Manaus, 20 de abril de 2024
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Cenário

CPI da Covid irá convocar David Almeida e Shádia Fraxe para explicar fura-filas da vacina

CPI da Covid irá convocar David Almeida e Shádia Fraxe para explicar fura-filas da vacina

Requerimentos para ouvir dupla foram apresentados em abril. Foto: Reprodução

MANAUS, AM – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado Federal aguarda aprovação de três requerimentos para que o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, prestem depoimentos e expliquem para todo o Brasil os episódios ocorridos durante o colapso da saúde na cidade quando houve o aumento descontrolado de contágio, internações e morte por Covid-19.

Em janeiro, no auge da 2ª onda da Covid-19, o MP pediu a prisão do prefeito David Almeida e Shádia Fraxe, além  de
outras 22 pessoas, incluindo servidores municipais, empresários e médicos suspeitos de terem furado a fila da imunização. A promotoria ainda solicitou medidas de busca e apreensão de celulares do prefeito, da secretária, da subsecretária de Saúde e dos outros suspeitos de envolvimento na suposta fraude.

O prefeito e a secretária de saúde são investigados pelos crimes de peculato e falsidade ideológica na nomeação de dez médicos que, segundo as investigações, foi irregular e com a intenção de garantir a eles o direito a vacinação.

Além dos médicos, estão sendo investigados também membros do secretariado de Almeida que teriam furado a fila para se vacinar. Entre eles estão os secretários Sebastião da Silva Reis (Limpeza Urbana) e Jane Mara Silva
de Moraes (Mulher, Assistência Social e Cidadania).

Outros membros da administração também estão sob a mira do MP. São eles: Luís Cláudio de Lima Cruz (Subsecretário de Gestão e Saúde) e Djalma Pinheiro Pessoa Coelho, Stenio Holanda Alves e Clendson Rufino Ferreira assessores da Saúde.

Os senadores Marcos do Val (Podemos-ES), Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foram os autores dos requerimentos de convocação. Além disso, Vieira também pediu a quebra do sigilo telefônico e telemático do prefeito de Manaus.

Veja, abaixo, o requerimento assinado por Marcos RogérioDOC-REQ-2062021-CPIPANDEMIA-20210428

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O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) é o autor do requerimento que convoca a secretária de Saúde, Shádia Fraxe. O objetivo dos depoimentos é apurar a responsabilidade tanto de David como de Shádia na crise da segunda onda da covid-19 que se abateu sobre Manaus em janeiro de 2021.

Amazonas na mira da CPI

Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas, foi o último gestor do Amazonas a ser ouvido na CPI. Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal em um dos desdobramentos da Operação Sangria, mas foi solto. Campelo depôs à Comissão na última terça-feira (15), e foi duramente atacado e criticado por senadores do chamado “G7”, que controla a CPI, incluindo o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

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Caso os requerimentos sejam deferidos, essa será a primeira vez que a Comissão vai ouvir um prefeito no exercício da função. A CPI chegou a convocar o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), para depor, no dia 10 de junho. No entanto, Lima foi beneficiado por um habeas corpus emitido pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). Outro ex-gestor estadual convocado foi o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Marcellus Campelo foi o primeiro amazonense a depor na Comissão. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Gestão conturbada

Em 19 de janeiro de 2021, a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, foi vacinada contra a covid-19. Fraxe, que é médica de formação e esposa do deputado estadual Abdala Fraxe, tinha “acabado” de assumir a função de secretária. Ela foi vacinada como “profissional de saúde”, embora, pela sua faixa etária, devesse ser vacinada apenas no mês de junho.

No mesmo dia, quem também foi vacinado antes da hora foi o secretário de Limpeza Pública, Sabá Reis. Apesar de ter comorbidades, o secretário, de 65 anos, deveria ser vacinado somente em fevereiro ou março. Junto com Shádia Fraxe, Sabá foi vacinado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Santos Dumont, na Zona Oeste da capital.

Três dias depois, outra secretária foi vacinada. Desta vez, foi a titular da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania, Jane Mara Moraes. A secretária recebeu o imunizante no dia 22 de janeiro, na Unidade Clínica da Família Senador Severiano Nunes, no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste. A vacinação em unidades consideradas “periféricas” pode ser considerada uma tentativa de driblar o sistema de vacinação.

Recém-formados

Mas além de Shádia, Sabá e Jane Mara, outros médicos recém-formados foram vacinados na ocasião. Embora já estivessem atuando, o que pesou ainda mais foi o fato de serem recém-nomeados para cargos na administração pública, e ainda serem exonerados logo em seguida.

Nessa categoria, se enquadram as médicas e irmãs Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins. As duas foram nomeadas nos dias 18 e 19 de janeiro por David Almeida como gerente de projetos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). No dia 19, as duas receberam a primeira dose da CoronaVac na UBS Nilton Lins, na Zona Centro-Sul. Fotos e vídeos do momento da vacinação foram postados pelas duas nas suas respectivas redes sociais.

Isabelle e Gabrielle Lins foram vacinadas de forma indevida. Foto: Reprodução

Além de Gabrielle e Isabelle, outro recém-formado e recém-nomeado que furou a fila foi David Dallas, filho do ex-deputado estadual Wanderley Dallas. David foi vacinado no mesmo dia em que Isabelle e Gabrielle, também na UBS Nilton Lins. Outros sete médicos também teriam recebido o imunizante de forma indevida.

O trio foi exonerado em fevereiro. No entanto, eles foram alvos de processo da Justiça Federal do Amazonas, que os condenou, em 23 de janeiro, a não receber a segunda dose do imunizante antes do prazo, sob pena de prisão. Já em 25 de janeiro, o Ministério Público do Amazonas pediu a prisão de David Almeida e Shádia Fraxe, pelas irregularidades cometidas na campanha de vacinação, incluindo as vacinações irregulares.

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