Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Casas ficam isoladas devido à cheia na zona Sul de Manaus

Moradores relatam o drama ter tido as casas inundadas pela água do Rio Negro

Casas ficam isoladas devido à cheia na zona Sul de Manaus

Morador tenta sair de casa em meio à enchente (Foto: Arquivo/ Portal AM1)

MANAUS, AM – Casas no bairro Presidente Vargas, na zona Sul de Manaus, ficaram isoladas por conta da cheia do Rio Negro. Com a subida do nível das águas, que atingiu a marca de 29, 64 metros, nessa sexta-feira (14), uma ponte começou a ser construída pela Prefeitura de Manaus para ajudar na locomoção dos moradores.

A medida veio após uma série de protestos realizados pela população afetada pela enchente. Um desses moradores é o autônomo Janderson Oliveira, que precisou abandonar a casa de madeira, às margens do igarapé do São Raimundo, onde morava com a esposa e a enteada de seis anos.

Construção de ponte na rua Walter Rayol (Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

“Não tenho condições de fazer ‘maromba’ e tive que abandonar minha casa e morar de favor na casa da minha sogra, até o rio baixar. Eu tenho medo da gente tá [sic] dormindo dentro de casa e uma cobra morder a gente, ou um jacaré entrar dentro de casa. A casa tá parecendo um aquário já, cheio de peixe, cheio de imundícia, de bicho, de lixo”, relatou.

Janderson Oliveira (Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

Assim como ele, a aposentada Francisca da Silva tem visto sua casa ser tomada pela água. Contudo, diferentemente de Janderson, a casa de Francisca é de alvenaria e fica localizada na rua Walter Rayol, em um ponto mais distante da rio. Mesmo assim, a enchente avançou rua adentro, e já não é possível ver o asfalto.

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(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

“Dois quartos da minha casa já estão isolados e os vizinhos, aqui, estão todos isolados, porque não tem ponte pra [sic] eles passarem”, afirmou. A aposentada conta que foi um de seus filhos que construiu, por conta própria, uma ponte. Não fosse isso, Francisca teria que ficar isolada, assim como Luz Marina, que mora algumas casas à frente.

Marina relata que nas últimas semana precisou enfrentar á água do rio para sair de casa e atividades simples como ir à farmácia ou ao supermercado se tornaram um verdadeiro desafio. “Já tá [sic] mais de três semanas assim, alagou tudo. Eu tava [sic] saindo por dentro da água”, afirmou. Com ela, moram o marido e a mãe, uma idosa de 87 anos. A família se abriga no segundo andar da casa.

(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

Segundo o presidente da comunidade, Marcelo Loureiro, além da ponte, os moradores solicitam da prefeitura as madeiras para fazer as chamadas “marombas”- elevações na altura das casas. Ele afirma que a população teme o avanço da cheia.

“Apesar de já ter saído muita gente, creio que aqui more umas 3 mil pessoas, mas a situação é muita precária. Nós temos pessoas cadeirantes, há pessoas acidentadas por um acidente que aconteceu ali na ponte e as pessoas tão a mercê [sic]”, disse.

Auxílio Moradia

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Manaus informou que vai disponibilizar o Auxílio Aluguel, por três meses, podendo ser prorrogado, para as famílias atingidas pela subida das águas que tenham a necessidade de deixar as suas residências.

“O valor previsto, inicialmente, é de R$ 300 mensais, podendo ser prorrogado, mas a expectativa é que esse valor suba para R$ 500, caso a Câmara Municipal aprove a proposta do Executivo de criação do Auxílio Enchente, que é um acréscimo de R$ 200 ao Auxílio Moradia – benefício destinado aos moradores atingidos pela cheia”, disse em nota. 

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Ainda de acordo com a nota, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) já cadastrou mais de 3 mil famílias e também está cadastrando na área rural ribeirinha. A estimativa é que pelo menos 4.500 famílias sejam cadastradas. As tratativas com o operador bancário já iniciaram e a expectativa é que os recursos estejam disponíveis para os beneficiários na segunda quinzena de maio. Também serão distribuídas às famílias: cestas básicas, colchões (casal e solteiro), lençóis e redes.