Manaus, 9 de maio de 2024
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Manaus, 9 de maio de 2024

Economia

Dívida bilionária pode comprometer venda da Amazonas Energia

Dívida bilionária pode comprometer venda da Amazonas Energia

Venda da Distribuidora está prevista para ser finalizada até maio (Foto: Reprodução)

O leilão da Amazonas Distribuidora de Energia, programado para acontecer até o mês de maio, pode ser comprometido pelo impasse que envolve a transferência do contrato de compra de gás firmado entre a Petrobras, a Eletrobras, a Cigás e a distribuidora de energia elétrica no Amazonas.

Venda da Distribuidora está prevista para ser finalizada até maio (Foto: Reprodução)

Isto porque se esse contrato não for repassado para a Amazonas Geração e Transmissão de Energia (também subsidiária da Eletrobras no Estado), em comum acordo entre as partes envolvidas, até abril, o processo de privatização fica impedido de ser realizado.

Uma fonte ligada à Eletrobras informou ao Site Amazonas 1 que a Petrobras se recusa a aceitar a transferência do contrato de compra de gás da Distribuidora para a Geradora de energia no Amazonas.

O motivo é uma dívida consolidada da Eletrobras de aproximadamente R$ 20 bilhões para com a petroleira. A dívida é referente à compra de combustível para abastecer as distribuidoras subsidiárias da Eletrobras na Região Norte do país. Desse total, cerca de R$ 3 milhões são pertencentes à Amazonas Distribuidora de Energia.

Sem poder contar com a garantia da Eletrobras, já que a estatal de energia elétrica só deve se responsabilizar por parte da dívida, conforme decisão tomada em assembleia geral entre os acionistas, a Petrobras resiste em aceitar as condições previstas em cessão no contrato de compra de gás junto à Amazonas Distribuidora, informou a fonte.

Conforme determinação da Eletrobras, o restante da dívida deve ser assumido pelo novo comprador da concessionária de energia no Amazonas, que está em processo de privatização.

Contrato vai até 2030

O contrato de compra de gás firmado entre Amazonas Distribuidora de Energia, Eletrobras, Petrobras e Cigás, data de 2006 e tem validade até 2030.

Procurada pela reportagem do Amazonas1, a Petrobras não respondeu aos questionamentos.

Ainda de acordo com a fonte ligada à Eletrobras, a crise agravada pelo impasse acaba comprometendo inclusive o processo de desverticalização (divisão das atividades de distribuição da geração de energia elétrica) da Amazonas Distribuidora, que era para ter sido finalizado em 2015.

“O único empecilho que está travando a conclusão do processo de desverticalização é o repasse desse contrato de compra de gás. O Governo Federal ainda não encontrou mecanismos de solucionar esse impasse entre a Petrobras e a Eletrobras”, revela a fonte.

Há poucos dias, durante evento na B3 (antiga Bovespa) em São Paulo, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse ao jornal Valor Econômico que espera chegar, até o início de abril, em um acordo com a Petrobras. “Estabelecemos um cronograma para avançar nas discussões, ele está correndo”, disse o executivo referindo-se às discussões com a Petrobras.

Segundo Wilson Ferreira, havendo um acordo com a Petrobras, a desverticalização da Amazonas Energia será concluída. O prazo “fatal” para isso, segundo ele, é dia 11 de abril.

 

Privatização pode não acontecer

Em seu cronograma, a Eletrobras junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDS), que coordena o processo de privatização das seis distribuidoras da estatal de energia, planeja lançar o edital para o leilão da Amazonas Distribuidora no dia 28 de março, próxima quarta-feira.

O processo de privatização também abrange as distribuidoras dos Estados do Acre, Alagoas, Piauí, Rondônia e Roraima.

O lançamento de edital, bem como o leilão das seis concessionárias, deve ocorrer em datas diferentes. O prazo limite para a privatização das companhias de energia elétrica é de 4 de maio de 2018.

Responsável por coordenar todo o processo de privatização das concessionárias junto à Eletrobras, o BNDS definiu o dia 11 de abril de 2018 para que o contrato de compra de gás seja transferido para a Amazonas Geração e Transmissão, dando assim, continuidade no plano de venda das distribuidoras.

Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabeleceu a data de 30 de abril de 2018 como prazo limite para que o contrato seja repassado.

Conforme esclareceu a fonte do Amazonas1, caso o contrato de gás não seja transferido até a data limite estabelecida pelo decreto de privatização das distribuidoras, tanto Petrobras quanto Eletrobras irão perder, porque deixam de receber o subsídio da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).

O subsídio é um encargo que é cobrado na conta de luz de todos os consumidores do país para subsidiar a compra de combustíveis que abastecem as usinas termelétricas de regiões isoladas do Norte do Brasil.

O repasse da CCC é destinado para o pagamento da compra líquida do combustível junto a Petrobras, abrangendo assim, tanto a compra de gás quanto de óleo combustível. O pagamento desse subsídio está amarrado ao contrato da compra de gás.