Manaus, 19 de abril de 2024
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Manaus, 19 de abril de 2024

Brasil

Cirurgião é denunciado à polícia e ao CRM por deformar narizes dos pacientes

Alan Landecker é acusado por pacientes e ex-pacientes de deformar os narizes deles; médico diz que foi irresponsabilidade dos pacientes

Cirurgião é denunciado à polícia e ao CRM por deformar narizes dos pacientes

Foto: Reprodução

SÃO PAULO, SP – O cirurgião plástico Alan Landecker está sendo denunciado por pacientes, acusado de ter deformado os seus narizes após procedimentos cirúrgicos de rinoplastia. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Segundo os pacientes, eles ainda não tiveram alta do tratamento, mesmo dois anos após o procedimento. Eles dizem que também estão sem acesso a um prontuário que oriente os próximos passos, e que não entendem como um procedimento para trazer benefícios trouxe tantos danos.

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A advogada Marília Frank é uma das pacientes insatisfeitas de Landecker, e como ela, há mais de 30 reunidos em um grupo de WhatsApp, intitulado Pacientes do Alan. Marília Frank diz que continua com pendências no seu caso, e chegou até a registrar um boletim de ocorrência após a cirurgia. Segundo ela, o seu infectologista convenceu Landecker sobre uma segunda cirurgia, mas o cirurgião não retirou o tecido morto e o rosto dela ficou tomado pela infecção.

“Eu fiz a cirurgia em maio, e quando ele tirou o último curativo, viu que a cartilagem estava podre. Meu nariz estava estragado, eu estava toda torta, e ele me mandou pra casa tomar analgésico. Sigo em tratamento com um otorrino, que fez uma terceira cirurgia e prevê mais duas, sendo uma para reconstrução da columela porque ele retalhou meu nariz, e aí, sim, uma reparadora. Quero justiça. Ele me enrolou por dois meses e a impressão é de que estava lucrando com a infecção”, disse.

Prejuízos emocionais

Outro paciente, o empresário Veraldino de Freitas Júnior, de 35 anos, ainda continua com uma ferida aberta. Operado em setembro de 2020, o seu caso é considerado um dos mais graves, fora o prejuízo financeiro: mais de R$ 300 mil e outras três cirurgias.

“No pós-operatório, meu nariz não desinchou, com o passar dos dias começou a feder, com as pessoas do meu convívio percebendo o odor insuportável, até que no 15º dia abriu uma ferida”, relata. Ele disse que até hoje, faz uso intravenoso de antibióticos, duas vezes por dia, e a ferida já custou até a sua saúde emocional.

Um ano após sua cirurgia, Paula Oliveira, de 38 anos, disse que a cirurgia impactou sua vida de forma negativa. Ela disse que investiu R$ 50 mil para não ter problemas, mas que Landecker “devolveu um nariz pior” e bloqueou sua vida.

“Eu fiz a cirurgia me recuperando de uma depressão, pronta de mudar de país e com emprego engatilhado por lá, mas minha vida foi bloqueada, e eu tive que abrir mão do trabalho para me tratar. Me curei da infecção depois de um terceiro procedimento, mas ainda estou sem olfato, preciso esperar um prazo para fazer o reparo estético, já que fiquei com o nariz deformado, gastei o dobro do que previa com isso e sigo usando todas as minhas economias enquanto não consigo um novo trabalho”, salienta.

“Irresponsabilidade dos pacientes”

Em nota divulgada por seus advogados, o cirurgião disse que prestou toda a assistência, inclusive pós-cirúrgica. Ele atribuiu os defeitos ao fato de que os pacientes não teriam cumprido o protocolo de cuidados recomendados, deixando até de tomar medicamentos e abandonando o tratamento.

“Ressalte-se que, dentre os poucos pacientes que tiveram infecção, a ampla maioria cumpriu as orientações até o final do tratamento, estando totalmente satisfeitos, tanto com a estética como com a função nasal. Todos os pacientes são previamente orientados sobre os cuidados necessários e acompanhados por até três anos após os procedimentos. A correção, seriedade e competência do profissional serão demonstradas por meio de exames e documentos, havendo prova induvidosa de que não incorreu em falta ou erro de qualquer esfera. As imputações e ataques à honra, religião e reputação do Dr. Landecker, nas redes sociais, são alvo de representações, ações criminais e cíveis e seus autores serão devidamente responsabilizados”, diz a nota.

(*) Com informações do G1 Brasil.

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