Manaus (AM) – O maior número de conflitos por terra em 2023, que resultou em assassinatos no Amazonas, ocorreu na Zona de Desenvolvimento Sustentável Abunã-Madeira (Amacro), fronteira entre os estados de Rondônia e Acre, áreas de expansão do agronegócio. A informação foi divulgada nesta semana no relatório “Conflitos no campo Brasil 2023” pela Comissão Pastoral da Terra.
Conforme o relatório, dos 31 assassinatos, 8 foram na região, sendo 5 causados por grileiros de terra na Zona de Desenvolvimento Sustentável (ZDS) Abunã-Madeira, que abrange 32 municípios dos três estados. “Prometida como ‘modelo’ de desenvolvimento com foco na sociobiodiversidade, tornou-se epicentro de grilagem para exploração madeireira e criação de gado, com altas taxas de desmatamento, queimadas e conflitos”, diz o relatório.
O relatório relaciona os conflitos ao maior crescimento de renda da elite mais restrita no Amazonas, com variação real de renda de 122%, e crescimento no número de conflitos por terra de 202%. O maior número de conflitos por terra no estado se deu nas Mesorregiões Sul – em que parte dos municípios integra a Amacro e Centro Amazonense – municípios próximos a Manaus, nas áreas de expansão do agronegócio.
Em 2023, a Amacro concentrou 10% (179) de todos os conflitos por terra registrados no país, e 26% de todos os assassinatos ocorridos em contexto de conflitos no campo, segundo o relatório.
Região Norte
O levantamento feito pela Pastoral da Terra mostra que o número de ocorrências de violência contra a ocupação e posse na Região Norte foi o maior entre as demais regiões do país.
Somente no Amazonas, foram 12.446 mil invasões, no entanto, o número foi superado pelo estado de Roraima, que registrou 15.962 invasões de terra. Ao todo, a região teve 41.925 ocorrências.
As situações de despejo também foram elevadas no Amazonas, nas quais foram registradas 803 famílias e outras 1.039 sofreram tentativas ou ameaças de expulsão.
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