Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Política

Deputado apresenta projeto para derrubar decreto do governador

O decreto do governador Wilson Lima abre mão de milhões de reais em receitas do negócio de produção de gás natural do Amazonas.

Deputado apresenta projeto para derrubar decreto do governador

Base de Urucu (Ecoamazônia)

O deputado estadual, Dermilson Chagas (PP), irá apresentar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), para impedir que o estado tenha perdas e barrar o Decreto de nº 40.709, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e assinado pelo governador Wilson Lima (PSC), que abre mão de milhões de reais em receitas do negócio de produção de gás natural do Amazonas.

Segundo o parlamentar, a decisão do governador é “no mínimo, equivocada”, pois o estado vive um momento de dificuldade financeira, com o rombo na folha de R$ 1 bilhão.

Deputado Dermilson Chagas (Divulgação)

Para o deputado Serafim Correa (PSB), o decreto não era necessário, pois, de acordo com o artigo 155 da Constituição da República, inciso II, parágrafo segundo, inciso X, alínea b, “não incide Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações interestaduais de petróleo e gás, e energia elétrica, portanto, nada justifica ter substituição tributária”, informou Correa.

Deputado Serafim Correa (Reprodução/Amazonas1)

Serafim comunicou, também, que não sabe a razão pela qual o governador realizou o decreto. “Ao meu ver, não precisa ter decreto para dizer aquilo que a Constituição Federal já assegura. Não faz sentido querer cobrar ICMS em operações interestaduais, quando a operação diz que sequer há incidentes de ICMS”, finalizou o deputado.

Gás Natural

O gás natural, atualmente, é extraído e processado pela Petrobras na base petrolífera de Urucu, em Coari, a 363 quilômetros de Manaus, e comercializado para Cigás, na capital, que distribui para geradores independentes de energia e para a empresa Amazonas Geração e Transmissão. A tributação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ocorre pela chamada de substituição tributária cuja responsabilidade hoje de calcular e recolher para o estado, é da Petrobras.

Base de Urucu (Ecoamazônia)

De acordo com Dermilson, o ICMS é calculado pelo preço de comercialização ao final da cadeia que está em torno de R$ 1,68 por um metro cúbico, o que gera uma receita anual de ICMS, em torno de R$ 480 milhões. “Com o Decreto do governador, o Estado permitirá que o gás natural ao ser explorado na bacia do rio Amazonas, seja comercializado por preço em torno de R$ 0,30. Olha diferença de um preço por outro, gerando perda da receita de ICMS”, afirmou.

Para Dermilson, a decisão de abrir mão de mais uma receita é totalmente equivocada no momento em que os próprios técnicos da Secretária de Estado da Fazenda (Sefaz) informaram para os deputados que os gastos do Estado não diminuíram e que corre o risco de, até o final do ano, ficar sem pagar os servidores. “Por isso, irei fazer um Decreto Legislativo para sustar esse Decreto do Governo. O Estado não pode ficar sem receita”, salientou.

O decreto

O decreto foi publicado na edição de 28 de maio de 2019 no Diário Oficial do Estado (DOE) e assinado pelo governador Wilson Lima (PSC). Segundo o documento, fica excluído do regime de substituição tributária, o gás natural extraído na bacia sedimentar do rio Amazonas, utilizado na produção do Gás Natural Liquefeito (GNL) com destino final a áreas do livre comércio.

Com o decreto, o governo abre mão de milhões de reais do negócio da produção de gás natural do Estado.

 

(*) Com informações da assessoria