“Recuem”. Dessa forma, em mensagens curtas enviadas por WhatsApp, semelhantes a um comando militar, o presidente Jair Bolsonaro tentou anular decisões na Petrobras sobre aumento de combustíveis mesmo depois de o reajuste ter sido anunciado. Outras mensagens enviadas ao primeiro presidente da petroleira em seu governo, Roberto Castello Branco, apelavam ao caráter persecutório: “Assim vcs querem me derrubar”, disparou. As informações são da Agência Estado nesta quinta-feira (14).
Ao presidente atual, o general Joaquim Silva e Luna, que está deixando o posto, Bolsonaro disse que a Petrobras “tem de ser uma empresa que dê lucro não muito alto”, o que motivou uma tentativa do assessor de Comunicação da estatal, coronel Ricardo Bezerra, de retirar a palavra “lucro” para não parecer provocação ao presidente.
O comportamento de Bolsonaro em relação à Petrobras desde o início de seu governo não mudou. A formação do novo conselho de administração que referenda a nova presidência executiva – um ano antes do fim previsto para o mandato -, ocorreu em meio a arroubos presidenciais que vão do “eu não apito nada (na Petrobras) e cai no meu colo” até acusações de falta de profissionalismo.
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Em entrevista recente ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Castello Branco confirmou ter sido alvo de pressão direta de Bolsonaro, por meio de mensagens, mas o teor delas não tinha sido revelado.
Já Silva e Luna não foi tão direto em relação ao presidente, mas em entrevistas recentes disse que as pressões eram crescentes e, ao Estadão/Broadcast fez uma declaração carregada de simbolismo: “É mais fácil encontrar culpados do que solução.”
“A gente precisava de alguém mais profissional”, disse Bolsonaro na segunda-feira, referindo-se à gestão de Silva e Luna, que ele mesmo colocara no cargo, afirmando ser a pessoa que ia “dar uma arrumada” na empresa. “Vocês vão ver como a Petrobras vai melhorar”, disse, na ocasião, ao séquito de apoiadores que se revezam no portão do Palácio da Alvorada.
Silva e Luna chegou à Petrobras deixando claro que não interferiria na área técnica. Costumava dizer que a equipe sabia o que fazer e que podia trabalhar tranquila. Para assessorá-lo, levou outros seis militares. A área de Comunicação, prioritária para Bolsonaro, aflito por notícias positivas, ficou a cargo do coronel Ricardo Bezerra, assim como a chefia de gabinete foi ocupada por um militar da mesma patente, Jorge Ricardo Áureo.
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