Manaus, 2 de maio de 2024
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Cidades

Depressão na pandemia: por que as mulheres são mais afetadas?

Segundo um estudo da Universidade de São Paulo, as mulheres apresentaram mais sintomas de depressão, ansiedade e estresse

Depressão na pandemia: por que as mulheres são mais afetadas?

Foto: Marcos Santos / USP Imagens/Fotos Públicas

Desânimo, falta de esperança e irritação. Esses foram os sentimentos que mais atingiram a jornalista que mora em Manaus a mais de cinco anos,  Lohany Lopes, 25, no último ano. Lohany tem depressão há cerca de três anos e, com a pandemia da covid-19, viu os efeitos da doença se agravarem, assim como milhares de mulheres, segundo um estudo publicado recentemente pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).

“Com a pandemia e o isolamento social, senti um agravante, um desânimo maior e falta de esperança, teve um período que eu ficava com a minha tv desligada e evitava ler qualquer notícia para que eu não tivesse alguma crise. Ver as pessoas vivendo normal, saindo, me fazia (como até hoje faz) me sentir mal”, relatou Lohany, que foi diagnosticada com Transtorno Disfórico pré-menstrual (TDPM).

A jornalista Lohany Lopes teve os sintomas depressivos agravados com a pandemia (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com o psicólogo Thiago Silva dos Santos, também foi possível ver o aumento dos casos de depressão entre o público feminino durante os atendimentos. Ele explica que as mulheres tendem a ser mais vulneráveis por conta da sobrecarga da vida profissional, dos afazeres domésticos, da relação conjugal e de questões hormonais. Tudo isso, somado à tensão do cenário pandêmico, agrava os casos entre as mulheres.

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Outro fator apontado pelo psicólogo é que as mulheres procuraram mais ajuda profissional. “Ao contrário dos homens que se condicionaram histórico-cultural a negar seus sintomas desde infância, sendo estes ‘permitidos’ apenas ao feminino”.

Transtorno disfórico pré-menstrual

Segundo Thiago Silva, o TDPA tem como característica apresentar alguns sintomas na semana final antes do início da menstruação, na maioria dos ciclos menstruais, e precisa estar em pelo menos dois ciclos menstruais para ser considerado o diagnóstico.

“É importante atentar que os sintomas devem melhorar na primeira semana de menstruação. Os sinais de alerta podem vir através de sintomas como mudança drástica de humor, maior sensibilidade para rejeição ou lidar com conflitos do dia a dia, sentimento de desesperança, humor deprimido, ansiedade acentuada e sensação de estar no limite. É importante atentar que a diferença entre a TPM e a TDPM é a intensidade dos sintomas”, explicou.

Para Lohany, o que ajuda a controlar toda a carga emocional dessa fase é ir além da medicação. “Eu continuo de quarentena, tomo remédios controlados para amenizar toda essa carga emocional e, além disso, faço exercícios físicos em casa, fazer exercícios ajuda muito”, contou. Ela enfatiza que o diagnóstico é fundamental para superar os sintomas. “Todos que sofrem de depressão ou ansiedade devem procurar ajuda, no mínimo sinal desses sintomas, não sinta vergonha!”, finalizou.