Manaus, 1 de julho de 2024
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Cidades

Especialista diz que seca vai ser ‘forte’, mas não severa como em 2023

O geólogo Jorge Garcez acredita que o estado vai enfrentar problema de navegabilidade durante a seca deste ano; mas que a situação é diferente.

Especialista diz que seca vai ser ‘forte’, mas não severa como em 2023

(Foto: Rafa Neddermeyer ABr)

Manaus (AM) – Embora a Defesa Civil do Amazonas alerte sobre a previsão de uma seca severa para 2024, devido aos níveis dos rios estarem abaixo do esperado para a época, o geólogo e consultor independente Jorge Garcez diz que a vazante este ano vai ser “forte”; mas não severa como a do ano anterior.

“Então, o que eu entendo, é que esse deslocamento do período chuvoso vai empurrar o verão um pouco mais para frente e, por conta do nível ainda baixo das águas na cheia, nós não vamos ter uma cheia grande este ano, devemos ter uma cheia grande no próximo ano, em 2025; mas este ano a cheia vai ficar um pouco controlada e a vazante vai ser uma seca forte também, mas não severa como a do ano passado. Então, nós não corremos riscos de termos situações de gravidade como no ano passado, mas teremos problemas de navegabilidade, com certeza, em alguns rios da nossa região”, disse.

Em entrevista ao Portal AM1, ele atribui a estiagem do ano passado a uma série de fatores que levaram a região a passar por uma seca extrema, considerada histórica em mais de 120 anos, principalmente, ao El Niño, um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal da superfície do Oceano Pacífico.

“A seca que tivemos no ano passado foi uma seca extrema, foi uma estiagem severa; mas extrema em razão de uma série de fatores. A gente estava no auge do El Niño, que é um fenômeno climático que incrementa as temperaturas no Pacífico e isso afeta o comportamento do ciclo hidrológico entre os Andes e o Atlântico. Entre o Pacífico e o Atlântico, estamos nós aqui na Amazônia e, agora, nós estamos numa transição do El Nino para La Niña, ou seja, nós estamos entrando no período de mais precipitação do que calor, a La Niña é o inverso do El Nino”, explicou.

A La Niña é um fenômeno que diminui a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Ainda conforme o especialista, do ano passado para cá, a média de cheia dos rios da Amazônia está baixa.

Então, se compararmos a curva média da enchente dos rios para o mesmo período, o nível das águas está abaixo de níveis históricos.

Jorge Garcez avalia que o período de chuva está deslocado na região. Segundo ele, não era para estar chovendo “tanto” em maio e, apesar de estarmos nos primeiros dias do mês de junho, ele acrescenta o período. Como consequência disso, o verão amazônico acaba compelido. A época apresenta altas temperaturas e chuvas abaixo da média, que marcam o período mais quente do ano. O verão amazônico vai de julho a dezembro.

Alerta cheia

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresentou nesta quinta-feira (6) o terceiro alerta de cheia do Amazonas, que mostra que os rios Negro, Solimões e Amazonas continuam com baixa probabilidade de enfrentar cheias severas neste ano.

Segundo a chefe do Departamento de Hidrologia do SGB, Andrea Germano, a cheia não apresenta “preocupação”, até o momento, porque está dentro da “normalidade”, o que faz com que a atenção do serviço geológico esteja voltada à seca deste ano.

“Hoje, estamos anunciando uma cheia ordinária, em 2024, para os municípios do SAH do Amazonas, mas já estamos de olho na vazante e há preocupação futura com baixos níveis nos rios da Amazônia. O monitoramento de chuvas, níveis e vazões, realizado pelo SGB, é muito importante para minimização dos eventos críticos”, enfatizou.

O aviso visa fornecer previsões atualizadas sobre os níveis dos rios e condições climáticas, além de apoiar o planejamento de ações para o período.

As previsões, feitas com antecedência de 15 dias para o pico da cheia, contemplam os municípios de Manaus, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins.

Já o superintendente Regional do SGB de Manaus (SUREG-MA), Marcelo Motta, chamou atenção para as suposições sobre a seca, segundo ele, é preciso ser “responsável ao falar sobre a vazante”.

“Nossos pesquisadores podem mostrar cenários diferentes. Se a natureza colaborar, pode haver uma mudança, e não enfrentaremos uma seca tão severa como a que imaginamos”, explicou.

Segundo o superintendente, a ideia é disponibilizar essas informações à sociedade, para que as defesas civis, municipal e estadual possam tomar as medidas necessárias para minimizar os impactos ambientais.

“Sabemos que as empresas que operam no Distrito Industrial de Manaus e aquelas que trazem insumos para a Zona Franca também compartilham dessa preocupação”, destacou.

Defesa Civil

A Defesa Civil do Amazonas emitiu alerta sobre a possibilidade da estiagem em 2o24 ser ainda mais severa que a de 2023.

Segundo o órgão, os níveis dos rios em todas as calhas do estado estão abaixo do esperado, se comparados com anos anteriores.

No caso de Manaus, o Rio Negro, neste período do ano, está mais baixo até do que no ano passado, quando houve a seca histórica.

Ou seja, a estiagem este ano pode ser tão ou mais intensa quanto a de 2023, segundo o órgão. A proteção civil direcionou o alerta a moradores de áreas que costumam ser mais afetadas pela seca, para começarem a guardar água, alimentos e remédios.

 

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