a reduzir bastante o tráfego de conteúdo viral. O WhatsApp agiu mais rápido. Nas eleições de 2018, foi pego de surpresa; eles haviam recém trocado de direção”, diz. “Agora é uma questão de vida ou morte.”
O Facebook também implementou mudanças em seus outros produtos mais populares, como a rede social e o Instagram, a fim de conter a disseminação de informação falsa durante a pandemia. A empresa e o Twitter eliminaram com celeridade publicações de políticos, como do presidente Jair Bolsonaro, por violarem políticas durante a crise da Covid-19.

Ortellado defende mais duas medidas para o WhatsApp: que, por padrão de privacidade, apenas contatos possam incluir pessoas em grupos (hoje esse recurso não vem por default, precisando ser alterado de forma manual) e que seja possível diminuir as listas de transmissão, que hoje alcançam até 255 contatos.

O WhatsApp também afirma que incluiu em sua versão beta mais recente uma maneira de os usuários descobrirem mais informações sobre mensagens encaminhadas.

Segundo a empresa, a ideia envolve a exibição de um ícone de lupa ao lado dessas mensagens frequentemente encaminhadas, dando aos usuários a opção de realizar uma pesquisa na web, na qual podem encontrar resultados de notícias.

“Estamos trabalhando diretamente com ONGs e governos, incluindo a Organização Mundial da Saúde e mais de 20 ministérios nacionais da saúde, incluindo o do Brasil, para ajudar a conectar as pessoas com informações precisas”, diz a empresa.

 

(*) Com informações da Folhapress