Manaus, 4 de maio de 2024
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Manaus, 4 de maio de 2024

Cidades

Estudo mostra grave crise no sistema de transporte público em Manaus

Os impactos da pandemia no setor, em Manaus, vêm aparecendo ao longo de 2021. Em julho deste ano, a empresa Açaí Transportes fechou as portas

Estudo mostra grave crise no sistema de transporte público em Manaus

Foto: Arquivo/ Portal AM1

Manaus, AM – A falta de assistência e atenção ao setor do transporte público em Manaus, durante a pandemia de covid-19, gerou consequências graves como uma crise no sistema. Os dados constam no estudo ‘Impactos do Transporte Público do Ônibus provocados pela pandemia da Covid-19’, da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), divulgados nesta semana.

De acordo os dados, Manaus é uma das 24 cidades consultadas que enfrenta uma considerável defasagem entre custos e receitas, além das empresas de transportes entrando em crises financeiras e os funcionários prejudicados pelos salários baixos.

“Os resultados desta nota técnica demonstram a gravidade da situação enfrentada pelo sistema de transporte público por ônibus no Brasil ao longo dos últimos 14 meses. Há uma substancial perda de receita sem a devida adequação dos custos”, diz o estudo da NTU.

“A pandemia provocou uma redução drástica da receita, e o impacto financeiro resultante, somado à ausência de uma medida de socorro emergencial adotada pelo governo federal para a minimização do impacto no equilíbrio econômico-financeiro dos sistemas, ameaça seriamente a continuidade dos serviços e sua existência futura, mesmo depois do retorno à normalidade”.

Em Manaus, não houve paralisação no sistema de transporte público durante a pandemia, mas a frota foi reduzida para coibir a circulação de pessoas e promover o distanciamento social. Por outro lado, pouco foi feito em relação aos serviços sanitários dentro dos coletivos como a disponibilização de álcool em gel e higienização dos veículos por parte da Prefeitura de Manaus, tanto na gestão do ex-prefeito Arthur Neto (PSDB), como na atual, de David Almeida (Avante).

Leia mais: Rodoviários temem que empresas Global e São Pedro fechem as portas

Os impactos da pandemia no setor, em Manaus, vêm aparecendo ao longo de 2021. Em julho deste ano, funcionários da Açaí Transportes foram surpreendidos ao chegarem à empresa e se depararem com as portas da empresa fechadas. Na ocasião, os rodoviários foram informados de que a concessão da empresa não havia sido renovada com a Prefeitura de Manaus e que todos seriam indenizados.

Agora, rodoviários da Global Green e São Pedro temem que o mesmo aconteça com eles, já que já há indícios de que tais companhias de transporte podem vir a declarar falência. Assim como a Açaí, as duas empresas possuem diversas dívidas milionárias, segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Josenildo Mossoró.

Mas greves e manifestações não ocorrem só na capital amazonense. De acordo com os dados da NTU, houve 283 paralisações (greves, protestos e/ou manifestações) registradas em 93 sistemas, em todo o Brasil.

Além disso, entre os prejuízos, 13 operadoras e 1 consórcio suspenderam as atividades; 3 operadoras, 1 consórcio operacional e 1 sistema BRT-RJ sofreram intervenção na operação; 6 operadoras encerraram suas atividades; 4 operadoras tiveram seus contratos suspensos; além da caducidade do contrato de 1 empresa operadora.

Observa-se também a insatisfação da população com a redução/interrupção da oferta de transporte público e, além disso, a incapacidade do pagamento de salários e benefícios por parte das empresas.

De acordo com a NTU, o prejuízo nesse período é de R$ 16,7 bilhões ao setor do transporte público. “Com demanda em lenta recuperação este ano, oscilando entre 50% e 60% dos níveis pré-pandemia, e com oferta sempre acima dessas médias, variando entre 80% e 100% na maioria dos sistemas, esses seguiram operando com déficits que, somados, alcançaram a absurda marca de R$ 16,7 bilhões até junho de 2021. Um nível de endividamento jamais visto, que colocou todo o setor à beira do colapso”.

Valor pago às empresas

Em agosto, o Portal Amazonas1 mostrou que em seis meses de mandato, o prefeito David Almeida já repassou mais de R$ 100 milhões para as empresas responsáveis pelo transporte público coletivo na capital. De acordo com o Portal da Transparência de Manaus, de janeiro a julho deste ano, já foram pagos R$ 132,5 milhões para nove empresas diferentes na cidade.

Leia mais: Mesmo com frota sucateada, empresas de ônibus recebem R$ 132 milhões dos cofres da prefeitura

O montante é 69,7% maior do que o que foi pago no mesmo período do ano passado, pouco mais de R$ 78 milhões, na gestão do ex-prefeito Arthur Neto.

Esses recursos milionários são pagos às empresas como uma forma de manter o valor da passagem de ônibus na capital em R$ 3,80 – que se mantém neste custo a quatro anos – e o da meia-passagem em R$ 1,50, que equivale a 38% da inteira.

É importante lembrar que, embora a tarifa que o usuário paga seja de R$ 3,80, além desse valor, as empresas cobram pela passagem mais R$ 1,50, que são pagos pela prefeitura.

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