Manaus, 26 de maio de 2024
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Manaus, 26 de maio de 2024

Cultura

Em homenagem à escritora Ana Peixoto, ‘Pensatório Coisas de Ana’ é inaugurado

O espaço "Pensatório Coisas da Ana" funcionará de 16h as 20h e estará disponível para eventos literários pequenos

Em homenagem à escritora Ana Peixoto, ‘Pensatório Coisas de Ana’ é inaugurado

Foto: Divulgação

MANAUS – Nesta quarta-feira (31) seria comemorado o aniversário de uma das maiores escritoras literárias do estado do Amazonas, Ana Peixoto. Professora e escritora, Ana completaria 70 anos de idade, mas infelizmente, no dia 10 de setembro de 2020, ela morreu vítima da Covid-19. Pensando em sempre deixar vivo o talento da escritora, a filha dela, Ana Roberta Peixoto, decidiu criar um espaço cultural em homenagem a mãe. O “Pensatório Coisas da Ana” foi inaugurado hoje e ficará aberto ao público das 16h às 20h.

O espaço fica na própria casa de Ana. O nome “Pensatório” foi escolhido porque a escritora tinha um quartinho em casa onde ficava escrevendo suas obras. O local conta com exposição das obras da autora e objetos pessoais como: colares, cocares, roupas, fotografias e a coleção de corujas. Ana era apaixonada pelo animal.

Ana Roberta, filha da escritora, contou à equipe do Portal Amazonas1 que a mãe sempre foi um exemplo, dedicada aos filhos e ao trabalho.

“Ana como mãe não media esforços para nos fazer felizes, nos mostrava com bons exemplos, junto ao meu pai Roberto Peixoto, como seguir a vida. Ela era sempre íntegra, determinada, corajosa, alegre, brincalhona e amiga” relatou Ana Roberta.

Ana Peixoto levava alegria por onde passava, sempre disposta a viver um dia de cada vez. Amante de aventuras, a escritora conheceu 46 munícipios do Amazonas levando para cada um deles um pouco da literatura amazonense.

“Ana foi o melhor ser humano que conheci. Sua vida foi uma trajetória de conquistas, nada foi muito fácil. Quando pequena, ela teve paralisia infantil e achava que não passaria dos 14 anos, mas debutou, estudou, trabalhou, casou e frutificou. Plantou árvores, escreveu livros, amou, foi amada e tinha senso de justiça bem forte. Ela foi e é pra mim a pessoa de olhar mais singelo do mundo. As mãos mais abençoadas que conheci e dona do coração maior do mundo” contou a filha da escritora ao Amazonas1.

O espaço “Pensatório Coisas da Ana” funcionará de 16h as 20h e estará disponível para eventos literários pequenos, mediante agendamento antecipado.

Uma mulher de muitos amigos

Por amar viajar e conhecer pessoas, Ana fez muitas amizades ao longo da vida. Katty Anne Nunes, amiga da escritora, conheceu Ana enquanto trabalhava como bibliotecária da Semed (Secretária Municipal de Educação). Katty conta que a relação de ambas não ficou apenas profissional, pois Ana era um ser humano que espalhava alegria e luz por onde passava.

Enquanto trabalhavam juntas, elas realizaram projetos voltados para valorização da literatura. O Barco Biblioteca, do instituto “Ler para crescer” foi um deles. As duas levavam um pouco de literatura para comunidades ribeirinhas do Amazonas. Além disso, elas participavam de saraus entre amigos.

“Trabalhar com a Ana sempre foi maravilhoso porque ela é um ser desprovida de preconceito. Ela acolhe todos da mesma forma, sempre entregando o seu melhor, sempre pensando nas possibilidades. A questão de dificuldades e barreiras nunca a impediram de realizar nada”, relatou Katty.

Outro amigo pessoal de Ana, o editor chefe da editora Valer, Isac Maciel, contou que – em anos de amizade – nunca viu Ana triste. Segundo ele, era uma mulher com alegria contagiante.

“Hoje, Ana completaria 70 anos e a sua obra está ai. Ainda bem que continua preenchendo a vida do leitor, seja criança ou adulto, com informações e também com aquela alegria que era característica da Ana Peixoto”, disse Isac.

O amigo, Celdo Braga, resumiu Ana em três tempo: ser humano incrível, escritora com potencial e super amiga. O amigo ressalta a saudade que sente da escritora.

“Em síntese, a Ana é um exemplo de ser humano que merece, pelo menos na nossa memória, um monumento” finaliza Celdo.

De 2015 a 2020, ao lado do amigo e irmão de coração, professor Paulo Gravata, Ana decidiu levar a Cultura do Amazonas para outros estados. Ela participou de exposições em escolas do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Paulo conta que eles decidiram realizar esse projeto para valorizar e mostrar o trabalho feito pelos artistas nortistas.

Ana Peixoto e Paulo Gravata

“Minha vida se transformou da água para o vinho, pois a Escritora Amazonense Ana Peixoto era um ser iluminado que gostava de gente e das coisas da Amazônia”, falou Paulo.

Giselle Mascarenhas contou que a amizade entre elas era sincera. Ela e a família frequentavam a casa e o sítio da escritora.

Ana Peixoto, Giselle Macarenhas e sua filhaGiselle contou que a sua filha mais velha escreveu um poema em homenagem à Ana Peixoto,e que a própria escritora fez questão de gravar um vídeo recitando o poema, chamado de “Menina Ana”.

Além de uma amiga incrível, Ana era um exemplo a ser seguido. A amiga, Euzeni Araújo, gravou um vídeo para falar um pouco sobre a amizade com a escritora. Emocionada, Euzeni mostra que Ana sempre lhe presentou com poemas lindos.

 

Confira o vídeo:

 

Ana Peixoto, mulher, mãe, um marco para a literatura regional que deixou um legado lindo para os amantes de literatura, que lutou para dar voz aos artistas locais, que buscava levar a cultura do Norte do país para os outros estados e que sempre viverá na memória de cada amazonense.

 

Biografia

Ana Maria de Souza Peixoto, mais conhecida como Ana Peixoto, foi professora e escritora amazonense. Natural de Manaus, Ana nasceu em 31 de março de 1951, formou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em 1974. Ela dedicou grande parte da sua vida lecionando, mas após aposentar-se, em meados de 2004 , Ana voltou toda sua atenção e dedicação para a literatura infanto-juvenil.

Ana lançou obras como “Quintal, local para ser feliz”, no qual deu inicio à série “Coisas de Ana”. As obras “Os frutos do meu quintal”, “Os animais do meu quintal” e “Sapos do meu quintal” trazem conteúdos voltados à valorização da literatura infantil.