Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Fura-fila, nomeações suspeitas e denúncia de corrupção: os escândalos de David

Desde o primeiro mês de gestão, o prefeito de Manaus tem colecionado escândalos e irregularidades na gestão municipal

Fura-fila, nomeações suspeitas e denúncia de corrupção: os escândalos de David

Foto: Divulgação

MANAUS (AM) – Em apenas oito meses de trabalho, a gestão de David Almeida coleciona diversos escândalos nas secretarias municipais responsáveis por gerenciar os principais problemas da capital amazonense. Apesar dos marcos negativos, o prefeito David Almeida não parece se preocupar com o secretariado despreparado e se nega a fazer mudanças no comando das pastas.

Com diversos escândalos de irregularidades nas secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Educação e Limpeza Pública, David ainda não demonstra estar insatisfeito com os trabalhos das pastas, tendo em vista que nenhuma mudança foi feita nos titulares das pastas.

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Nomeações curiosas

Assim que completou 15 dias de mandato, David assinou a nomeação de diversos servidores comissionados da Manauscult. Entre eles, o ex-vereador e assessor técnico Marisson Roger. O referido ex-parlamentar teve um mandato curto, assumindo a Câmara Municipal de Manaus, na vaga de Ronaldo Tabosa. Ele chegou a tentar a reeleição em 2020, mas não conseguiu e acabou sendo contemplado com o cargo na pasta.

Cinco dias depois, no dia 20 de janeiro, o prefeito escolheu os ex-vereadores Carlos Portta, Reizo Castelo Branco, Elias Emanuel e Fabrício Lima para cargos de diretoria na Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), comandada por Alonso Oliveira. Reizo e Elias, colegas de Alonso na Câmara Municipal, foram nomeados diretores dos departamentos de Difusão Cultural e Grandes Eventos, respectivamente. Já Carlos Portta foi nomeado como gerente do Café Teatro, e Fabrício Lima foi nomeado para ocupar a função de diretor de Área de Políticas Setoriais.

As nomeações não passaram despercebidas e a população reagiu de forma negativa, levando David a exonerar o trio dois dias depois, em 22 de janeiro. Fabrício Lima, por sua vez, permanece na função, assim como Marisson Roger.

Fura-filas

Logo no primeiro mês como prefeito de Manaus, David levou a capital amazonense a receber destaque nacional, porém, de forma negativa. O chefe do Executivo fez o país virar os olhos para o esquema de fura-filas da vacinação contra a covid-19, na capital.

Na época, a vacinação estava destinada somente para os profissionais da saúde, primeiro grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde. No entanto, a lista de pessoas que não faziam parte da prioridade e mesmo assim recebeu a vacina, foi extensa.

Entre as pessoas que receberam a segunda dose de forma irregular estão as gêmeas Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins. As duas receberam a primeira dose da vacina no dia 19 de janeiro – mesmo dia em que uma delas foi contratada. A outra foi efetivada no cargo dia 18, um dia antes. Além das duas, a lista de investigados traz, ainda, os nomes de outros oito médicos, entre eles, o filho do suplente de deputado estadual Wanderley Dallas, David Louis Dallas.

O secretariado municipal também não ficou de fora do privilégio, a secretária municipal de Saúde, Shadia Fraxe, o secretário de Limpeza Urbana (Semulsp) de Manaus, Sabá Reis e a secretária da Mulher, Assistência Social e Cidadania, Jane Mara Silva de Moraes Oliveira.

Na época, somente Shadia Faxe e Sabá Reis foram investigados pelo Ministério Público do Amazonas. O órgão chegou a pedir a prisão preventiva e afastamento do cargo para Fraxe e David Almeida, no entanto, por ainda estar em processo de investigações, ninguém foi preso. Para David, as acusações de fura-fila não passaram de fake news e nenhum dos secretários foi investigado.

Plataforma on-line

A Secretaria de Educação também esteve envolvida nos escândalos de David Almeida, nos primeiros meses da gestão. Isso porque o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) apurou caso de irregularidade de Pauderney Avelino na Secretaria Municipal de Educação (Semed). O alvo foi a suspensão de um contrato para implantação de aulas não presenciais na pandemia.

Em decisão no início deste mês, a Corte de Contas decidiu manter a licitação realizada ainda na gestão do ex-prefeito Arthur Neto e que teve como vencedora a Amazonas Produtora Cinematográfica Ltda, do empresário Cyro Batará Anunciação, pelo valor inicial de R$ 19,1 milhões.

Filho de peixe, peixinho é…

No mês passado, o vereador David Reis e seu pai, Sabá Reis, protagonizaram um caso de desrespeito com movimentos socais de Manaus – o que resultou em manifestações e até mesmo vaias aos envolvidos.

Tudo começou quando David Reis decidiu mudar o nome da praça Nestor Nascimento, para Praça Oscarino Peteleco, o espaço fica localizado no bairro Praça 14. David Almeida sancionou a lei que mudava o nome da praça e retirava do local o nome de um dos maiores ativistas negros do Amazonas.

Os movimentos negros não aceitaram a situação e realizaram diversas manifestações para que o espaço voltasse a receber a nomenclatura antiga. Na tentativa de limpar a imagem do filho, Sabá Reis foi até o local para conversar com os manifestantes, no entanto, a tentativa de amenizar o erro de David acabou sendo falha e o secretário recebeu uma série de vaias.

“A manifestação que vocês fizeram aqui foi importante, pois se não tivesse ocorrido, aqui iria ocorrer um equívoco. Eu estou aqui nessa praça, trabalhando a mais ou menos um mês, como é possível notar, durante esse período, não apareceu nenhuma ‘santa e viva pessoa’ para me dizer ou alertar […]”, disse Sabá, que imediatamente foi interrompido por manifestantes que questionaram a competência das equipes de trabalho da pasta e vaiaram o titular.

Esquema na Semasc

Nesta quarta-feira (11), o vereador Amom Mandel denunciou a Prefeitura de Manaus por um esquema de corrupção que estava desviando itens de cestas básicas distribuídos pela Semasc. Segundo o parlamentar, funcionários do gabinete da secretária estavam trocando itens das cestas básicas por produtos de menor valor.

Além disso, Amom disse que os produtos das cestas básicas estavam vencidos desde junho e a Semasc só repassou as cestas para distribuição em julho, com produtos perecidos há um mês.

“Estou aqui para denunciar o maior esquema de corrupção nas cestas básicas da história recente do município de Manaus. Eu fiz um dossiê com 53 páginas relatando em detalhes tudo que encontrei durante o recesso. As mais de 2,5 mil cestas entregues com itens de menor valor e ainda por cima vencidos”, denunciou o parlamentar.

O parlamentar também denunciou um caso de possível nepotismo cometido por Jane Mara. Segundo o vereador, a titular empregou sua prima na pasta; familiar seria responsável por auxiliar Jane na fiscalização de ações e contratos. A pessoa que seria o braço direito da secretária é a servidora Paula Jéssica Trigueiro de Moraes, que estranhamente não possui registro no quadro de servidores do Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus.

Após as acusações do vereador, a Semasc emitiu uma nota de esclarecimento na qual desmentiu as denúncias apresentadas por Amom e garantiu que não houve distribuição de cestas vencidas à população. Quanto aos desvios, a pasta informou que foi aberto um processo de sindicância para apurar a conduta dos servidores envolvidos.

Já em relação ao grau de parentesco da servidora Paula Jessica de Moraes e a titular da pasta, a secretária esclareceu que ambas são primas de 3° grau e, por esse motivo, não considera nepotismo. “A servidora está na ativa pelo conhecimento técnico-operacional e ocupando uma chefia de divisão, com ampla experiência no serviço público, ocupando cargos, inclusive, na Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas)”, disse.

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