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Brasil

Criança morre esperando após dar entrada três vezes no hospital com Covid

O pequeno Gael Aguiar, de 1 ano e 5 meses, morreu enquanto esperava transferência garantida pela Justiça para outro hospital

Criança morre esperando após dar entrada três vezes no hospital com Covid

Foto: Reprodução

RIO DE JANEIRO, RJ – Uma criança de apenas 1 ano e 5 meses morreu depois de esperar uma transferência para uma unidade de saúde que nunca aconteceu. O pequeno Gael Aguiar de Souza Silva morreu na segunda-feira (24), no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ).

Gael deu entrada na unidade de saúde três vezes, em três dias diferentes. Já na última vez, ele foi diagnosticado com suspeitas de leucemia, hepatite, e chegou a testar positivo para covid-19. Segundo a mãe do garoto, Jéssica Aguiar, o menino deu entrada pela primeira vez apresentando uma febre repentina, mas recebeu diagnóstico de infecção intestinal.

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No entanto, mesmo medicado, Gael não melhorou, e Jéssica voltou ao hospital. No segundo atendimento, ele foi diagnosticado com uma virose, e foi liberado mais uma vez. O garoto ainda foi pela terceira vez ao hospital, e recebeu o diagnóstico de uma anemia, após exames de sangue e urina, sendo liberado mais uma vez.

As coisas começaram a complicar. No dia 17 de janeiro, já com um inchaço na barriga, Gael teve que voltar ao hospital, quando foi internado já com alterações no fígado. Mesmo assim, o menino estava bem e sorridente, segundo a família. Já no dia seguinte foi diagnosticado com covid-19, e precisou ser levado para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI).

Direito garantido

De acordo com a tia de Gael, Tainara Araújo, de 22 anos, no dia 19, a família foi informada de que o garoto precisava ser transferido para um hospital que tivesse leito de emergência pediátrica com especialidade em hematologia.

“A essa altura, ele tinha, pelo que nos falaram, suspeita de leucemia e de hepatite, além da questão da Covid-19. Mas, apesar da necessidade que os próprios profissionais anunciaram, não se mexeram para fazer a transferência. É um absurdo”, afirmou.

Tainara procurou a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, para tentar a transferência do sobrinho via Justiça. Na última sexta-feira (21), a juíza Luciana Halbritter determinou a transferência de Gael para a nova unidade de saúde. No entanto, quando a tia chegou ao Albert Schweitzer no sábado (22), o quadro era desanimador: Gael não tinha sido incluído na fila para transferência.

“Só fizeram isso depois que eu acionei a polícia. Só que no dia seguinte um médico falou que já não era possível transferir meu sobrinho, porque o quadro era muito delicado e havia risco de morte. Mas só foi assim porque não resolveram o problema antes. Esperaram agravar. Não fosse por isso, o Gael poderia estar vivo agora, recebendo o tratamento adequado”, afirmou Tainara.

Morte

Gael acabou morrendo na última segunda-feira (24), depois de três paradas cardíacas. A certidão de óbito traz como causas da morte “choque não especificado, síndrome inflamatória multisistêmica e pneumonia devido à covid-19”. No entanto, a família está desnorteada com todo o desenrolar dos acontecimentos.

Em nota, o Hospital Albert Schweitzer confirmou os atendimentos de Gael nos dias 9, 12 e 15 de janeiro, com os diagnósticos de gastroenterite e infecção urinária. Na nota, a unidade lamentou o falecimento da criança, e se colocou à disposição da família.

O corpo do menino foi sepultado na manhã desta terça-feira (25), no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, no Rio de Janeiro. Uma vaquinha online busca arrecadar dinheiro para ajudar a família a custear o enterro.

(*) Com informações do Metrópoles.