Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Política

Lula rebate Bolsonaro por Zona Franca de Manaus: ‘não adianta ficar fazendo ameaças’

Lula disse, nesta sexta-feira, que prepara viagem a São Gabriel da Cachoeira, onde Bolsonaro esteve nesta semana

Lula rebate Bolsonaro por Zona Franca de Manaus: ‘não adianta ficar fazendo ameaças’

MANAUS, AM – Em entrevista a uma rede local de TV, na manhã desta sexta-feira (28), o ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), rebateu a declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro sobre como seria o Amazonas sem a Zona Franca de Manaus. A fala do presidente, em uma live na semana passada, gerou muita discussão no meio político e críticas por parte dos opositores do governo federal.

“A Zona Franca vai continuar, porque ela é o coração do desenvolvimento do Estado do Amazonas. Então, não adianta o presidente ficar fazendo ameaça velada ao presidente da CPI ou o governador do Estado. Ele tem que entender que a ZFM não foi criada para comtemplar político, mas para contemplar o Estado e o povo do Amazonas, que tem direito à dignidade e trabalho, que todo o povo brasileiro tem que ter”, disse Lula.

O ex-presidente também falou sobre o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, bem como das eleições de 2022, destacando que a comissão vem conduzindo de forma correta as oitivas sobre as medidas de enfrentamento na pandemia e que todas as pessoas que foram depor pelo governo federal mentiram. Ele disse que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, não tinha experiência para assumir a pasta e seria melhor não ter aceitado o compromisso.

“Todo mundo que foi falar pelo governo mentiu, foi lá para contar mentira. Por isso que eu acho correta a tentativa de reconvocar algumas pessoas. Não é possível que um general do Exército, que deveria ter tido a grandeza de não aceitar ser ministro da Saúde, porque ele não entende nada de saúde, ele deveria ter recusado o cargo, não fez nada e cumpriu apenas ordens de Bolsonaro e foi lá contar mentiras e pedir ajuda da Suprema Corte”, comentou Lula.

Foto: Agência Senado

O ex-presidente disse que Bolsonaro não é normal e que o presidente poderá sofrer um pedido de impeachment após relatório da CPI. “Acho que o Bolsonaro e a turma que trabalhou na saúde com ele tem que ter responsabilidade por uma boa parte das mortes ocorridas no país. É por isso que eu o chamo de genocida”, ressaltou.

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Lula garantiu que sendo ou não candidato a presidente da República virá ao Amazonas, em São Gabriel da Cachoeira, a convite do deputado Sinésio Campos. “A pedido do meu companheiro Sinésio, logo estarei em São Gabriel da Cachoeira para conversar com as 24 etnias que têm lá, porque não é possível que a gente não tenha a dimensão que os índios não são intrusos, nós é que somos por ter invadido suas terras. Nós não temos que ver a concessão das terras para índio como uma coisa anormal, isso é normal e o presidente não gosta disso”, disse.

Ainda durante a entrevista, Lula disse que é necessário voltar a discutir as questões ambientais com seriedade. Nós temos que parar com essa loucura de achar que não deve ter desenvolvimento na Amazônia porque é preciso preservá-la, nós temos que ter uma discussão séria sobre isso. Não precisa degradar a floresta, não precisa destruir a natureza para fazer desenvolvimento”, afirmou Lula.

Sobre a BR-319, Lula disse que é uma questão iminentemente ambiental. A BR-319 parece se tornou como um conflito no Oriente Médio. “Eu acho que é uma questão iminentemente ambiental. A BR-319, ela se transformou em um problema como um conflito no Oriente Médio. As pessoas não querem sentar a uma mesa e fazer. Nós precisamos reconstruir essa estrada a bem comum para o desenvolvimento dessa região” , comentou o ex-presidente.

Questionado se tem medo de andar nas ruas e ser chamado de ladrão, Lula disse que não tem medo de andar nas ruas e que Bolsonaro é quem está perdendo espaço, citando o resultado das últimas pesquisas em que Bolsonaro aparece em segundo lugar.