Manaus, 25 de abril de 2024
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Manaus, 25 de abril de 2024

Política

De ‘vagabundo’ a pedido de prisão, CPI da Covid coleciona barracos

Mesmo em pouco tempo, a comissão parlamentar de inquérito já rendeu diversas revelações

De ‘vagabundo’ a pedido de prisão, CPI da Covid coleciona barracos

Senador Omar Aziz (PSD-AM); vice-presidente da CPIPANDEMIA, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

BRASÍLIA, DF – Ao longo das últimas três semanas, a CPI da Covid já ouviu seis autoridades e recebeu diversos requerimentos dos senadores. Mesmo em pouco tempo, a comissão parlamentar de inquérito que investiga a atuação do Executivo no enfrentamento da pandemia e o uso dos recursos federais por estados e municípios já rendeu diversas revelações.

Os depoimentos que desencadearam acontecimentos interessantes são dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta; do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga; do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres; do ex-secretários de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten; e do gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo.

Veja a seguir os principais fatos da CPI da Covid: 

Pfizer confirma que Governo ignorou oferta de 70 milhões de doses

Presidente regional da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, revelou à CPI que a empresa fez ao menos cinco ofertas de doses de vacinas contra a Covid-19 em 2020 – que não foram fechadas. Segundo Murilo, as negociações começaram em maio e, em agosto, foi feita a primeira oferta ao Brasil, com dois quantitativos disponíveis: 30 milhões e 70 milhões de doses.

Saiba mais: Diretor da Pfizer confirma que Governo ignorou oferta de 70 milhões de doses

Carta da Pfizer é revelada 

Uma carta encaminhada ao presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), onde a farmacêutica Pfizer diz ter doses do imunizante já produzidas e pede celeridade na aquisição por parte do governo brasileiro foi revelada. Portal Amazonas 1 teve acesso com exclusividade ao documento.

O vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello; da Economia, Paulo Guedes e da Casa Civil, Braga Netto, além do embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster, também receberam cópia.

“A potencial vacina da Pfizer e da BioNTech é uma opção muito promissora para ajudar seu governo a mitigar esta pandemia. Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, diz um trecho da carta assinada pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla.

Jefferson Rudy/Agência Senado

Mudança na bula da cloroquina

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, foi questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre relato do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que contou no colegiado ter participado de reunião no Palácio do Planalto em que foi sugerida uma proposta de decreto para alterar na bula da cloroquina para contemplar a indicação contra a Covid-19.

O diretor da Anvisa, que também é contra-almirante da Marinha, confirmou que participaram do encontro Mandetta, o então ministro da Casa Civil, general Braga Neto, e a médica Nise Yamaguchi.

“Esse documento foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação deselegante minha”, relatou Torres. “Só quem pode modificar a bula é a agência, desde que requisitado pelo desenvolvedor do medicamento… quando houve uma proposta de pessoa física, eu falei ‘não tem cabimento'”, afirmou.

O almirante ainda confirmou que em seguida Mandetta se retirou da reunião e disse não saber quem foi o autor do decreto, mas que Nise parecia estar “mobilizada”.

Leia também: Documento da Pfizer comprova que Governo Federal ignorou oferta de vacinas em setembro

“Renan vagabundo”

A audiência da CPI da Covid da última quarta-feira (12) foi suspensa pela parte da tarde após uma discussão entre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL). Eles trocaram ofensas e acusaram um ao outro de ‘vagabundo’.

O filho de Bolsonaro não é integrante da CPI, mas teve permissão para falar ao criticar a postura do relator em pedir a prisão de  Fábio Wajngarten, por mentir na CPI. “Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros. Olha a desmoralização”, declarou o senador.

 

Fabio Wajngarten (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Renan Calheiros ameaça mandar prender Wajngarten

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou também no último dia 12 que o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten incriminou o presidente Bolsonaro. Renan pediu, ainda, o áudio da entrevista que Wajngarten concedeu à revista Veja e ameaçou com prisão, caso as respostas dadas à revista se provassem contrárias às que cedeu à Comissão.

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que Renan Calheiros estava ameaçando o depoente e afirmou que a prisão nem seria possível, pois não seria em flagrante. Além disso, O pedido de prisão gerou divergência entre Calheiros e Omar Aziz, que negou o pedido.