Manaus, 20 de abril de 2024
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Brasil

Deputado do AM propõe CPI do tráfico internacional de indígenas

Funai identificou 18 casos de doutrinação islâmica realizada por turcos no município de São Gabriel da Cachoeira

Deputado do AM propõe CPI do tráfico internacional de indígenas

(Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados)

Brasília (DF) – O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) propôs a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar um suposto esquema de tráfico internacional de indígenas no interior do Amazonas.

A proposta foi apresentada em audiência pública realizada, na manhã desta quarta-feira (10), na Câmara dos Deputados, após a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) identificar 18 casos de doutrinação islâmica realizada por turcos no município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 km de Manaus).

O objeto da investigação terá como base a denúncia da Funai sobre o processo de islamização no município amazonense que vem doutrinando crianças e adolescentes indígenas, enviando-as para a Turquia com a promessa de melhores condições de vida. Também foi apurado pela Funai que o grupo islâmico já atua no território amazonense desde 2019.

Para o deputado federal Amom Mandel, a proposta de CPI ganha ainda mais força por se tratar de uma questão internacional, obrigando o Estado a dar uma resposta para que a reputação do Brasil não seja prejudicada.

“Os casos de tráfico humano e de exploração sexual de menores (…) é um problema pertinente. Como citei aqui, dez anos atrás, houve um caso de exploração sexual de menores de idade indígenas para venda a garimpeiros, fazendeiros, empresários locais e até políticos e para outras pessoas da Venezuela, por exemplo. Sempre houve um quê internacional nesse problema e agora é envolvendo a Turquia. O problema em si é o mesmo, com a falta de presença do Estado brasileiro na Amazônia”, disse o deputado.

A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lúcia Alberta, relatou que o caso começou a ser apurado pelo órgão em outubro do ano passado, após o acionamento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente em Manaus, que chegou identificar a presença de oito jovens entre 13 e 16 anos na casa de dois turcos.

“Esses jovens relataram que a ida para a instituição (centro islâmico) foi mediada pelos parentes. Ou seja, teve a autorização dos pais com a oferta de melhores condições de vida, com a melhoria da educação dessas crianças e adolescentes, que seriam posteriormente enviados para a Turquia para continuar os estudos e posteriormente retornarem ao Brasil como professores de religião”, afirmou a diretora.

Segundo ela, os jovens eram obrigados a realizar os deveres domésticos do local, em situação de má higiene e precariedade de alimentos.

“A alimentação deles se restringia a arroz e feijão, sem nenhuma proteína e raramente eles comiam macarrão. (…) Ainda consta nesse relatório da Funai que as condições dessa casa eram muito precárias e insalubres. O quarto dos jovens era muito sujo com a presença de um forte odor, bem como falta de higiene no banheiro que eles utilizavam no decorrer do processo (de doutrinação)”, ressaltou a diretora.

Na audiência pública promovida para debater o assunto ficou estabelecido que o embaixador da Turquia no Brasil será convidado para prestar esclarecimentos.

Presente na audiência, a delegada da Polícia Federal (PF), Letícia Prado da Silva Cavalcante, informou que não se aprofundaria no tema durante a audiência pública, pois o caso segue em processo de investigação.

“Cumprimos diligências sigilosas”, reforçou.

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