Manaus, 27 de abril de 2024
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Cenário

Exclusivo: Beto Simonetti fala em gestão aberta ao diálogo e pela defesa da advocacia

José Alberto Simonetti atua desde 2001 na advocacia e estava como conselheiro federal da OAB Nacional

Exclusivo: Beto Simonetti fala em gestão aberta ao diálogo e pela defesa da advocacia

Foto: Divulgação / Assessoria

MANAUS, AM – Após 40 anos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Nacional) terá novamente um amazonense no comando. Ele é José Alberto Simonetti, de 43 anos, e vem de uma família de advogados na qual teve incentivos do pai, Alberto Simonetti Cabral Filho, que presidiu, por quatro vezes, a seccional do Amazonas (OAB-AM).

Além disso, seu irmão, Alberto Simonetti Cabral Neto, já esteve à frente da OAB-AM e foi conselheiro federal. O novo presidente nacional da Ordem afirmou que a influência deles [pai e irmão] o fez enxergar o quanto a advocacia é importante ao país e que ela precisa ser feita para garantia do Estado de Direito.

Pai de Alberto Simonetti, Alberto Simonetti Cabral Filho e o irmão Alberto Simonetti Cabral Neto

Beto Simonetti, como é conhecido no meio, ficará à frente da entidade nos próximos três anos (2022-2025) e garante que o advogado, a advogada e a advocacia como um todo, serão suas bandeiras em todo o momento, trabalhando para valorizar aqueles profissionais que foram impactados financeiramente com a pandemia da covid-19. Betto disse que vai atuar para que esses juristas tenham um local digno para trabalhar e receber seus clientes, em espaços compartilhados, em todo o Brasil, com computadores e acesso à internet.

Beto Simonetti foi coordenador geral de evento on-line da OAB, realizado no ano de 2020

Outro ponto tocado por Alberto Simonetti é quanto à propagação de notícias falsas, as chamadas fake news, as quais ele definiu que haverá um combate extenso pela OAB, de um modo geral, além das eleições-gerais que ocorrerão em outubro deste ano. Beto foi enfático e disse: “nosso partido é a própria OAB e nossa ideologia é a Constituição”, afirmando que terá um trabalho duro pela frente, mas necessário para a realização de um pleito justo para todos.

Sobre a covid-19, vacinação e temas relacionados, Simonetti disse que vai denunciar toda e qualquer notícia falsa relacionada ao tema e que a OAB não vai ser calada.

“Notícias falsas podem causar enorme prejuízo à democracia e a Ordem não se calará. Vamos denunciar esses fatos, quando e se acontecerem, e não descartamos medidas judiciais”, disse.

Leia mais: Amazonense Alberto Simonetti é eleito presidente nacional da OAB

Composição da entidade

Durante a votação da Ordem, que elegeu Simonetti, também foram eleitos para a diretoria nacional da OAB as seguintes conselheiras e conselheiros federais: Rafael Horn (Santa Catarina), vice-presidente; Sayury Otoni (Espírito Santo), secretária-geral; Milena Gama (Rio Grande do Norte), secretária-geral-adjunta e Leonardo Campos (Mato Grosso), diretor-tesoureiro.

Perfil

O novo presidente da OAB começou na profissão de advogado em 2001. Ele é formado em direito pela Universidade Nilton Lins e pós-graduado em direito penal e processo penal pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). José Alberto Simonetti é casado e pai de dois filhos.

Confira entrevista exclusiva com o novo presidente da Instituição:

1 – O senhor vai assumir, agora, uma cadeira extremamente essencial ao país; como será a gestão nesse período?

Beto Simonetti: É uma honra ter sido escolhido pela advocacia brasileira para representar a atividade em um momento de tamanha importância, ainda mais para nossa profissão, que é fundamental para a defesa e garantia das liberdades individuais e do pleno direito de defesa.

Nossa gestão terá um olhar especial voltado para o dia a dia do advogado, principalmente para aqueles milhares de profissionais que hoje não têm condições plenas de exercer sua profissão, por terem sido atingidos pelas crises econômicas e pela pandemia.

A OAB vai amparar advogados e advogadas para que possam desempenhar sua função. Vamos viabilizar a utilização de escritórios compartilhados, em todo o país, para que tenham, ao menos, um local de trabalho; uma sala para receber os clientes; computador e internet. É o mínimo, com conforto e tecnologia para assegurar o exercício da profissão.

Trabalharemos arduamente na defesa das prerrogativas dos advogados, na aplicação correta da Lei de Abuso de Autoridade, no respeito aos honorários advocatícios, como consta no CPC [Código de Processo Civil], lutaremos pela reabertura dos fóruns para que todos tenham direito a uma defesa plena, e faremos uma gestão voltada ao dia a dia destes profissionais essenciais para o funcionamento adequado de nossa sociedade.

2 – Como a entidade vai combater a propagação de fake news sobre a vacinação contra a covid-19?

Beto Simonetti: A OAB já se posicionou claramente a favor da ciência e da vacinação para o combate efetivo da pandemia. Mas estamos abertos a dialogar com quem quer que seja, com todos os Poderes, a respeito desse tema. Sobre as fake news, teremos nesta nova gestão um Observatório das Eleições, que contará com alguns dos grandes nomes da advocacia nacional para fiscalizar a ocorrência desses fatos e alertar a sociedade. Notícias falsas podem causar enorme prejuízo à democracia e a Ordem não se calará. Vamos denunciar esses fatos, quando e se acontecerem, e não descartamos medidas judiciais.

3 – Este ano teremos eleições gerais no país, como será a atuação da OAB frente ao pleito?

Beto Simonetti: A OAB certamente participará do processo, mas sem nunca escolher apoiar ou fazer oposição a nenhum dos candidatos. Estamos abertos ao diálogo com todas e todos que se apresentaram para a disputa. Nosso partido é a própria OAB e nossa ideologia é a Constituição. Defenderemos o sistema eleitoral e o sistema de direitos e garantias individuais, o que implica, como citei, atuar ativamente contra fake news, por exemplo.

Simonetti em palestra na OAB-AM

4 – O que o senhor analisa que está ótimo na Ordem e o que precisa ser melhorado?

Beto Simonetti: A OAB tem sido forte na defesa da democracia brasileira, do direito de defesa. Vamos continuar assim. Nos últimos anos, por exemplo, a atuação da Ordem resultou na Lei de Abuso de Autoridade, que dá instrumentos para combater uma “chaga” tão grave quanto a corrupção e a falta de verbas para áreas básicas. Por outro lado, temos que seguir trabalhando pelos advogados e advogadas do país, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade, sem trabalho e sem condições mínimas de exercer a profissão. Esses profissionais receberão um olhar e uma atuação prática primordial nesta gestão.

5 – Como é ser o segundo amazonense a assumir uma cadeira em uma entidade tão importante no país?

Beto Simonetti: Tenho muito orgulho em trazer novamente o Amazonas comigo para o Conselho Federal da OAB e tenho em Bernardo Cabral um grande brasileiro, uma referência. Ele é uma referência não só para a advocacia, mas para todos os que celebram a democracia. Agora, 40 anos depois, o Amazonas mais uma vez estará na presidência da OAB.

Também me orgulho muito da trajetória de minha família na OAB do Amazonas, de meu pai e de meu irmão, ambos presidiram a seccional amazonense da Ordem e me ensinaram muito sobre a importância de atuarmos ativamente em prol do Estado de Direito, do devido ao processo, da ampla defesa.

Espero conseguir ajudar a jogar luz, no debate nacional, sobre temas caros à nossa região e que, muitas vezes, ficam em segundo plano. A Região Norte contribui muito com o Brasil e precisa ser vista como parte da solução para o país.

6 – O que a classe pode esperar de José Alberto Simonetti nesse triênio?

Beto Simonetti: Todas as pessoas inscritas na OAB podem esperar uma gestão voltada a unir a classe. Temos que nos unir em torno de questões de nossa profissão e usar essa força em nosso favor, sem mais rompimentos e polarização em torno de temas estranhos ao nosso dia a dia profissional.

Os olhos e o coração desta gestão estarão voltados à Advocacia, sem deixar de lado a atuação e fiscalização dos grandes temas da sociedade, ainda mais em um ano de tamanha importância para o nosso país.

Vamos juntos e com apoio de toda a diretoria e das seccionais dar as condições necessárias para que todos os profissionais possam ter orgulho de atuar nesta profissão vital para a construção da plena democracia brasileira.