Manaus, 25 de abril de 2024
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Política

Luciano Hang entra para a história da CPI como o depoimento mais polêmico

Luciano Hang foi questionado sobre relações com o gabinete paralelo, financiamento de blogs bolsonaristas e o tratamento precoce com a mãe

Luciano Hang entra para a história da CPI como o depoimento mais polêmico

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

BRASÍLIA, DF – Em uma sessão marcada por tumultos e confusões, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, foi ouvido nesta quarta-feira (29) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, no Senado Federal. Hang foi chamado à comissão uma vez que sua mãe, Regina Hang, foi tratada de covid-19 no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo (SP), que pertence à Prevent Sênior.

O depoimento iniciou com a atitude polêmica de Hang de não assinar o compromisso de dizer a verdade na CPI. Segundo o advogado do empresário, ele estava na CPI na condição de investigado, e que o termo seria destinado às testemunhas. Além disso, Hang chegou à Comissão sem habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), como tem sido a praxe dos convocados para depor.

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O empresário foi questionado sobre relações com integrantes do chamado “gabinete paralelo” e o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Hang disse que nunca colaborou com o grupo. Além disso, ele também declarou que só esteve com Ricardo Barros nesta quarta, e que não conhecia o virologista Paolo Zanotto e o médico Anthony Wong.

“Estive com ele hoje, e o senador Jorginho estava comigo. Acordamos cedo, tomamos café, estivemos juntos, e apareceu um monte de gente para me cumprimentar. Ele também foi só lá para cumprimentar. Sobre a dra. Nise [Yamaguchi], só a vi uma única vez”, afirmou.

Relação com Bolsonaro

Luciano Hang também disse nunca ter tratado com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a gestão da pandemia no Brasil. Ele também negou ter financiado veículos de comunicação de orientação favorável a Bolsonaro, bem como motociatas e manifestações a favor do presidente.

“Não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo, não financiei esquema de fake news, e não sou negacionista”, salientou. “Eu lutava para que a indústria e comércio ficassem abertos mantendo empregos e sustentos dos brasileiros”, disse.

O empresário admitiu ter contas e três empresas no exterior, e disse que todas estão devidamente “declaradas e regularizadas junto à Receita Federal”. Ele também negou ter recebido financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas sim de bancos privados.

“É fake news que a Havan foi financiada pelo BNDES. Na pandemia, bancos estatais chegaram a oferecer dinheiro para mim. Peguei do Bradesco, do Itaú, do Santander. Me ofereceram de outros bancos. Eu disse: “Na-na-ni-na-não”. Eu não vou pegar dinheiro de nenhum banco estatal, sob pena de lá na frente dizerem: “Olha só. Está sendo financiado com dinheiro público. Foi para isso que ele apoiou o presidente”. Não peguei um centavo”, se defendeu.

Tratamento precoce

O dono da Havan admitiu que sua mãe, Regina Hang, recebeu o tratamento precoce contra a covid-19 ainda em casa. Ela foi internada em fevereiro de 2021 no Sancta Maggiore, mas acabou falecendo vítima da doença, chegando a ficar com 95% dos pulmões comprometidos. O hospital teria colocado no atestado de óbito outra causa como a causa da morte, o que, segundo Hang, foi um erro.

“O atestado de óbito foi feito por um plantonista, e corrigido no dia seguinte. Não vejo o interesse do hospital de mentir sobre a morte de minha mãe. Qual era o motivo, se eu já havia dito publicamente que era estava internada e estava com covid? Ainda fiz uma live explicando e lamentando o fato de ela não ter feito o tratamento preventivo”, lamentou.

Entretanto, no fim da tarde, logo após sair da CPI, o empresário voltou atrás. Ele disse que, de fato, a Prevent Sênior se enganou e colocou outra causa no atestado de óbito como a causa mortis de sua mãe.

Nesta quinta-feira (30), a CPI vai ouvir o empresário Otávio Fakhoury. A suspeita, segundo a CPI, é que Otávio Fakhoury também tinha relações com o chamado gabinete paralelo, e também tenha financiado blogs de orientação favorável a Bolsonaro.

(*) Com informações da Agência Senado.

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