Manaus, 5 de maio de 2024
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Economia

Covid-19: isolados há um ano em sítio, casal inicia projeto de agricultura familiar no AM

Além do projeto da agricultura familiar, o casal também recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19 no próprio sítio

Covid-19: isolados há um ano em sítio, casal inicia projeto de agricultura familiar no AM

Foto: divulgação/arquivo pessoal

MANAUS – O ano era 2020 e, de repente, tudo e todos pararam diante de uma pandemia mundial provocada pelo Coronavírus 2. Rapidamente, a doença  se espalhou pelo mundo e em 13 de março do mesmo ano, o Amazonas registrou o primeiro caso de infecção. Depois disso, caos e muitas mortes foram registrados no início de 2021, com a falta de leitos e oxigênio medicinal na 2ª onda da covid-19 no Estado. No meio desse apocalipse,  um casal amazonense resolveu, a pedido da filha, se isolar literalmente da vida fora do lar e sair da cidade.

Procurando cumprir as medidas de isolamento social e seguindo à risca todas as recomendações, a jornalista e empresária Cristiane Batista optou por preservar a vida de seus pais e os mandou para um sítio fora de Manaus, localizado no quilômetro 15, da rodovia AM-010, no ramal da comunidade Nova Esperança.

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Segundo Cris, a decisão foi tomada por toda a família. “A ideia de ficar no sítio foi da família, justamente para se proteger nesse momento de pandemia. Eles vieram poucas vezes pra [sic]  Manaus e, mesmo assim, usando os protocolos devidos”, ressalta Cristiane.

Isolados desde março de 2020, o aposentado Osmar Silveira Batista, 70 anos e sua esposa Emília Batista, 65 anos, iniciaram uma plantação de mamão, melancia, cactos, samambaia e pinheiro; e já conseguem revender produtos e compor a renda da família.

“Meus pais acabaram plantando mais de 300 pés de mamão e melancia, e conseguimos, agora, manter o sítio. A ideia de plantar já era um projeto anterior, mas com a pandemia e o isolamento social foi aplicado e investido, que durante esse período de um ano já rendeu muitos frutos. Da pra [sic] se manter na base da agricultura familiar”, afirmou Cris.

A jornalista contou que além do projeto de agricultura familiar, ela que criou uma loja virtual para escoar a produção, que também conta com a plantação de alface, rúcula, couve, cebolinha verde; tomate cereja; laranja; limão; jiló; pimentão; abacate; biribá entre outras frutas, verduras e legumes em pequena escala para o consumo. “Ou seja, o ócio criativo não ficou na inércia”, atesta Cristiane.

O casal também recebeu a primeira dose da vacina contra a covid-19 no próprio sítio. Para o senhor Osmar, a ida para o local só foi antecipada pela pandemia, mas o desejo já era de morar em um local onde a natureza impera e que ele poderia trabalhar com a terra.

“Nós já tínhamos plano de vir morar no sítio, mas, com a pandemia, tivemos que adiantar a nossa vinda e para nós aqui está sendo muito bom. Estamos junto à natureza fazendo as nossas plantações, fizemos uma plantação de mamão e outra de melancia e, graças a Deus, todas deram resultado!”, diz Omar.

Aposentado, ele diz que a vida no sítio é mais saudável do que a correria da cidade e que acordar com o canto dos pássaros é muito prazeroso. “A vida no sítio é mais saudável,  porque aqui, nós nos alimentamos com a colheita e são alimentos fresquinhas e saudáveis. Aqui, nós acordamos com o cantar dos passarinhos”, comenta o chefe da família Batista.

Questionada sobre o que mais sente falta na cidade, dona Emília Batista, uma mulher de muita sabedoria, diz que só sente saudade da família, declarando todo seu amor aos parentes .

“A família, somente! A saudade é imensa, da família, dos filhos e dos netos …Nada substitui a falta que a família faz. Ver os filhos, poder abraçá-los e sentir o aconchego, isso não tem preço. Ver os netos crescendo, poder brincar, contar histórias … cozinhar para todos juntos estar reunidos nas refeições. O isolamento social faz brotar em nós sentimentos de falta do convívio, que antes era tão natural, todos juntos. Família, amigos, vizinhos, igreja trabalho, enfim! O mundo que nos absorve”, reflete.

Dona Emília deixou claro que a vida no sítio, para ela, é um verdadeiro refúgio para escapar da vida cotidiana na cidade e do caos da covid-19, também. “A vida no sítio nos deu novas perspectivas e projetos diferentes”, comentou.

Deus no comando

O casal frequenta a Igreja Adventista e busca, em Deus, seu maior refúgio e depois no sítio. Dona Emília diz que sem Ele nada disso estaria de pé e deposita nEle toda a sua fé de que dias melhores virão.

“Buscamos a comunhão diária com Deus e apreciamos a natureza, o quanto ela é bela e o que temos de benefício com o retorno que ela provê. Gosto de trabalhar na terra, ter meu cantinho no jardim, plantar as verduras na horta para o nosso dia a dia. Temos mais tempo saudável, e, então, podemos nos reunir para nos abraçarmos, matar a saudade e contar nossa história… Deus está no comando de tudo. Estamos orando para que tudo isso passe logo”, declarou.