Manaus, 28 de abril de 2024
×
Manaus, 28 de abril de 2024

Economia

Empreendedoras no AM migram de vendas físicas para on-line durante a pandemia

As empreendedoras conseguiram driblar a crise na pandemia da covid-19 com vendas nas redes sociais e não pensam em voltar a ter espaço físico

Empreendedoras no AM migram de vendas físicas para on-line durante a pandemia

Foto Arquivo Pessoal / Iury Uchiyama - Fernanda Demasi

Manaus – Duas mulheres, mães e empreendedoras viram, por um momento, no meio da crise causada pela pandemia da covid-19, seus sonhos sendo encerrados com o fechamento de suas lojas físicas. A decisão de encerrar as atividades se deu após decreto governamental que proibia a abertura de tais espaços na 1ª onda da doença em Manaus.

Estas são as histórias das empreendedoras Iury Uchiyama, do ramo de vendas de confecções no atacado, e de Fernanda Demasi, do ramo da confeitaria e da moda. Elas tiveram que se reinventar e migrar para um espaço virtual, ganhando cada vez mais destaque em suas respectivas áreas.

Iury Uchiyama contou que já está no ramo de vendas em atacado há 14 anos e possuía um loja física em um centro comercial, na avenida Torquato Tapajós, mas, com o agravamento da pandemia, não teve mais como ficar pagando o aluguel do ponto fechado. Além da queda nas vendas na loja, ela deixou de encaminhar as mercadorias para o interior do Amazonas.

“Eu trabalho há 14 anos como distribuidora de confecções no atacado e distribuo para várias cidades do Amazonas. Eu tinha essa loja física, mas durante a pandemia, o decreto estadual impediu que a loja ficasse aberta e que passageiros transitassem nos barcos de um município para outro. Isso dificultou totalmente e me deixou praticamente sem trabalho. A gente teve que fechar loja e também não podíamos ir até os municípios levar as mercadorias”, disse a empreendedora.

Empreendedoras_ Iury Uchiyama

Empreendedoras_ Iury Uchiyama

Ela também disse que, por um momento, ficou desesperada pensando como iria fazer para quitar as dívidas, mas parou para pensar e colocar ideias antigas em prática, uma delas, a loja virtual.

“Com o fechamento dos comércios, me senti desesperada, pois tinha minhas contas a pagar, minha casa para manter, meus funcionários para pagar e eu já tinha um pensamento de montar uma loja virtual. Eu e o meu marido resolvemos pôr em prática esse plano porque eu já tinha a mercadoria”, revela.

Iury disse que ficou surpresa com os resultados que vêm obtendo com a loja virtual e o quanto conseguiu conquistar a clientela, até mesmo de fora do Estado.

“Inicialmente, eu pensava em atingir apenas o meu público, as minhas consultoras e as clientes que eu já tinha. Mas, para minha surpresa, o meu maior público não veio da minha clientela, mas de pessoas desconhecidas e de municípios que eu nunca visitei”, contou a empresária.

Com a aceitação e expansão das vendas on-line, Iury disse que isso lhe permitiu contratar dois funcionários para atuar na loja, improvisada em um dos cômodos de seu apartamento.

“Assim, eu criei minha loja virtual, que vai fazer um ano em abril. Daí a gente só vem crescendo. Contratei uma funcionária, serviço de motoboy para entregas em Manaus e a gente trabalha fazendo entregas para todos os municípios e outros estados”, contou Iury Uchiyama.

Para ela, depois que o medo de ficar sem um trabalho passou, a pandemia deu resultados e não pensa em voltar a ter uma loja física novamente. A empresária percebeu o retorno das vendas on-line.

“A pandemia amenizou e nós crescemos bastante em volume de mercadoria, vendas para outras cidades brasileiras e continuamos com a loja virtual. Eu não tenho mais interesse em um ponto físico. Meu marido deu continuidade em outra empresa no mesmo ramo. Durante a pandemia, também engravidei e fiquei em casa tomando conta da loja virtual. Meu esposo visita os clientes porta a porta e vai aos municípios”, adiantou Uchiyama.

A bebê de Iury Uchiyama tem dois meses de vida e se chama Melinda Barbosa.

Leia mais: Apesar da pandemia, doces e ovos de páscoa caseiros ainda são opção de renda extra

Já a empresária Fernanda Demasi sempre apostou nos doces para ter sucesso na vida. Com uma doceria que funcionava na zona Centro-Sul de Manaus, ela teve que encerrar as atividades durante a pandemia. Ela disse que ainda tentou manter o empreendimento, mas o aluguel se tornou inviável.

“Eu tive que fechar minha loja porque foram muitos meses com ela fechada e sem ganhar dinheiro suficiente para manter. Eu tinha que pagar o aluguel, então decidi fechar. Aí coloquei a produção aqui na cozinha da minha casa. Consegui ampliar a doceria e já consigo servir refeições em jantares e festas a partir de dez pessoas”, disse ela.

Empreendedoras_Delícias Demasi

Empreendedoras_Delícias_Demasi

Fernanda disse que expõe seu produtos no Instagram e que a rede social tem atraído novos clientes, além dos antigos, que a empreendedora disse que são “fiéis” ao negócio.

“Eu tenho um público muito bom e fiel no meu Instagram. Está dando muito certo e, de verdade, hoje em dia eu não abriria outra loja. O faturamento é ótimo e você não assume dívidas que teria com uma loja física. Apesar de ser uma vitrine e você se tornar mais conhecido, a loja tem seus prós e contras. O meu Instagram me dá um retorno muito bom”, disse Demasi.

Fernanda Demasi é solteira e tem um filho de 14 anos. Ela contou que abriu o empreendimento de forma física e ficou no espaço por um ano e seis meses, mas já tinha a loja virtual desde 2016.

Empreendedoras_Delícias_Demasi

Empreendedoras_Delícias_Demasi

“Eu já tinha minha loja on-line desde 2016. Comecei vendendo brigadeiro e, em 2019, abri a loja, mas a pandemia veio e tive que fechar porque tinha que pagar o aluguel e funcionários. Então decidi encerrar e voltar às vendas virtuais”, conta a empresária.

A empreendedora é a famosa “faz-tudo” em sua loja virtual. Ela produz os doces e comidas, tira fotos e posta nas redes sociais. Fernanda também tem um espaço virtual para comercialização de roupas femininas, como forma de ter mais uma opção de renda.