
(Foto: Divulgação/Semcom e Senado)
Manaus (AM) – Considerando as reviravoltas da política, o cenário da eleição de 2018 pode se repetir em 2026, colocando novamente o senador Omar Aziz (PSD) e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), frente a frente na disputa pelo Governo do Amazonas. Mas como isso poderia acontecer, se atualmente os dois são aliados?
O apoio de Omar a David na eleição municipal de 2024, conforme os bastidores políticos, teria sido um movimento estratégico já de olho em 2026. A ideia inicial seria que, com David reeleito na prefeitura, ele retribuísse apoiando Omar na disputa pelo governo estadual. No entanto, como na política amazonense “até boi voa”, o jogo pode virar até o ano que vem e colocar ambos no mesmo páreo. Em 2022, David apoiou Omar na reeleição para senador da República.
David afirmou diversas vezes durante a campanha que, se reeleito, cumpriria o mandato até o fim. Ele destacou que, em 2022, teve a chance de concorrer ao governo, mas recusou por compromisso com Manaus, apesar de ter sido “tentado e pressionado” para deixar a prefeitura.
“Eu tenho compromisso com a minha cidade, quero me reeleger, cumprir meu mandato de quatro anos e não usar o cargo como trampolim, como todos estão falando”, garantiu.
Fidelidade não é regra na política
Para o cientista político Carlos Santiago, fidelidade não é uma regra no mundo político, onde o que prevalece é a conquista, manutenção e ampliação do poder. Segundo ele, o cenário para 2026 está em aberto e permite diversas composições.
“A composição entre o governador Wilson Lima e seu vice, Tadeu de Souza, uma aliança do grupo político de Wilson com David Almeida ou até mesmo um acordo eleitoral entre Wilson e Omar Aziz são possibilidades viáveis”, avalia Santiago.
Ele destaca que a disputa não se restringe ao cargo de governador e vice, mas também envolve duas vagas ao Senado, além de cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.
“Dependendo do interesse, do ganho de poder, da ampliação ou manutenção da influência política, será isso que vai guiar as alianças para 2026. Fidelidade e palavras dadas sempre ficarão no campo da política apenas como planos”, pontua.
David e Omar: aliados que já estiveram em lados opostos
David Almeida assumiu o governo do Amazonas interinamente, em 2017, após a cassação da chapa do ex-governador José Melo e do ex-vice-governador Henrique Oliveira. Na época, ele era presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e filiado ao PSD, partido liderado por Omar Aziz.
No entanto, na eleição suplementar daquele ano, Omar declarou que o PSD não lançaria candidato ao governo, inviabilizando a candidatura de David e optando por apoiar Amazonino Mendes (in memorian), que acabou eleito.
Em 2018, David deixou o PSD e se filiou ao PSB para disputar o governo do Amazonas, tendo Chico Preto como vice. Ele ficou em terceiro lugar, com 417.203 votos, sem conseguir avançar ao segundo turno.
Após a eleição “tampão”, Omar explicou durante entrevistas que optou por apoiar Amazonino Mendes porque considerava David inexperiente para o cargo:
“Por que o Amazonino naquele momento? Pela experiência. Não se pode colocar o Estado nas mãos de uma pessoa inexperiente. Você não coloca seu carro na mão de um mecânico amador, mas de um profissional”, comparou o senador na época.
Agora, até filiados ao PSD já veem o nome de David como uma possibilidade viável para a sucessão estadual em 2026.
Os bastidores da sucessão no Amazonas
A candidatura de David ao governo seria um movimento natural na política, especialmente considerando que ele poderia contar com o apoio da máquina estadual, além da prefeitura. Isso porque o governador Wilson Lima, que não pode mais concorrer à reeleição, surge como um potencial candidato ao Senado.
Para isso, no entanto, Wilson precisaria renunciar ao cargo, e seu vice, Tadeu Souza, assumiria o governo. Tadeu, além de ser presidente municipal do Avante em Manaus, é um aliado pessoal de David. Justamente por essa proximidade, sua escolha como vice-governador já foi um movimento estratégico.
Corre nos bastidores que pesquisas internas estão sendo realizadas para o grupo político avaliar o desempenho de David e Omar.
No entanto, um fator ainda em aberto é a postura de Tadeu Souza. Se ele assumir o governo, estaria disposto a apoiar David ou tentaria consolidar seu próprio nome na disputa?
Cenário favorável a David
Para o cientista político Helso Ribeiro, o momento político atual favorece David. Ele tem ao seu lado o vice-prefeito Renato Júnior, um aliado de confiança, e pode contar também com o vice-governador Tadeu Souza, que assumiria o governo caso Wilson Lima saia para disputar o Senado.
“Mas se David Almeida decidir se candidatar ao governo, acabou o trato com Omar. Existem dois momentos cruciais para essa definição: o primeiro, no final de março, prazo em que ele precisaria deixar a prefeitura para concorrer; e o segundo, no início de agosto, quando as convenções partidárias irão oficializar as candidaturas”, analisa Ribeiro.
Por enquanto, a eleição ainda parece distante, mas as articulações políticas já começaram nos bastidores, e a possibilidade de um novo embate entre David e Omar ganha cada vez mais força.
Os cenários ainda são incertos, mas, enquanto 2025 se desenrola, os líderes políticos já estão de olho em 2026.
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