MANAUS, AM – A recuperação da Covid-19 leva tempo e a doença tem deixado sequelas em quem é acometido por ela, agredindo significativamente o pulmão e podendo deixar rastros em outras partes do corpo. Em casos mais graves é necessário adotar o uso de um tratamento chamado Oxigenação por Membrana Extracorporal (ECMO), como é o caso do ator Paulo Gustavo, que está internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) realizando tratamento ECMO e ventilação mecânica.
Internado há mais de um mês, o ator tem passado por altos e baixos no seu quadro clínico. Com isso, os médicos decidiram adotar o tratamento de ECMO e ventilação mecânica para manter Paulo estável.
O Portal Amazonas 1 entrou em contato com Sophia Livas, Doutora em Saúde Pública da Fiocruz AM, para esclarecer algumas dúvidas sobre o procedimento médico.
O que é o ECMO?
Oxigenação por Membrana Extracorporal é um tratamento no qual o paciente em estado crítico da Covid-19 precisa de ajuda extra para continuar respirando.
O tratamento funciona da seguinte forma: o sangue é retirado de uma das veia do paciente e é levado até uma bomba. De lá, ele é transferido para uma membrana. Essa membrana faz o papel do pulmão. A mesma retira o oxigênio e dióxido de carbono (CO2) para em seguida o sangue, que havia sido retirado, volte para o corpo do paciente.
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De acordo com Sophia Livas o tratamento é a última opção adotada pelos médicos.
“Essa técnica é uma das últimas tentativas que os médicos estão usando pra tentar salvar os pacientes acometidos pela SRAG (Síndrome respiratória aguda grave). É recomendável fazer isso por algumas semanas, lembrando que o paciente ainda está usando o respirador, até que consigamos vencer a doença que causou todo o estrago”, informou Sophia.
As chances de sobreviver são grandes?
O ator Paulo Gustavo adotou o ECMO e o quadro de saúde oscila com o passar dos dias. Sophia contou que essa prática é eficaz, entretanto, varia muito de acordo com o estado do paciente.
“Há alguns estudos ao redor do mundo. O mais recente é um estudo elaborado por profissionais do Hospital das Clínicas, que foi publicado no dia 24 de março. Ele aponta que 54% dos pacientes de covid-19 que passaram pelo ECMO no hospital, entre abril e outubro do ano passado, sobreviveram”, contou a especialista.
De acordo com a profissional, as chances de sobrevivência são de 50%, isso dentro de uma escala mundial. Sophia ressaltou que se for analisar a situação, entre pacientes com covid-19 e os sem a doença, os com o vírus morrem mais por serem casos mais graves
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Além disso, a especialista em saúde pública frisou que a técnica é usada em outras vertentes.
“Essa técnica é uma tecnologia que funciona não como um tipo de tratamento, mas como um resgate. Ela é utilizada após todas as outras medidas de tratamento e suporte respiratório falharem. Ela é a última opção que nós temos”, falou.
O SUS e a ECMO
Sua função é manter o corpo oxigenado sem forçar os pulmões da vítima. Essa tipo de tratamento tem sido muito utilizado em hospitais particulares, o SUS (Sistema Único de Saúde) não adotou por ser um custo elevado. Em média, é gasto cerca de R$ 30 mil reais por dia para manter o tratamento em um paciente.
Barrado em 2015 pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), até hoje, mesmo com a pandemia da covid-19, a medida não foi adotada.
Segundo Sophia, mesmo sendo um tratamento com custo elevado, o sistema público conseguiria sim arcar com os gastos.
“Teria como arcar sim. O SUS é um dos maiores patrimônios que o Brasil tem, mas infelizmente temos no poder uma gestão omissa, que não se preocupa com a saúde da população”, revelou a profissional.
Sophia contou que o SUS está entrando em um estado de decadência por falta de comprometimento dos atuais governantes do país.
“Infelizmente, o SUS padece com a falta de investimento e cada vez mais ele vai definhando, sendo sucateado”, lamentou a profissional.
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