
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Manaus (AM) – Com a desaprovação do governo ultrapassando 60% em alguns estados, segundo a pesquisa Quaest, a comunicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como um dos principais fatores desse cenário. Aliados como Zé Ricardo (PT) e Marcelo Ramos (PT) sinalizam que é crucial melhorar a forma de comunicar as políticas públicas e os avanços do governo.
O índice de desaprovação do terceiro mandato de Lula pode ser acompanhado por meio de outros levantamentos. Na mais recente pesquisa divulgada na última quinta-feira (6) pela AtlasIntel, a desaprovação do governo Lula é de 53%, contra 45,7% de aprovação; outros 1,3% responderam “não sei”.
No levantamento divulgado em fevereiro, os percentuais de desaprovação e aprovação eram de 51,4% e 45,9%, respectivamente; ou seja, o índice de desaprovação ao governo cresceu, conforme a pesquisa.
Nesse contexto, em uma análise concedida ao veículo de notícias UOL à jornalista Laila Nery, o sociólogo Rudá Ricci observa um distanciamento não somente do governo Lula, como também do Partido dos Trabalhadores em relação à sua base eleitoral.
Na interpretação do sociólogo, Lula tentou agradar o famoso ‘Centrão’ com as reformas ministeriais, mas acabou não agradando a ninguém; pelo contrário, teria ampliado o distanciamento com sua base eleitoral.
A reforma ministerial em questão envolveu as mudanças no Ministério da Saúde, pasta antes assumida por Nísia Trindade, que agora será ocupada por Alexandre Padilha (PT).
Anteriormente, Padilha ocupava a titularidade da Secretaria de Relações Institucionais, que agora será assumida por Gleisi Hoffmann (PT).
Porém, existem discussões sobre possíveis mudanças no primeiro escalão do governo, como por exemplo, na Secretaria-Geral e nas pastas das Mulheres e da Pesca.
Vale destacar que, em janeiro deste ano, já havia ocorrido uma mudança na Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Antes ocupada por Paulo Pimenta, a pasta passou a ser comandada por Sidônio Palmeira.
Governo Lula & Eleitorado
Diante desse cenário, a questão da comunicação do governo Lula tem sido protagonista de debates sobre a imagem que o Poder Executivo federal transmite para a população. Na visão do ex-deputado federal e atualmente vereador em Manaus, Zé Ricardo, o maior desafio do governo Lula seria dialogar com a sociedade para apresentar de forma mais eficaz as ações do governo.
“Talvez o maior desafio seja dialogar com a sociedade para evidenciar todos esses benefícios e avanços. É preciso lutar para mostrar que este é um governo que faz a diferença na vida das pessoas”, disse Zé Ricardo.
Em declarações ao Portal AM1, o vereador Zé Ricardo apontou o retorno de algumas políticas públicas, que, segundo ele, haviam sido desestruturadas por governos anteriores, como os de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB).
“O programa Minha Casa, Minha Vida voltou. Hoje, há 41 medicamentos da Farmácia Popular gratuitos. Temos também o programa ‘Pé-de-Meia’ para a área da educação e a retomada do programa de construção de casas do Minha Casa, Minha Vida. Isso fará uma grande diferença, com milhões de empregos sendo gerados”, explicou Zé Ricardo.

(Foto: Divulgação/Assessoria)
Diante disso, a reportagem do Portal AM1 questionou acerca da desaprovação do governo Lula em pesquisas recentes. Em resposta, Zé Ricardo explicou que as pesquisas são um olhar do momento e vê um desafio em demonstrar tudo que tem sido feito em prol da população.
“As pesquisas têm sempre aquele olhar do momento. Eu acho que o desafio é mostrar tudo de bom que o governo está fazendo para a vida das pessoas. Acredito que, em pesquisas futuras, esses avanços talvez fiquem mais evidentes. Além disso, no primeiro ano do governo Lula, foi preciso retomar todas as políticas públicas, enfrentando dificuldades para conseguir orçamento, mas, ainda assim, conseguiu”, alegou Zé Ricardo.
Nesse sentido, a avaliação de que a pesquisa de desaprovação reflete um cenário momentâneo também é defendida pelo ex-deputado federal e ex-candidato à Prefeitura de Manaus, Marcelo Ramos. Ele enxerga que existe um problema de comunicação, mas acredita que a queda de popularidade está relacionada à inflação dos alimentos.
“Penso que existe um problema de comunicação, mas tenho convicção de que a queda de popularidade do presidente está mais relacionada à inflação dos alimentos”, apontou Marcelo Ramos ao AM1.

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Por outro lado, Marcelo Ramos pontua a nova ação do governo de zerar a taxa de importação sobre alguns alimentos presentes na cesta básica da população.
“O governo do presidente Lula trouxe para o consumo milhões de brasileiros que estavam em situação de pobreza extrema e melhorou a renda de outros milhões que estavam desempregados e passaram a ter um emprego. Isso gerou uma inflação de demanda, agravada pela alta do dólar e pela catástrofe no Rio Grande do Sul, que comprometeu a safra. O governo acaba de anunciar medidas para reduzir o preço dos alimentos. Além disso, o dólar caiu e há a perspectiva de uma supersafra em 2025. Com isso, o presidente Lula chegará a 2026 com chances reais de vencer a eleição no primeiro turno”, explicou Marcelo Ramos.
Relação com o ‘Centrão’
A dinâmica do presidente Lula com o ‘Centrão’ é o cerne de discussões entre sua base eleitoral. Tanto Marcelo Ramos quanto Zé Ricardo avaliam como “habilidosa” a maneira como o presidente da República se articula com partidos de esquerda e, ao mesmo tempo, caminha com partidos do popular ‘Centrão’.
Nesse contexto, na visão de Zé Ricardo, a articulação se faz necessária pelo número de apoiadores que Lula possui entre os signatários de partidos considerados de base. Ele exemplifica essa necessidade com a quantidade de votos exigidos para aprovar um projeto ou avançar com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
“No Congresso Nacional, especialmente na Câmara, os partidos do campo da esquerda e seus apoiadores não chegam a 150 deputados. Para aprovar qualquer matéria ou projeto de lei, são necessários mais de 200 votos. Já para aprovar uma PEC, uma mudança na Constituição, é preciso um pouco mais de 300 votos. Diante disso, é necessário negociar e buscar o apoio de outros partidos, principalmente do chamado ‘Centrão'”, disse Zé Ricardo ao AM1.
Diante disso, o Portal AM1 questionou o vereador Zé Ricardo se ele interpreta esse alinhamento e articulação com o ‘Centrão’ como uma forma de “subserviência”. No entanto, Zé Ricardo não avalia dessa maneira. Pelo contrário, ele parte do princípio de que os diálogos constroem políticas públicas essenciais para a população. Para o vereador, essa habilidade em estabelecer diálogos possibilita avanços para o Brasil.
“São partidos que dependem de cargos no governo para sua sobrevivência, tanto em nível federal quanto estadual. Por isso, no governo Lula, a negociação se faz necessária, e ele tem conduzido esse processo com muita habilidade. Isso explica os grandes resultados que ele vem conseguindo para o Brasil”, argumenta o vereador.
O ex-deputado federal Marcelo Ramos segue essa mesma linha de raciocínio. Na sua interpretação, neste terceiro mandato de Lula, existe uma oposição muito mais forte, organizada, com viés golpista e sem compromisso com a verdade.
Além disso, segundo ele, o “Centrão” ganhou muito mais poder na Câmara e no Senado quando “sequestrou” para o parlamento a capacidade de investimento do Estado brasileiro.
“Nova conjuntura exige nova postura e o presidente tenta estabelecer as concessões necessárias para formar maioria nas casas legislativas, sem abrir mão de princípios e do diálogo com a sua base. Não é um exercício fácil, mas o presidente Lula tem habilidade suficiente para manter a estabilidade na relação com o Centrão e com a sua base ideológica”, disse Marcelo Ramos.
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