Há 6 anos, Sabino sofria AVC e perdia mandato na Câmara dos Deputados

Manaus (AM) – No dia 13 de agosto de 2023, completaram-se seis anos desde que o ex-deputado federal pelo Amazonas, Sabino Castelo Branco, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que tirou seu cargo na Câmara dos Deputados. Em 13 de agosto de 2017, o político deu entrada no Hospital Samel, em Manaus, com um quadro de cefaleia que interromperia, ali, o seu terceiro mandato como deputado federal.

Início na política

Conhecido na zona Sul de Manaus por bancar o “justiceiro”, para repreender criminosos, Raimundo Sabino Castelo Branco Maués ou apenas Sabino Castelo Branco, como assim ficou conhecido politicamente; conseguiu o apreço da população manauara e foi eleito vereador de Manaus pela primeira vez nas eleições de 2000 pelo PMN, com 1.981 dos votos; sendo um dos menos votados na época entre os eleitos pela sigla.

Apesar dos números na sua primeira eleição, Sabino conseguiu agradar os cidadãos, o que fez dele o vereador mais bem votado nas eleições municipais de 2004, ano em que concorreu pelo PFL (atual UB) e conquistou com 58.703 votos – bem a mais que o segundo colocado, na época, Francisco Ednaldo Praciano (PT), que obteve apenas 12.703 votos.

Um fator significativo para o sucesso nos números foi o seu programa “A Voz da Esperança”, em que recebia denúncias de moradores dos bairros que passavam por dificuldades na capital amazonense. Dessa forma, o então vereador mostrava suas ações benéficas à população manauara. O programa televisivo possuía um objetivo: a promoção de sua imagem como político.

Primeiros mandatos na bancada federal

Com o sucesso nas eleições municipais de 2004, Sabino decidiu concorrer à bancada federal, em 2006, e ganhou como o segundo candidato mais votado, com 138.932 votos. O mais votado para deputado federal no Amazonas, naquele ano, foi Carlos Souza, com 147.212 dos votos. Os dois políticos tinham algo em comum: eram apresentadores de programas televisivos.

Após duas eleições com números significativos, Sabino Castelo Branco se dispôs a disputar sua reeleição como deputado federal e conseguiu – embora tenha conquistado menos votos do que quando foi eleito. O político saiu da posição de segundo mais votado em 2006 para penúltimo em 2010, pelo PTB, com 93.112 votos – o quinto mais votado entre os seis eleitos.

Escândalos políticos

Em 2012, o deputado federal teve seu diploma de parlamentar cassado após votação unânime no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM). Segundo o TRE, Sabino utilizava seu programa televisivo de forma indevida. O político ainda enfrentou um processo por abuso de poder econômico durante as eleições de 2010. A decisão ainda contou com a inelegibilidade dele por oito anos.

Após uma liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE-AM), Sabino conseguiu permanecer na Câmara dos Deputados, já que, enquanto a ação da sua cassação não fosse julgada, ele poderia manter seu cargo e ainda concorrer às eleições.

E assim ele fez. Com a vantagem, Sabino ficou no cargo e ainda concorreu às eleições municipais de Manaus, em 2012, disputando a cadeira de prefeito de Manaus.

Ele iria deixar sua vaga no Congresso Nacional para tentar ser o chefe do Executivo Municipal, porém, a tentativa foi falha. Já com a imagem desgastada após ter sido cassado politicamente, o candidato conseguiu apenas 7,3% dos votos (69.499) e ficou na quinta colocação entre os candidatos naquela corrida eleitoral.

Suplente em 2014

Com 14 anos no ramo político, Sabino teria sua primeira perda de mandato nas eleições de 2014, quando disputou mais uma reeleição como deputado federal e não teve êxito – conseguiu apenas 69.708 votos dos amazonenses.

Após dois anos da derrota nas urnas, Sabino foi agraciado com a oportunidade de retornar à Casa Legislativa. Isso porque o então deputado federal, Marcos Rotta, foi eleito vice-prefeito na chapa de Arthur Neto.

Na época, Sabino chegou a apoiar Arthur para a reeleição, o que chamou atenção da população, já que, em 2012, ele foi oposição de Arthur Neto e ficou ao lado de Vanessa Grazziotin, principal concorrente de Neto naquele ano.

Análise da carreira

Os 14 anos de mandato como político em duas casas legislativas marcaram Sabino Castelo Branco como uma figura conhecida no Amazonas e com uma força popular, principalmente, entre os moradores das áreas mais vulneráveis da capital amazonense. Para o cientista político e professor, Helso Ribeiro, o ex-deputado federal representou um nicho político importante para a época.

“O ex -deputado Sabino Castelo Branco veio em uma leva de apresentadores de TV, com programas populares que falavam sobre crimes e bandidos. A mesma leva você pode pegar aí dos irmãos Souza. O Sabino, ele fez sucesso, é indiscutível […] são nichos nichos de eleição que às vezes ficam para trás”, disse Helso.

O professor Helso Ribeiro ainda frisa que, nos tempos atuais, não se vê representantes dessa ala na política amazonense, apenas o atual governador Wilson Lima (UB) e o deputado estadual Mário César Filho (UB), mas que foram eleitos em um nicho jornalístico, sem o sensacionalismo que Sabino passava.

“Agora veio a onda de representantes da polícia, do Exército, né? Não é à toa que foram eleitos posteriormente, delegado Péricles, deputado federal, Capitão Alberto Neto, que foi muito bem votado”, ressaltou Ribeiro, sobre o novo foco do eleitorado para eleger políticos.

Além de todo alcance que Sabino teve, Helso Ribeiro lembrou sobre o tipo de linguagem que o ex-deputado usava e a classificou como “do povão”, e também, sempre estava em bairros como o Educandos “para dar assistência direto, ir lá no barraco, coisas bem populares, então ele falava aquela linguagem que o povo compreendia e se identificava por vezes’.

O sucesso do político, que o especialista analisa, conseguiu eleger para a Câmara Municipal de Manaus (CMM) o seu filho, Reizo Castelo Branco, e também sua ex-esposa Vera Castelo Branco como deputada estadual e “tinham os dois diretamente ligados à sua imagem”.

Condição da saúde

Em 2017, o então parlamentar sofreu o AVC. Devido à gravidade do caso. Ele foi transferido, em 15 de agosto, para o conhecido Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi registrado com um quadro de acidente vascular cerebral hemorrágico extenso – que o levou ao estado de coma por cerca de um mês.

Após meses de cuidados intensivos, a equipe do político emitiu uma nota médica, em 2 de março de 2018, informando que o ex-deputado apresentava uma “recuperação muito boa da consciência”, sendo capaz de interagir com outras pessoas e manifestar sua vontade naquele momento.

Em 2019, ele ainda lutava pela recuperação, submetendo-se a tratamentos de fisioterapia para melhorar sua mobilidade e funcionalidade.

Em meio à luta pela recuperação, Sabino enfrentou outro desafio em junho de 2020, quando ele e seu filho, Reizo Castelo Branco, foram afetados pela Covid-19. Ambos conseguiram superar a doença, mas os riscos adicionais causados ​​pela pandemia acrescentaram mais preocupações à família.

Reizo Castelo Branco tem sido uma figura importante na divulgação de informações sobre a recuperação do pai, explicando notícias e boatos sobre o estado de saúde de Sabino.

No dia exato em que fez seis anos que Sabino sofreu o AVC, 13 de agosto de 2023, Reizo postou em suas redes sociais uma homenagem, já que no mesmo dia foi comemorado o Dia dos Pais. A mensagem atualizou os seguidores que Sabino Castelo Branco de que seu estado de saúde está estável, e que  o ex-deputado se locomove por cadeira de rodas e frequenta a clínica de reabilitação três vezes por semana. A dificuldade que Reizo informa na saúde do ex-deputado é com sua fala, que está comprometida.

A publicação contou com mensagens de apoio do deputado estadual Rozenha (PMB), do ex-deputado federal e ex-vice governador Henrique Oliveira, dos vereador Allan Campelo (Podemos) e Marcelo Serafim (PSB) e do ex-vereador Hiram Nicolau.

Procurado pelo Portal AM1, em busca de informações sobre a saúde de Sabino, Reizo Castelo Branco não se manifestou. A reportagem também questionou o ex-parlamentar se no ano que vem há expectativas de ele se candidatar ao pleito municipal, porém, não houve respostas.

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