Brasília (DF) – O deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) propôs a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar um suposto esquema de tráfico internacional de indígenas no interior do Amazonas.
A proposta foi apresentada em audiência pública realizada, na manhã desta quarta-feira (10), na Câmara dos Deputados, após a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) identificar 18 casos de doutrinação islâmica realizada por turcos no município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 km de Manaus).
O objeto da investigação terá como base a denúncia da Funai sobre o processo de islamização no município amazonense que vem doutrinando crianças e adolescentes indígenas, enviando-as para a Turquia com a promessa de melhores condições de vida. Também foi apurado pela Funai que o grupo islâmico já atua no território amazonense desde 2019.
Para o deputado federal Amom Mandel, a proposta de CPI ganha ainda mais força por se tratar de uma questão internacional, obrigando o Estado a dar uma resposta para que a reputação do Brasil não seja prejudicada.
A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lúcia Alberta, relatou que o caso começou a ser apurado pelo órgão em outubro do ano passado, após o acionamento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente em Manaus, que chegou identificar a presença de oito jovens entre 13 e 16 anos na casa de dois turcos.
“Esses jovens relataram que a ida para a instituição (centro islâmico) foi mediada pelos parentes. Ou seja, teve a autorização dos pais com a oferta de melhores condições de vida, com a melhoria da educação dessas crianças e adolescentes, que seriam posteriormente enviados para a Turquia para continuar os estudos e posteriormente retornarem ao Brasil como professores de religião”, afirmou a diretora.
Segundo ela, os jovens eram obrigados a realizar os deveres domésticos do local, em situação de má higiene e precariedade de alimentos.
“A alimentação deles se restringia a arroz e feijão, sem nenhuma proteína e raramente eles comiam macarrão. (…) Ainda consta nesse relatório da Funai que as condições dessa casa eram muito precárias e insalubres. O quarto dos jovens era muito sujo com a presença de um forte odor, bem como falta de higiene no banheiro que eles utilizavam no decorrer do processo (de doutrinação)”, ressaltou a diretora.
Na audiência pública promovida para debater o assunto ficou estabelecido que o embaixador da Turquia no Brasil será convidado para prestar esclarecimentos.
Presente na audiência, a delegada da Polícia Federal (PF), Letícia Prado da Silva Cavalcante, informou que não se aprofundaria no tema durante a audiência pública, pois o caso segue em processo de investigação.
“Cumprimos diligências sigilosas”, reforçou.
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