O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) solicitou nesta quinta-feira (23), a troca de três senadores na composição da Comissão Externa Temporária do Senado, que acompanha a crise na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
Conforme o Cimi, existem evidências de que não existe por parte dos parlamentares a intenção de agir conforme o que cabe ao Poder Legislativo para defender o povo indígena, mas sim a manutenção do garimpo.
No dia 15 de fevereiro, o Senado criou a comissão composta pelos senadores Chico Rodrigues (PSB-RR), presidente da Comissão; Eliziane Gama (PSD-MA), vice-presidenta; Hiran Gonçalves (PP-RR), relator; Humberto Costa (PT-PE); e Mecias de Jesus (Republicanos-RR).
Desses, o Cimi e organizações indígenas manifestaram repúdio a presença de Chico Rodrigues, Hiran Gonçalves e Mecias de Jesus – por considerar que os parlamentares atendem aos seus próprios interesses.
Segundo o Cimi, o senador Chico Rodrigues é dono de aeronaves que atuam no transporte no garimpo da TI Yanomami.
Outro senador que provocou reação negativa foi Hiran Ginçalves, defensor do PL 490/2007, que pretende alterar de forma inconstitucional os procedimentos de demarcação de terras indígenas. Em 2021, durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Hiran afirmou qeu que os povos indígenas eram “empecilho para o desenvolvimento do estado de Roraima”.
Já o senador Mecias de Jesus é defensor da regularização do garimpo em terras indígenas e teve participação na indicação dos coordenadores do Distrito de Saúde Indígena Yanomami, que tomou repercussão internacional com as centenas de mortes de indígenas por desnutrição e doenças relacionadas ao garimpo na região.
Deve ser lembrado que a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal já aprovou e constituiu uma Diligência Externa em maio de 2022 para acompanhamento da situação na TI Yanomami após denúncias de graves violências contra os povos Yanomami e Ye’kuana. Apesar da interferência do Senador Chico Rodrigues, que acompanhou a Diligência in loco e afirmou, cinicamente, que não encontrava nenhuma violação dos direitos humanos dos povos Yanomami e Ye’kuana, a Comissão concluiu seus trabalhos com um Relatório contundente em que declarava:
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