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Política

Delação na Lava Jato: Consórcio da Ponte Rio Negro pagava a Eduardo Braga

Delação na Lava Jato: Consórcio da Ponte Rio Negro pagava a Eduardo Braga

Eduardo Braga/EBC

O consórcio que construiu a Ponte Rio Negro, em Manaus, formado por Camargo Corrêa e Construbase, acertou pagamentos periódicos ao governador do Estado do Amazonas na época, Eduardo Braga (PMDB), no momento da licitação, segundo um dos delatores da operação Lava-Jato, Arnaldo Cumplido. As informações foram publicadas pelo jornal Valor Econômico. 

Veja a matéria: http://www.valor.com.br/politica/4937878/cumplido-consorcio-da-ponte-rio-negro-pagava-eduardo-braga-pmdb

As transferências eram feitas por meio de uma inicialmente subcontratada, mas depois cessionária do contrato, a Construtora Etam. De acordo com levantamento no portal da Transparência do Estado, feito pelo Amazonas1, a Etam recebeu R$ 1,23 bilhão do Estado, desde 2005, nos governos de Braga, Omar Aziz (PSD) e Jose Melo (PROS).

Em um dos vídeos de delações divulgados ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cumplido aparece explicando que assumiu a posição de diretor de obras de infraestrutura da Camargo Corrêa por volta de junho de 2009, quando a obra da ponte já estava em andamento, e Marco Antônio Costa, seu antecessor como responsável pelo projeto, explicou que havia o tal “ajuste” com o governo do Estado. Cumplido visitava, segundo ele, as obras no Rio Negro a cada aproximadamente 45 dias. Em um dia, no próprio canteiro, Costa lhe explicou do acerto feito à época da licitação.

O consórcio iniciou os trabalhos no local em 2007. Após a saída de Costa, Marco Aurélio Bittar, superintendente da construção, lhe passava informações em algumas oportunidades sobre os pagamentos, diz o delator. “Eu não sei precisar que tipo de ajuste ou favorecimento houve, mas certamente houve alguma coisa, já queo contrato inclusive foi ganho”, relata no vídeo.

Em 2009, quando assumiu, a Etam, construtora local, já havia se tornado cessionária do contrato. A Construbase, por sua vez, após se apurar que o projeto necessitava de um aditivo contratual, já estava em vias de deixar o consórcio. A Camargo Corrêa, então, tocou a obra até sua conclusão, em outubro de 2011. Segundo o delator, essa foi a primeira vez em que se deparou com uma ilicitude. Mesmo assim, não questionou o porquê dos pagamentos, por exemplo. “Não achei normal, mas ele [Marco Antônio Costa] me passou um relato breve e minha função era ser diretor de todos os projetos de infraestrutura”, diz Cumplido.

Braga, além de governador, já foi prefeito de Manaus, deputado estadual e federal e ministro de Minas e Energia de Dilma Rousseff.

Braga é suspeito de receber R$ 1 milhão em pagamentos indevidos da Odebrecht quando era governador do Amazonas, segundo inquérito autorizado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o delator Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, o acordo entre a empresa e o governador era relacionado à construção da ponte do Rio Negro. O inquérito faz parte de investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Fachin autorizou inquéritos para investigar ministros, senadores, deputados e governadores.