MANAUS, AM – Após passarem 11 dias de folga das sessões plenárias, os vereadores retornaram nesta segunda-feira (13) ao Parlamento Municipal e a primeira sessão da semana foi marcada por uma grande discussão em relação à construção do novo anexo da Câmara Municipal de Manaus (CMM) que vai retirar mais de R$ 31 milhões dos cofres públicos.
No início de setembro, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Manaus (CMM) composta pelos vereadores David Reis; Wallace Oliveira; Diego Afonso; Caio André; Glória Carratte; Elissandro Bessa; Eduardo Alfaia e João Carlos resolveu autorizar a contratação de empresa especializada em construção civil para executar obras do prédio anexo 2, da Casa Legislativa. Segundo os vereadores, a obra será para ampliar os gabinetes da CMM. No Diário Oficial do parlamento, o aviso de pregão eletrônico já foi autorizado.
Porém, a construção do anexo resultou em uma grande divergência de ideias na sessão desta segunda. Ao se manifestar contrário à construção do anexo, Rodrigo Guedes afirmou que a ampliação do órgão público não é relevante para a população e pediu que a Mesa Diretora encaminhe o recurso a Prefeitura de Manaus, para que seja usado em ações populares.
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“Sou contra a construção desse prédio, acho desnecessária, não é disso que a população precisa. O orçamento é da Câmara, para o exercício do parlamento, porém, nada impede que esse recurso seja devolvido para a Prefeitura de Manaus. Tenho certeza, mais que absoluta, que se consultarmos a população, 100% serão contra a construção desse anexo. Muito melhor esse recurso ser investido em escolas, saúde, pagamento de auxilio emergencial e inúmeras outras finalidades”, disse Guedes.
O vereador pediu, ainda, que David Reis fosse democrático e fizesse história no Parlamento ao devolver o recurso à Prefeitura de Manaus. A sugestão, no entanto, não foi bem aceita por Reis, que criticou duramente o discurso do colega.
“Eu não tenho nenhuma preocupação em fazer história nessa Casa, estou preocupado com o trabalho de 41 vereadores. O dono desta Casa é o povo, não estou aqui para brincar com o orçamento da Câmara. Só quem não conhece as instalações da Câmara é contra o anexo. O senhor foi infeliz quando chamou essa obra de puxadinho, pode parecer com tudo, menos com um puxadinho. Não haverá gabinetes que parecem uma caixa de fósforo. Aquilo que eu puder fazer para estruturar essa Casa, não farei quórum contra a Câmara Municipal”, rebateu David.
Saindo em defesa do anexo 2, o vice-presidente da CMM, Wallace Oliveira, chegou até mesmo a parabenizar David Reis pela construção milionária do anexo e considerou o discurso contrário como ‘palanque eleitoral’.
“Essa obra não pode ser chamada de puxadinho. Esses discursos oportunistas e eleitoreiros não podem ocorrer. Quando alguém aqui é atacado, toda a instituição é atacada. Quero me solidarizar com o senhor presidente, por esses discursos. Vossa Excelência está de parabéns. Essa obra traz a consolidação do que a população de Manaus precisa. Sou contra o discurso barato de quem quer montar palanque para se projetar”, considerou.
O vereador Mitoso, por sua vez, disse que se decepcionou com Guedes, por levantar discursos para denegrir a imagem dos demais parlamentares e ressaltou que o vereador seria oportunista.
“O parlamento é forte quando ele é unido. Me somo [sic] à fala dos vereadores que entendem a função de um parlamentar, eu lamento os oportunistas de plantão que não sabem o que é tal competência. O vereador Rodrigo tem me decepcionado com esses discursos. A população não vai dar ouvidos a uma retorica barata da qual ele vive”, contou.
Na tentativa de se defender, Rodrigo Guedes criticou a posição dos vereadores e disse que a população precisa ser ouvida antes de o anexo ser construído.
“Não vou criticar a opinião dos vereadores. Mas se fosse uma decisão do presidente, hoje, destinar esse recurso a Prefeitura de Manaus, os senhores não apoiariam? Eu não preciso ficar aqui ouvindo posicionamentos de desrespeito a um vereador contrário a essa construção. Fui eleito como todos vocês. Vamos perguntar à população sobre o que eles acham desses gastos. Vereador, eu tenho um pai, não precisa ficar dando sermão como se fosse tal!”, comentou.
Os vereadores Diego Afonso, Bessa, Lissandro Breval e Gloria Carrate também defenderam a construção do anexo como uma prioridade para Manaus. Glória, inclusive, disse que as “futricas” geradas na Casa Legislativa são geradas pelos parlamentares homens. Além disso, ela disse ser favorável ao conforto oferecido na CMM aos vereadores, alegando que é da época em que os gabinetes eram de madeira no antigo prédio da CMM, na avenida 7 de setembro, no Centro.
Obras recentes
Na última obra do parlamento, os vereadores foram beneficiados com um anexo de gabinetes ao lado do Plenário Adriano Jorge, no prédio da CMM, mais um estacionamento e reformas internas no plenário e na galeria da Casa Legislativa.
Na construção, os vereadores que compõem a Mesa Diretora da Casa foram contemplados com 10 gabinetes mais espaçosos que os tradicionais no prédio principal da CMM. À época, a obra foi orçada em torno de R$ 4,4 milhões e foi entregue em 2018, durante a gestão do atual deputado estadual Wilker Barreto; obra custou quase 10 vezes menos o valor da futura.
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