Manaus, 4 de maio de 2024
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Cenário

Documento da Pfizer comprova que Governo Federal ignorou oferta de vacinas em setembro

CPI da Covid avalia que a carta da farmacêutica mostra descaso do Governo com as vacinas

Documento da Pfizer comprova que Governo Federal ignorou oferta de vacinas em setembro

Foto: Agência Brasil

MANAUS/AM- A Pfizer ofereceu proposta ao Brasil para o fornecimento da vacina contra a covid-19 em setembro de 2020. É o que mostra uma carta encaminhada ao presidente Jair Bolsonaro (Sem partido), onde a farmacêutica diz ter doses do imunizante já produzidas e pede celeridade na aquisição por parte do governo brasileiro. O Portal Amazonas 1 teve acesso com exclusividade ao documento.

O vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello; da Economia, Paulo Guedes e da Casa Civil, Braga Netto, além do embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster, também receberam cópia.

“A potencial vacina da Pfizer e da BioNTech é uma opção muito promissora para ajudar seu governo a mitigar esta pandemia. Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, diz um trecho da carta assinada pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla.

Na ocasião, segundo ele, a farmacêutica fechou acordo com o governo dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão e vários outros países para o fornecimento de, pelo menos 900 milhões de doses da vacina. Bourla também cita a “confiança” do ex-presidente americano, Donald Trump – um dos parceiros de Bolsonaro-  na capacidade de produção do imunizante.

Leia mais: Pfizer recua, e CEO irá presencialmente à CPI da Pandemia

Em outro trecho do documento, o CEO aponta que não obteve resposta da proposta do governo brasileiro e reforça a pressa para realização do pedido.

“Minha equipe no Brasil se reuniu com representantes de seus Ministérios da Saúde e da Economia, bem como com a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta. Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou representantes do Governo Brasileiro o mais rapidamente possível”, destaca.

Sem avanço nas negociações envolvendo a compra da vacina da Pfizer, o Brasil fechou o mês de setembro do ano passado com 22.371 mil mortes pela covid-19. Na época, o governo federal alegou dificuldades para armazenar e distribuir o imunizante pelo país.

CPI da Covid

A rejeição da cúpula do governo Bolsonaro para garantir milhões de doses de vacina será um dos focos da CPI da Covid, no Senado Federal, que investiga as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia. Inclusive, a carta da Pfizer foi entregue à comissão pelo ex-secretário Fabio Wajngarten durante depoimento nesta quarta-feira (12).

Agora, a comissão avalia o documento como prova de que o governo brasileiro foi incompetente e não priorizou a compra de imunizantes contra a doença.

“A carta da Pfizer, que ele entregou, mostrou como o governo foi incompetente. O presidente Bolsonaro e os ministros Braga Netto, Paulo Guedes e Eduardo Pazuello não responderam à carta, mostrando a incompetência e a falta de prioridade na compra de vacinas”, disse o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AP).

Confira documento na íntegra:

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