Manaus, 4 de maio de 2024
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Brasileiros que vivem na fronteira temem problemas na Guiana

O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e que intensificou suas ações na “fronteira ao norte do país”

Brasileiros que vivem na fronteira temem problemas na Guiana

(Foto: Vitor Abdala/ Agência Brasil)

Bonfim, em Roraima, é uma cidade pequena, com apenas 13 mil habitantes. Mas, se não chama atenção pelo tamanho, ou por qualquer atrativo turístico, destaca-se por ser a única conexão viária terrestre do exterior com a Guiana, nosso vizinho sul-americano que teve a maior taxa de crescimento econômico mundial, em 2022 (62,3%), segundo o Fundo Monetário Internacional.

A Guiana faz fronteira com Brasil, Venezuela e Suriname. Além do Brasil, apenas Suriname tem posto fronteiriço com o território guianês, mas, ali, a travessia entre os dois países é feita de barco, diferentemente de Bonfim, onde uma ponte liga Brasil e Guiana.

Bonfim e a guianesa Lethem são cidades irmãs, consideradas um arranjo populacional internacional pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Todos os dias, vários brasileiros cruzam a fronteira para fazer compras nas lojas mais baratas da Guiana, para trabalhar ou para fazer negócios com a nova revelação da economia mundial.

‘Se fronteira fechar, acabou’

Segundo ele, um dos receios imediatos é o fechamento da fronteira entre Brasil e Guiana, composta por uma ponte que atravessa o rio Tacutu. “Nós sofremos aqui com a covid. Ficamos fechados aqui durante quase dois anos [devido ao fechamento da fronteira]. Nós não tínhamos dinheiro nem para pagar a energia. E isso pode acontecer novamente. Se fechar a fronteira, acabou”, afirmou o dono do hotel.

Um possível fechamento da fronteira também preocupa Tarcísio Bezerra Almeida, dono de uma loja de materiais de construção em Bonfim. “O principal medo da gente que empreende aqui é a questão do fechamento da Fronteira. Existe boato da possibilidade de haver um fechamento. Isso impactaria diretamente nossa mercadoria”, afirma o brasileiro, que vende produtos de construção, como tijolos, para clientes em Lethem.

Entenda o conflito

O referendo a ser realizado neste domingo (3) pela Venezuela sobre a redefinição da fronteira com a vizinha Guiana pode desencadear um conflito armado, na visão do especialista Williams Gonçalves. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o conflito pode, inclusive, envolver grandes potências estrangeiras.

“Não se trata apenas de [uma possível] guerra para tomar um pedaço de terra. Trata-se de tomar um mar de petróleo que existe ali. Portanto, a possibilidade de internacionalização do conflito, em virtude da importância do que está em jogo, é muito grande”, afirma Gonçalves.

Tradicionalmente um país pobre e com baixos indicadores sociais, a Guiana tem vivenciado um boom econômico nos últimos anos, devido à descoberta de reservas de 11 bilhões de barris de petróleo e outros bilhões de metros cúbicos de gás natural.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Guiana teve o maior crescimento econômico entre todos os países do mundo, em 2022, com um avanço de 62,3% no Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Em setembro, o FMI projetava um crescimento de 38% neste ano.

“Os Estados Unidos têm interesse na exploração do petróleo [da Guiana] e na derrubada do governo [do presidente venezuelano Nicolás] Maduro. Mas por outro lado, a Venezuela tem uma sólida relação com a Rússia e com a China. A Venezuela se tornou uma base militar e tecnológica da China e da Rússia. Portanto, uma internacionalização do conflito pode ser uma coisa realmente explosiva”, disse.

(*) Com informações da Agência Brasil

 

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