Manaus, 26 de abril de 2024
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Manaus, 26 de abril de 2024

Política

Como padrinho ou candidato, Lula disputa Presidência desde 1989

Foram seis tentativas de se tornar presidente, saindo vitorioso de duas, e outras duas eleições agiu como intermediador de candidatos

Como padrinho ou candidato, Lula disputa Presidência desde 1989

Foto: Ricardo Stuckert

Manaus – Tentando conquistar um terceiro mandato de presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já é carta marcada na corrida presidencial desde 1989. O petista esteve nas principais disputas pelo pleito nesse período, e vai tentar fazer o “Brasil feliz de novo” em 2022.

Vinte anos depois de ter sido eleito presidente do Brasil pela primeira vez, Lula retorna em uma eleição polarizada, na qual o eleitor brasileiro tenta escolher entre ele e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). No entanto, o petista já lidou com disputas acirradas anteriormente, e a eleição de 2022 será mais uma no currículo de Lula, no que se refere a concorrer à Presidência, mostrando que o petista é um “viciado” no cargo mais importante do Brasil.

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Ao todo, foram seis tentativas de se tornar presidente do Brasil, saindo vitorioso em duas eleições. Outras duas vezes, Lula esteve como um intermediador de candidatos que concorreram para representá-lo. Desta vez, depois de polêmicas de corrupção e uma prisão, o petista se coloca à disposição para, novamente, ser o chefe da República.

Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Bateu na trave

O histórico de Lula nas eleições presidenciais inicia em 1989, na primeira eleição direta após o fim da ditadura militar. Com 22 inscritos, Lula conseguiu se destacar e, apoiado por sindicatos, trabalhadores e classe mais baixa da sociedade, levou a eleição para o segundo turno. Disputando a preferência com Fernando Collor, saiu derrotado com 47% contra 53% do adversário.

Mesmo com a derrota, Lula já demonstrava que era ‘a voz do povo’, quando o jingle da campanha “Lula Lá” foi gravado por diversos artistas e marcou, de alguma forma, a política brasileira. E, com o mesmo jingle, desta vez repaginado, o petista tentará se eleger em 2022.

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Com a derrota nas costas e saindo como um dos favoritos das eleições, voltou a concorrer em 1994. A rivalidade entre PT e PSDB começou a se destacar nessa época, quando Lula bateu de frente com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas novamente perdeu, desta vez no 1º turno, com 55% dos votos para o tucano.

Foto: Reprodução / Twitter

FHC contou com o mérito do Plano Real, responsável por reestabelecer a economia brasileira. Nas eleições seguintes, o tucano repetiu o mérito e derrotou Lula no primeiro turno com 53% dos votos. Na época, Lula ficou em segundo lugar com 32%, mas a vitória viria nas eleições seguintes, sendo eleito em 1994 e reeleito em 1998.

Por um Brasil decente

Foi em 2002, tentando a presidência pela quarta vez, que Lula conseguiu, enfim, se eleger e soltar o grito de campeão. Em uma disputa com José Serra (PSDB), o petista arrancou 61% dos votos no segundo turno e enterrou de vez o governo tucano.

Naquele ano, Lula chamou para compor a chapa o empresário mineiro José Alencar (PL), que chegou a ser vaiado pelos apoiadores do PT. O ex-vice-presidente de Lula morreu em 2011, aos 79 anos, e até hoje arranca elogios de Lula.

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A posse de Lula aconteceu no primeiro dia do ano de 2003 e marcou o início do governo do PT, que duraria mais de 10 anos. Apesar da festa vermelha, o governo foi repleto de escândalos, entre eles, a queda de José Dirceu da Casa Civil por conta do Mensalão.

Foto: Reprodução

Em 2006, Lula não imaginava as voltas que o mundo daria e o colocaria em 2022. Concorrendo à reeleição naquele ano, o petista tinha como rival Geraldo Alckmin, que se tornaria o mais novo aliado na eleição mais polarizada da história do Brasil.

No primeiro turno, o confronto foi apertado, com 49% dos votos para Lula e 42% para Alckmin. No segundo turno, Lula conseguiu obter o favoritismo e conquistou 61% dos votos contra 39% do tucano.

Reeleito, o presidente do PT precisou enfrentar uma crise econômica mundial que começou no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Mesmo com a crise, o PIB brasileiro teve uma redução de 0,1%, o que foi considerado bom, em comparação com o resto do mundo.

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Até o fim do segundo mandato de Lula, o Brasil teve um crescimento econômico de 7,5%. Com o bom desempenho, Lula teve 87% de aprovação dos brasileiros, o que é considerado um recorde de popularidade. Não podendo se reeleger, o petista precisou de uma pessoa que pudesse assumir o governo e continuar com o legado do PT, mas os próximos capítulos ele não adivinharia.

Padrinho dos aliados

Mesmo afastada da campanha de Lula nessas eleições, Dilma Rousseff (PT) foi a escolhida pelo partido para herdar o governo do petista. Com a participação ativa de Lula em comícios, o petista teve grande participação na eleição de Dilma, em 2010.

As declarações de Lula em apoio à Dilma resultaram em multas por propaganda eleitoral antecipada, mas a tentativa de punir, de alguma forma, o ex-presidente não deu resultado, uma vez que Dilma foi eleita a primeira presidente do Brasil com 55,43% dos votos.

Foto: Agência Brasil

Dilma já tinha a confiança de Lula, tanto que o mesmo lhe concedeu o cargo de ministra de Minas e Energia no primeiro mandato. No início das eleições, Dilma estava sendo colocada na segunda posição, contra José Serra. Após ser associada com Lula, Rousseff disparou nas pesquisas e conquistou o pleito.

O ex-presidente Lula viu, pela primeira vez, o risco de o reinado do PT chegar ao fim nas eleições de 2014. Em meio a polêmicas de corrupção, Dilma tentou a reeleição contra Aécio Neves (PSDB), em uma disputa totalmente equilibrada e decidida no último minuto.

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A crise econômica já começava a assombrar o Brasil no primeiro mandato de Dilma, mas se ampliaria no segundo. Em 2013, Dilma precisou enfrentar o “gigante brasileiro” que foi às ruas manifestar contra a Copa do Mundo no Brasil. Os manifestantes chegaram a invadir e subir em cima do teto do Congresso Nacional.

Foto: Agência Brasil

O resultado das eleições em 2014 foi bastante apertado. No segundo turno, quando a oposição do PT estava confiante na vitória do Aécio, o PT acreditou até o último segundo na reeleição. Aécio iniciou a apuração na frente, mas foi alcançado por Dilma, que foi reeleita com 98% das urnas apuradas, com 51% dos votos, contra 48% do tucano.

No entanto, o segundo mandato de Dilma seria marcado pelo impeachment pela acusação de crime de responsabilidade, além de suspeitas de corrupção na Petrobras. O processo foi julgado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Para Lula, o impeachment de Dilma e considerado “golpe”, o que ele repete até os comícios atuais.

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Em 2018, quando tentava recuperar a imagem para disputar as eleições novamente, Lula foi preso por investigações da Operação Lava Jato, coordenadas pelo então juiz Sérgio Moro. Ele ainda chegou a colocar o nome à disposição, mas teve a candidatura barrada no Tribunal Superior Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa; mas não ficou fora da disputa.

Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Com a imagem do PT manchada no Brasil, Lula escolheu o ex-prefeito de São Paulo, Fernand Haddad, para representá-lo nas eleições. Na época, o petista liderava as pesquisas de intenção de voto contra o atual presidente Jair Bolsonaro, mas deixou Haddad com a missão de retomar o poder para o PT, que havia perdido por conta do impeachment de Dilma, e deu a Michel Temer (MDB) o cargo de presidente.

Com diversas críticas ao PT, com o discurso de combate à corrupção e comentários negativos sobre Lula, o presidente Bolsonaro conseguiu se eleger no segundo turno com 55% dos votos, contra 45% do candidato de Lula.

Agora, Lula e Bolsonaro estão frente a frente disputando uma eleição que pode ser uma das mais perigosas do cenário político brasileiro. Atualmente, Lula se encontra na frente nas pesquisas de intenções de voto, com Bolsonaro caminhando para tentar assumir o topo, mas o resultado só será concretizado em outubro nas urnas.