Divulgação Semcom
Manaus/AM – O estoque de vacinas de primeira dose, que estavam disponíveis para vacinação, acabaram nessa semana em Manaus. Com isso, a capital ficará os próximos três dias sem vacinar a população contra a doença. As vacinas acabaram em razão de o prefeito David Almeida ter anunciado, nos últimos dias, a vacinação para faixas etárias mais jovens. Empolgado com a aceleração das faixas etárias imunizadas, o gestor anunciou, na quinta-feira (8), a liberação de vacinação para pessoas com 20 anos ou mais. Nesse momento, mais de 40 mil manauaras foram vacinados. Só que agora acabou.
No último dia 19 de junho, David Almeida comemorou, com festa, balões e fogos de artificio, a marca de 1 milhão de pessoas vacinadas em Manaus. Menos de um mês depois, anuncia que as vacinas acabaram e que a população ficará três dias sem a campanha.
Vale lembrar que desse total de pessoas vacinadas, apenas pouco mais de 300 mil foram imunizadas de fato, ou seja, receberam as duas doses.
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Perigo
E agora, essa suspensão da aplicação da vacina vai atrasar a corrida no combate a pandemia de covid-19. De acordo com a epidemiologista Denise Garret, vice-presidente do Instituto Sabin, a corrida contra a doença, a demora na vacinação abre uma vantagem para o vírus.
“Quando encontra um obstáculo, o vírus vai tentar ultrapassar aquele obstáculo. Não é exatamente igual, mas é um processo parecido quando você toma antibiótico pela metade, por isso é que a gente tem que tomar os dias corretos do antibiótico, porque senão você vai estar selecionando ali as bactérias mais fortes, se você parar pela metade. É um processo semelhante, numa vacinação incompleta você tem uma pressão imunológica que pode estar facilitando a evolução do vírus e, no final, selecionando as variantes do vírus que são resistentes”.
No início do ano, Manaus viveu um cenário de caos com a segunda onda da pandemia, quando houve uma explosão de casos e falta de oxigênio nos hospitais da cidade. Especialistas apontam que há risco, ainda, de uma terceira onda do vírus. E mesmo assim, David Almeida preferiu acabar com o estoque ao invés de traçar um planejamento eficaz, sem que as doses acabassem.
O pesquisador e infectologista, Jesem Orellana, criticou o processo de vacinação da prefeitura e o fato de Manaus ainda não ter atingido nem 50% da população vacinada
“Mesmo tendo vacinado quase um milhão de pessoas, Manaus sequer atingiu 50% da população com a primeira dose e tem apenas 14% da população total com a segunda dose ou com o esquema completo. Como, de fato, é o número de vacinados no total da população que interessa, do ponto de vista epidemiológico, ainda estamos muito longe de comemorarmos algo”, disse.
“Isto porque, nosso processo de vacinação está muito atrasado e com seguidas interrupções, evidenciando o inadequado planejamento da campanha e o caráter populista da vacinação em Manaus, já que a Prefeitura tem feito mutirões de vacinação que também tem servido para aumentar ou manter a circulação viral em níveis perigosamente altos. O ideal seria vacinar a população de forma contínua e contundente”, afirmou.
“Na última sexta-feira, quando começamos a vacinar o público a partir dos 20 anos, tivemos uma resposta muito positiva da população, com mais de 40 mil pessoas em nossos pontos de vacinação. E isso acabou por zerar o nosso estoque de primeiras doses. Mas estamos aguardando novas remessas nos próximos dias, para que possamos retomar o atendimento. Até lá, seguiremos com a segunda dose para que cada vez mais pessoas estejam, de fato, protegidas de complicações que a Covid-19 possa causar”, afirma a secretária titular da Semsa, Shádia Fraxe, deixando claro que a prefeitura se perdeu no controle das doses.
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